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5 DE MARÇO DE 1964 3495

prol da batalha do turismo nacional, já que esta é uma das vias que mais directa e pressurosamente nos é ofertada para, em termos económicos e psicológicos, ganhar essa outra desoladora batalha em que, por conivência e aprazimento alheios, andamos, demandados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se é certo que as dotações do Fundo de Turismo sobem de 30 000 para 50 000 contos, no ano corrente - ascensão que importa destacar -, não é, entretanto, o seu volume suficientemente poderoso para satisfazer as mais prementes carências do nosso universo turístico, votado a uma realização de larga concorrência internacional.
É o que acontece em relação à nossa vizinha Espanha, cujo Ministério da Informação e Turismo apresenta, para o mesmo ano, um orçamento que se cifra na ordem dos 600 000 contos, enquanto o Plan de Desarollo oferece a verba de 727 000 contos em investimentos para os quatro anos próximos.
E já que da nação irmã tratamos, apresenta-se-nos a oportunidade de salientar o alto significado e saudar a visita amiga do Prof. Fraga Iribarne, destacada figura do Governo Espanhol, que impregnou da sua capacidade realizadora o Ministério da Informação e Turismo.
Auguramos que das suas conversações em Lisboa resulte a mais frutuosa colaboração entre as duas nações peninsulares no domínio turístico e informativo!
Sr. Presidente: ao secretário nacional da Informação incumbe larga tarefa no plano da efectivação de uma política de turismo, de ampla latitude e a curto prazo, que há-de abarcar a totalidade do espaço português, para a qual os seus serviços, não obstante o seu mérito e o valor da obra realizada, não estão de qualquer forma preparados.
Os quadros demasiado escassos; a índole e magnitude da empresa que os aguarda; o complexo que se lhes depara quando se debruçam sobre o ultramar; a necessidade de apurar uma melhor coordenação entre os vários departamentos; o imperativo que se lhes impõe de animar sem atritos a iniciativa particular; as limitações de ordem legislativa - tudo isto é obra tão vasta e aberta a tais dificuldades, que mais carece de uma boa compreensão, em ordem a conferir-lhes os órgãos e meios próprios, do que de críticas, porque operosa tem sido a acção do Secretariado.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Devo ser objectivo do turismo nacional demonstrar o País aos estrangeiros, mas não menos importante será o de revelar Portugal aos seus naturais, por um intercâmbio turístico que integre- os portugueses de todas as raças, no orgulho sadio de, por tal se apelidando, comungarem dos sentimentos e aspirações comuns, que são fermento com que se levedam as pátrias!
O fenómeno turístico, em razão do trépido, da vertigem, do ritmo e da velocidade que caracterizam a vida hodierna e se exprime numa ânsia devoradora do espaço e do tempo, é um facto social que se depara aos Estados modernos. Canalizá-lo, dando-lhe o rumo devido - essa a função dos governos!
Com particular argúcia o notou o muito ilustre Subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, quando na sua notável comunicação de 7 de Janeiro de 1964 apontou as traves fundamentais de um plano de acção turística, de que hão-de resultar os mais altos benefícios para o País.
São do antigo e distinto parlamentar Sr. Doutor Paulo Rodrigues as seguintes palavras:

Dar a quantos nos visitem, clara e aberta, a verdadeira face de Portugal - do Minho a Angola, das Berlengas a Timor - é, para além de todo o benefício económico, a missão mais alta em que todos quantos servem o turismo servem ao mesmo tempo o interesse nacional.

Sermos tal qual somos, e não conforme o que muitos desejam; persistirmos iguais a nós próprios, mesmo sozinhos - é força que se há-de impor a todos os ventos, porque procede de uma razão que, vinda do fundo dos séculos, tem ligada a si a marca do vigor das gerações em trânsito, unidas por um mesmo destino, a que se justapôs o selo da eternidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: entre as infra-estruturas essenciais, sobre que se apoiam os mais dilatados horizontes turísticos, salientam-se as vias de comunicação, os transportes e os pontos de apoio, com particular relevo dos recursos hoteleiros.
Ora, em relação a estes últimos, a revista Problèmes Économiques, no seu número de 4 de Fevereiro findo, anota ter a Espanha construído em cinco anos cerca de 80 000 quartos, havendo oferecido em 1962 o excelente número de 50 novos hotéis, enquanto para 1963 já esse número quadruplicava.
Em contrapartida o ritmo do nosso crescimento hoteleiro é de tal sorte modesto, com os seus 822 quartos em 1962, que importa, antes de mais, dirigir todos os nossos esforços de investimentos nesse sentido, visto que, com outros elementos, constitui a base das infra-estruturas do fenómeno turístico que preenche e aglutina as nossas melhores atenções.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sem descurarmos o aspecto do turismo rico, parece-nos que a solução que melhor se nos apresenta actualmente, por mais viável e vantajosa, é a opção pelo turismo das grandes massas, jogando com o factor económico do nosso baixo índice do custo de vida, dirigido directamente a uma classe média que, ano a ano, nos visita, em contínua progressão.
Assim, há que desenvolver e orientar a nossa indústria hoteleira e de alojamento, tornando-a apta a receber nos hotéis menos graduados, assim como nas pensões, albergues e parques de campismo, a avalancha turística que, mais do que se prevê, já se avizinha.
Estas as considerações gerais que nos ocorrem sobre a questão turística portuguesa; mas ela própria, definida pela abalizada declaração do Sr. Subsecretário de Estado, reforçada em exaustivo estudo pelo Deputado avisante, assim como pelo dos colegas que se lhe vêm seguindo, não nos inibe, por oportunos e pertinentes, que salientemos alguns apectos do turismo regional, mormente de algumas zonas do distrito de Viseu.
Esta cidade, verdadeiro coração das Beiras, é centro de um núcleo de raras perspectivas turísticas, que desde já importa destacar, pois, pela sua relevância, há-de representar primordial papel na expansão do turismo nacional.
Nobre urbe, de tão acreditados pergaminhos; cidade que ostenta veneras nas suas portas de armas, nas paredes crispadas e rugosas da sua sé, por onde escorrem