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13 DE MARÇO DE 1964 3625

çados de penetração internacional. E dado que é pela fronteira de Vilar Formoso que nos procura a mais forte corrente do turismo que se desloca em automóvel, afigura-se-nos dever ainda ser dada prevalência à via rodoviária que atravessa o Centro do País, desde aquele posto fronteiriço até Coimbra. Primeiro pela estrada nacional n.º 16, desde a fronteira, passando pela Guarda até Celorico da Beira; e depois pela estrada nacional n.º 17 - a chamada estrada da Beira - até à Cidade Universitária. Sobretudo o traçado de 50 km que antecede a chegada a Coimbra encontra-se, num estado confrangedoramente desadaptado ao tráfego que tem de suportar.
É o momento de lembrar que em toda a extensão do percurso da Guarda a Coimbra não existe apoio hoteleiro digno desse nome. Ora, estando prevista desde há muito a edificação de uma pousada nacional junto àquela via, urge construí-la, corrigindo-se a sua errada localização inicial, para a erguer no ponto de encontro da estrada nacional n.º 231 com a estrada nacional n.º 17, em frente de Seia.
Paisagísticamente é a localização ideal, pois a pousada terá ,por fundo o cenário incomparável da cordilheira da Estrela.
Sob o ponto do vista funcional também a localização é a melhor, no cruzamento da estradas por onde fluem duas grandes correntes de trânsito: no sentido leste-oeste, a corrente de trânsito internacional; no sentido norte-sul, a corrente de tráfego de penetração da serra da Estrela, oriunda das regiões a norte do rio Mondego.
A pousada aproveitará assim da clientela de uma dupla corrente de tráfego e de equilibrada distribuição no ano, porquanto uma terá a sua maior incidência no Verão e outra no Inverno. E será ainda um apoio, não desprezível, no próprio turismo da Estrela.

O Sr. Martins da Cruz: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faca obséquio.

O Sr. Martins da Cruz: -Nesse aspecto que V. Ex.ª acaba de focar, respeitante .às comunicações rodoviárias entre Vilar Formoso e Lisboa, por ser na verdade a fronteira por onde entra maior número de turistas, afigura-se-me, que haveria- vantagem em dar prossecução imediata à estrada já quase totalmente construída que se propõe ligar Vilar Formoso a Lisboa por Sabugal, Penamacor e Castelo Branco, com a vantagem de trazer uma economia de cerca de 90 km, o que se traduz, atento o combustível, o desgaste dos veículos e outras despesas, numa economia de dezenas de milhares de contos.
Parece-me, também que esse traçado carecerá de razoável apetrechamento hoteleiro, porque até Abrantes só se encontra o hotel de turismo de Castelo Branco, com condições que por ora não poderão classificar-se de satisfatórias.

O Orador: - listou de acordo com V. Ex.ª quanto a essa necessidade. Não abordei todos os problemas respeitantes ao Centro do País, para não me alongar demasiadamente.
No final das minhas considerações aludirei ao facto de repetidamente só ter procurado que o trânsito rodoviário por Vilar Formoso faça a sua entrada e saída através de estradas diferentes, descrevendo um circuito.
E isso será a alternativa de vir pela estrada de Braga. Ou ainda, como alternativa, vir pela estrada da Guarda à Covilhã, Castelo Branco e Santarém. É uma zona que hoje está em maior desenvolvimento, extensão que é necessária e que tem já um apoio hoteleiro muito interessante.
O problema resume-se em colocar lá uma placa e outra placa à saída de Lisboa - portanto à colocação de duas placas-, e ainda se não conseguiu esse objectivo.
É o aspecto de uma. mais equilibrada repartição pelo ano da nossa actividade turística, com os seus reflexos benefícios, que nos traz a um outro ponto da nossa intervenção.
Evidentemente, tudo importa fazer para que cresça o modesto meio milhão de turistas com que fechámos o ano de 1963.
Mas importa que esse, acréscimo não resulte apenas da intensificação da ponta estival, com que quase exclusivamente trabalhamos, mas sobretudo da extensão que possamos fazer da nossa actividade turística às restantes épocas do ano.
Existe um acentuado desfasamento entre o nosso turismo de Verão e o frágil ou quase inexistente turismo de Inverno.
Como já aqui tivemos ocasião de afirmar, este ocaso hibernal risca durante um longo período dos roteiros do turismo internacional o nome de Portugal. É a quebra no fluxo turístico externo. E a paragem de uma actividade que deveria ter um ritmo contínuo, embora sujeito, como é óbvio, a inevitáveis oscilações, obriga desde logo e cada ano a renovados esforços de propaganda e captação.
Por outro lado, esta solução de continuidade repercute-se desfavoravelmente na política de investimentos, pois, como é compreensível, a legítima rentabilidade dos capitais afectos à estruturação de equipamento turístico não se alcança no limitado período de exploração a que agora tem de confinar-se a grande maioria dos nossos empreendimentos.
Compreende-se, assim, que a palavra de ordem actual seja no sentido do preenchimento desta lacuna.
É certo que, no Portugal metropolitano e insular, o Algarve e a Madeira têm um legítimo e indiscutível papel a desempenhar na consecução daquele objectivo.
Efectivamente, tanto um como outra, pela amenidade do seu clima e suavidade das suas águas marítimas, podendo movimentar as suas praias durante uma grande parte do ano estão destinadas a receber - assim o esperamos e desejamos - expressivas correntes turísticas dos países mais expostos aos rigores do Inverno e que nessa época procuram o conforto e a doçura dos climas dos países meridionais.
Mas surpreende que nesta fase do nosso empenhamento turístico, deixássemos de ver associado àqueles dois valores turísticos o nome da serra da Estrela, por sor indiscutível que a serra da Estrela tem uma missão específica a desempenhar no turismo de Inverno, pela existência de reais possibilidades para a prática das actividades turístico-desportivas da montanha, por aí existir neve com características de queda e perdurabilidade que possibilitam o lançamento de uma estação de desportos de Inverno.
Julgo poder acrescentar que esta dissociação provém apenas de um lapso, pois o S. N. I. e o Conselho Nacional de Turismo deram a sua aprovação ao empreendimento já em curso, que, como é sabido, tem a apoiá-lo o auxílio financeiro do Fundo de Turismo.
Além disso, a serra da Estrela, tão rica de potencialidades turísticas, é compreensivelmente, passível também de um turismo de Verão e até de um turismo de estação de transição. Com efeito, é nas águas interiores ou nos cursos fluviais da Estrela que se encontra o habitat ideal da truta, espécie cuja captura proporciona ao pescador desportivo o maior interesse e emoção. E não es-