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3292 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 131

O Orador: - O contacto exclusivo do armazenista com responsabilidade junto da lavoura evitaria o aviltamento de preços e formaria uma consciência vinícola só vantajosa para a melhoria do produto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - As adegas cooperativas estariam implicitamente incluídas na classe dos armazenistas, com iguais direitos de comercialização tanto nos mercados internos como nos externos.
Desta forma, dispondo-se de stocks capazes, de aparelhagem apropriada e de técnica perfeita, poderíamos atacar os mercados externos com um nível de qualidade, preço e apresentação que os blocos económicos em formação no Mundo exigem e requerem.
Assim terminaria no vinho a retalho a influência dos comerciantes aventureiros e, com eles, a baixa qualidade que, impem normalmente neste sector do abastecimento público.
O vinho encascado que, em regra, se encontra no consumo público, além da dúvida de ser ou não genuíno, é falho de qualidade e, quantas vezes, é fruto de mixordice e de meios tecnologicamente ilegais.
Os problemas bromatológicos que existem no mercado são muitos e mal conhecidos. A escassez (para não dizer falha) de fiscalização tudo permite e torna a fraude apetecida e simplificada. Então em anos de colheitas pouco abundantes ...A colocação dos vinhos por intermédio das cooperativas, ou melhor, da sua federação, directamente ao consumidor seria o antídoto mais eficaz deste mal. Tudo vai em habituar o consumidor a este género de distribuição e em acreditar, pela qualidade e preço, os prestáveis serviços das cooperativas. A comercialização pelas adegas cooperativas seria feita, fundamentalmente, pela distribuição no regime de encascados.
Quanto aos engarrafados e engarrafonados, penso que haveria vantagem em serem reunidas (principalmente para os engarrafados) numa federação regional que dispusesse, além da indispensável e competente assistência técnica, de instalações apropriadas de armazenamento, conservação, envelhecimento, clarificação e estabilização o ainda de um centro de engarrafamento e engarrafamento em estado natural ou gasificado..
Engarrafar o vinho (ou mesmo engarrafonar) exige técnica, especializada e equipamento adequado. Não se pode improvisar, com risco de tudo comprometer. Ou se apresenta bem ou é melhor não se apresentar.
É indispensável a adopção de um ou mais (mas sempre um número reduzido) tipos de garrafa normalizados, factor primordial para o empreendimento. Garrafa branca ou verde muito clarinha, (tipo Reno ou Alsácia) para o vinho branco e a verde corrente para os tintos, mas sempre normalizadas de forma a facilitar a mecanização do engarrafamento, a embaratecer o tipo de rolha (único), a proporcionar a acomodação e o transporte e, até, talvez como principal vantagem, a permuta entre as adegas do material de retorno.
As federações regionais estariam interligadas, e criar-se-iam nas principais centros urbanos estabelecimentos de venda ao público, onde o consumidor poderia abastecer-se de vinhos de todas as adegas cooperativas do País em condições de preço não especulativas, como se verifica muitas vezes na venda dos vinhos através dos estabelecimentos do retalho.
Deste modo, estes centros de abastecimento, que promoveriam as vendas, tendo em atenção as margens de compensação devidas ao comércio do ramo, serviriam com grande vantagem de elemento estabilizador dos preços.
Um ponto que interessa focar e dar relevo é a ausência do conhecimentos, por parte do público interessado, do que é um bom vinho e dos vários tipos de vinhos nacionais. Desconhece-os o público anónimo e consumidor diário; desconhece-os o cliente nos restaurantes e hotéis. Como regra o criado recomenda, força e serve o tipo de vinho que maior «rolha» lhe concede ou menos maçada lhe dá. Admitindo mesmo que, da parte deste, não é o interesse material que o induz nos conselhos que presta, é patente, como regra, um desconhecimento completo em matéria de vinhos, suas qualidades e características, para bem orientar o cliente no vinho a servir.
A criação e preparação de escanções, ou maîtres de cave, isto é, de empregados com o mínimo de preparação e conhecimentos em matéria de vinhos, impunha-se e seria de reconhecido mérito.
É de recordar a iniciativa tomada já neste sentido pela indústria hoteleira, com a coadjuvação da Junta Nacional do Vinho e do Instituto do Vinho do Porto. A escola hoteleira, que funciona, em Lisboa e tem já alguns cursos efectuados, é uma obra de mérito, digna de louvor.
A ideia da criação do museu do vinho, que paira há muito no espírito dos enólogos portugueses e a que o Prof. Cincinato da Costa tem dado todo o seu carinho e apoio, perfilhando-a com entusiasmo, a exemplo do que os Italianos já fizeram em Siena e que os Espanhóis também já realizaram em Vila Franca dei Panadés, muito viria contribuir para a instrução do público neste sentido.
Mas, para se atingir o desiderato aqui exposto, são precisos técnicos em grande quantidade e qualidade. E não é só do técnico enólogo que a adega precisa, mas também do técnico cooperativista, isto é, do gerente que tenha uma noção exacta e perfeita da missão que lhe incumbe o do que é cooperativismo.
Julgo e penso que não seria difícil reunir no mesmo indivíduo as duas especializações, desde que fossem criadas escolas apropriadas àquela finalidade. A iniciativa do Centro de Estudos de Economia Agrária, da Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com os organismos corporativos e pré-corporativos, já encetada, é digna de registo e louvor neste campo. E porque interessava precisamente que aquele técnico tivesse uma actividade permanente e constante durante todo o ano, seria de desejar que o mesmo fosse instruído no campo vitícola, para poder prestar assistência ao viticultor.
Julgo que qualquer coisa está já em marcha no nosso país neste sentido. Segundo me consta, o Centro Nacional de Estudos Vitivinícolas está a montar em Dois Portos uma escola inspirada na que existe em Madrid, do Sindicato da Vinha e do Vinho, na qual se formam não só técnicos com a categoria de condutores para a actividade vitivinícola, conhecedores da teoria e prática indispensáveis à sua missão, como também técnicos agrários (engenheiros ou auxiliares), onde podem fazer, em instalações-piloto bem apetrechadas, estudos ou aperfeiçoamentos
eno-industriais.
Sr. Presidente: quando, há longos anos, a minha actividade se circunscrevia ao sector vitivinícola, foi-me dado verificar que Portugal, país rico de massas vinícolas invulgares pelas suas múltiplas qualidades, produzia vinhos que, na sua maior parte, em nada lhe correspondiam.
Os esforços da Administração neste sector, que não devemos desmerecer, não têm conseguido fazer desaparecer este mal, talvez em razão do parcelamento da propriedade, que se verifica predominantemente nas regiões demarcadas, como também pela intervenção perniciosa de intermediários indesejáveis e de maus armazenistas.
A pulverização do comércio de vinhos de pasto pois só na área do Grémio dos Armazenistas de Vinhos atingiu,