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3320 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 132

Foi aqui há três décadas muito recomendada o posta em prática nos Estudos Unidos, na França e na Alemanha, sendo geral o seu sucesso.
Voltamos ao ponto anteriormente exposto - vamos banir as tarefas complexas, a policultura pela vocação especial do solo e das regiões?
Quando a quinta produzir só vinho, ou somente frangos, ou somente frutas, havemos de notar as estreitezas dos mercados, as deficiências de organização comercial e a necessidade dos riscos.
A política programada de Tito tem suplantado a dos Russos.
E porquê?
Porque as organizações Agrícolas deram em fazer um pouco de tudo e lutar pelos mercados.
Portanto a especialização é necessária no mundo que vem, será cada vez mais patente, mas a policultura elimina os riscos, é seguro contra as catástrofes e mantém um alto nível de emprego - o que também parece importante.
Não foi o Estado que vivificou a maioria das terras ingratas de Portugal.
Foram as famílias com ajuda de outras famílias.
Os teóricos que acreditam numa expansão porfiada e numa economia isenta de colapsos são levados a duvidar das crises e a menosprezar as dificuldades.
Também os opositores sistemáticos encontram negro e ruínas onde tantas construções se levantam de hora a hora.
Neste debate, cuja iniciativa se deve ao Sr. Deputado Amaral Neto, que conhece, vive e estuda a vida dos campos, forneceram-se muitos elementos construtivos de uma política económica humana, justa e actualizada que dê o seu a seu dono.
O Sr. Ministro da Economia é um técnico abalizado e culto, um espírito brilhante, um estudioso com experiência das práticas económicas seguidas lá fora.
Tem diante de si uma carreira de homem público o a de político construtor que despacha, afronta os problemas, luta pelas soluções.
Tem tio seu lado um nosso colega para o qual a lavoura não possui segredos.
Não se deixarão imbuir nem pelos instrumentos de difusão nem abalar pela burocracia pura em capítulo realista da vida colectiva.
Pela minha parte, lembrando a magnífica intervenção do Prof. Teixeira Pinto em Luanda sobre economia global, espero que os problemas no horizonte sejam encarado e conduzam a soluções racionais e justas - ao êxito. A agricultura não pode ser uma actividade desenganada e fastidiosa nem uma concentração sem riscos, mas não há-de ser também a irmã desprezada, no conjunto, a qual todos lamentam e à qual tantos dirigem consolações sem procurar medicar os seus males.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Armando Cândido: - Sr. Presidente: medir a terra com os olhos resolutos?, desembaraçá-la da vegetação maninha, remover pedras, sendo caso disso, abrir canais à água generosa, polir o ferro da enxada na lide das cavas, governar o arado no chão endurecido, ajudar a promessa da semente ou acomodar as raízes para darem de si é tão do nosso génio que, se nos dedicássemos exclusivamente a outros misteres, porventura mais rendosos, ainda que nos sobrasse cabedal para adquirir, pelo preço que fosse, o indispensável para a boca, a mim parece-me que nos faltaria, como raça, uma das características de autenticidade.
Assim, torna-se difícil para qualquer português falar da terra sem arreigado amor.
Entretanto, interrogo-me com preocupada dúvida - não vá, por causa da comoção rural que nasce com a gente e nos aquece pela vida fora, oferecer palavras abrasadas pelo muito zelo. Porque a terra tudo merece, mas uma vez que ela é objecto de tantas e tão porfiadas maquinações ideológicas, não sei se nós, os que verdadeiramente a compreendemos e sentimos, devemos adiantar os nossos votos e requerimentos, a ponto de entregarmos matéria susceptível de ser aproveitada em contrário. Julgo, assim, poder prevenir-me contra ameaças que tentam concretizar-se e longe de nós se concretizaram já através de todos os meios, desde os mais suaves aos mais intensos, quer figurando róseos horizontes, quer recorrendo a clandestinos métodos, quer servindo-se do próprio recurso à violência.
Por outro lado, tenho a consciência do perigo e sei que os perigos terão de ser conjurados pelo deferimento seguro e tanto quanto possível pronto das ponderosas queixas da lavoura, tomadas e julgadas no seu conjunto, de modo que as soluções, apesar de certas, não se mostrem fraccionarias e inoperantes.
Acresce que me preocupo desde há muito com as questões da terra, e isso parece conceder-me o direito de as apreciar, sem exceder o âmbito dos meus modestos conhecimentos. Talvez os números do Diário aos Sessões das últimas legislaturas possam, dizer mais do que estou alegando. Algum romantismo de permeio. Talvez. Mas sem prejuízo da verdade indispensável. Também não vi ainda destronada a conveniência de temperarmos a vida com certa dose de sentimento. No fundo e no mais, o ajuste as realidades. No entanto, devo confessar que a experiência, me tem aconselhado a pronunciar-me neste lugar sobre-os problemas económicos e sociais através de linguagem simples, e não só objectiva, mas limpa de tudo o que possa ser tomado a, conta de divagação fora do tema.
Por tudo isto, cuidando em ser igual ao que tenho sido, vou ser o mais possível sóbrio, sem deixar de ser o mais possível justo. Demais a mais esto aviso prévio, anunciado e realizado pelo Sr. Deputado Amaral Neto, tem, paro mim, argumentos de especial valor.
Na sessão de 4 de Dezembro de 1963, ao anunciar que desejaria ocupar-se da crise agrícola nacional e das medidas tomadas para a enfrentar», logo o Sr. Deputado Amaral Neto se prontificou a demonstrar que semelhante «crise não é especificamente portuguesa, na larga medida que resulta da deterioração dos termos de troca entre produtos agrícolas e industriais, que aflige igualmente os agricultores de toda a Europa e do resto do Mundo».
Agora, ao realizar o seu aviso prévio, no cumprimento da palavra dada, explica-nos que o empobrecimento da agricultura se manifesta universalmente quanto à sua participação, «como classe no produto nacional», e em bom número de países, que não só no nosso, «quanto as participações por unidade de mão-de-obra comparativamente nos produtos nacionais e sectoriais»; que é universal o facto de a agricultura se sentir também objecto de um movimento lento, mas inexorável de desclassificação, de perda de estima da sociedade urbanas, e que o despovoamento dos campos, sendo universal e universalmente reconhecido, «é a terceira grande manifestação ou efeito da crise que assoberba a agricultura».
No entanto, e apesar de ter provado que a crise da agricultura é um mal do Mundo presente, o Sr. Deputado Amaral Neto leva o seu escrúpulo a este grau:

Creio que ainda resta, no entanto, considerar uma questão que algumas vezes me tem sido posta, até