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3726 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 148

turalidade, sacrificarmos as manifestações da nossa pequena consciência partidarista aos ditames mais elevados de uma consciência nacional esclarecida e firme. Só assim poderemos encontrar o ponto óptimo de síntese daquelas duas tendências.
Fazer um esforço sério para realizar esse encontro é tudo quanto nos pode impor esta hora crucial da Pátria; é tudo quanto a todos podem exigir os que lutam e morrem por ela.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ora, esta preocupação eminentemente nacional tem dominado a nossa vida política nas últimas três décadas.
E os resultados estão à vista, com largo saldo positivo de vitórias e realizações nos diversos sectores da vida pública e com posição de marcado relevo pelo que respeita à intransigente e corajosa defesa dos nossos direitos de Nação livre e independente pelo Mundo repartida.
No entanto, e sem esquecer o muito que o País deve ao Regime, talvez possamos pôr algumas questões e procurar superar algumas dificuldades.
Os grandes objectivos nacionais, inseridos na Constituição Política como seu conteúdo programático, são, certamente, acoites pela generalidade dos Portugueses.
Sem divergências de fundo que valha a pena considerar, as opiniões poderão dividir-se no tocante aos métodos considerados mais hábeis para realizar aqueles superiores objectivos.
Não esqueçamos, porém, que a identidade de fins é só por si um factor de aglutinação que não deve ser desprezado, e que em muito pode influenciar a consciência política de vastos sectores da população, se soubermos estruturar era termos válidos e executar com autenticidade a sua participação na vida política e garantir a sua presença na condução dos negócios públicos.
Esta participação, sob o signo da unidade nacional, é o escopo maior do nosso sistema representativo.
A questão que a muitos preocupa é a de saber se o sistema está estruturado em termos de assegurar convenientemente aquela participação, ou, o que vale o mesmo, se a institucionalização do Regime atingiu grau suficiente e se se processa em nível de funcionamento aceitável e eficaz.
Entendem alguns - e eu também - que essa estrutura pode ser completada e robustecida, tornando mais densa u nossa vida política pelo aproveitamento equilibrado de todos os seus órgãos, que devem ser respeitados nas suas prerrogativas próprias, sem o que não haverá condições de interesse e estímulo para uma colaboração prestigiosa e responsável.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O que é de todos deverá ser garantido pela participação de muitos, em função dos interesses legítimos do quadro natural a que pertencem, ou das aspirações da instituição a quem cabe a sua representação.

O Sr. Gonçalves Rodrigues: - Muito bem!

O Orador: - Em plano de responsabilidade, temos de forjar o nosso próprio destino, ultrapassando as delícias de certo "providencialismo" de que alguns julgam poder fiar, indefinidamente, a segurança da sua vida e fazenda.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Bem generosa tem sido connosco a Providência ao assegurar-nos, por tão largo tempo, uma chefia sábia e decidida, prudente e firme; a chefia de que a Nação carecia nesta hora grave da sua história.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas, se a excelência desse comando singular é razão de confiança ilimitada, e bem merecida, de muitos, alguns receiam - e eu também - que ela sirva de pretexto para molezas e desleixos, para erros e desvios, a contar, antecipadamente, com a "capa da misericórdia" de uma autoridade e prestígio que tudo supera e absolve!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Seja como for, devemos preparar-nos dignamente para sobreviver e continuar, honrando essa chefia e merecendo o seu sacrifício de inteira e inigualável devoção ao bem comum.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E, posto o problema da necessidade de uma mais intensa vida política e de um revigoramento das nossas instituições representativas, é a altura de salientar que a sua solução interessa, de modo muito especial, aos que se movimentam no quadro doutrinário da Revolução de Maio, pelo que se deverá encarar com certa reserva o zelo de alguns que, vivendo outras preocupações, muito se inquietam com o futuro do Regime, que, em boa verdade, não aceitam nem defendem...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Isto quer dizer que o problema é fundamentalmente nosso, embora se não veja inconveniente em o pensar em voz alta, não só porque já é de muitos, mas porque poderá ser de muitos mais, de todos quantos, sem ideias preconcebidas, só esperam que se lhes abram caminhos para uma colaboração leal e desinteressada no plano nacional.
Pelo nosso lado, olhando em frente, queremos melhorar e progredir, e combateremos todas as fórmulas de estagnação, de regresso e de abandono.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No panorama geral da nossa representação orgânica ocupa lugar fundamental a organização corporativa.
São muitos e complexos os seus problemas, pelo que o seu estudo e solução se reveste da maior importância para a vida o futuro do Regime.
Não sei se todos terão dado conta desta verdade e se todos estarão conscientes do que a organização corporativa representa na nossa estrutura constitucional.
A minha dúvida nasce do conhecimento de factos verdadeiramente preocupantes, que vão desde verdadeiras heresias no plano doutrinário aos mais espantosos desatinos no plano da acção.
O Ministro das Corporações - fiel aos imperativos de uma honrosa, mas pesada, tradição de intransigência doutrinária - vai procurando manter o fogo sagrado, empenhado em reacender a velha chama que iluminou tantas inteligências e aqueceu tantos corações, e, por isso, possibilitou tantas conquistas e tantos triunfos.
Mas essa afirmação de ideal esbarra com a montanha enorme da incompreensão e da hostilidade, que se ergue