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19 DE NOVEMBRO DE 1975 2703

lucionárias, por uma recomposição do MFA como força revolucionária, e não pelo seu desaparecimento, como foi aqui defendido por um Deputado do PS, calorosamente aplaudido pelo PPD.
A solução política que urge encontrar passa obrigatoriamente pela reaproximação das várias tendências do MFA, pelo reforço da unidade o cooperação das forças revolucionárias e progressistas em luta contra a reacção, contra o terrorismo, contra o ELP e MDLP, contra todos os que procuram liquidar as conquistas da nossa Revolução.
A solução política que defendemos e pela qual lutamos significa salvaguardar as liberdades e consolidar as conquistas da Revolução rumo ao socialismo, significa unir os que estão pela Revolução e combater e isolar todos os que estão com a contra-revolução.

Uma voz: - Então vai-te embora!

O Orador: - Se todos os revolucionários quiserem, se todos os verdadeiros democratas se unirem, os perigos da hora presente serão superados. As greves e manifestações dos trabalhadores da construção civil, assim como a grande manifestação de domingo em Lisboa, revelam a força invencível que se desprende da luta da classe operária e do povo trabalhador. Essas grandes lutas mostram que, se a reacção tentar pôr de pé os seus criminosos planos, quebrará os dentes.
A Revolução continuará e triunfará. O nosso povo, em aliança com as forças armadas, construirá o novo Portugal, o Portugal democrático a caminho do socialismo.

Aplausos.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Jorge Miranda quer pedir um esclarecimento?

O Sr. Jorge Miranda (PPD): - Quero usar da palavra para exercer um direito de resposta, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Bom, dado que o Sr. Deputado Jorge Miranda foi citado realmente na intervenção do Sr. Octávio Pato, faz o favor de falar.

O Sr. Jorge Miranda (PPD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Devo dizer que hesitei antes de pedir a palavra. Hesitei por duas razões: Em primeiro lugar, porque fui citado pela boca de uma pessoa que já em tempos fez aqui uma acusação que não provou.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Orador: - Em segundo lugar, porque o meu nome - nome muito modesto - vem associado ao nome de pessoas que muito respeito e muito prezo e que são verdadeiros revolucionários portugueses.

Uma voz: - Muito bem!

O Orador: - Ainda porque essa acusação vem na linha de uma campanha orquestrada pelo "Pravda" português não contra a minha pessoa mas contra todos aqueles que pretendem uma revolução democrática e socialista. Basta ler ainda hoje o Diário de Notícias e ver as acusações que aí são lançadas contra homens do 25 de Abril, como o capitão Vasco Lourenço e o brigadeiro Franco Charais. Eu até me sentiria feliz por o meu nome - nome muito modesto - ser associado a essa campanha.
Mas, Sr. Presidente, Srs. Deputados, devo dizer que tudo não passa senão de uma especulação criada pela má fé de alguém que não tem o direito de usar sequer o nome de jornalista. Trata-se de uma especulação de alguém que não compreende, de alguém que não sabe distinguir, de alguém que faz pura provocação.

Uma voz: - É invenção!...

O Orador: - É evidente que do que se trata é de desviar as atenções do povo português, traumatizado pelo sequestro desta Assembleia Constituinte, para episódios que podem favorecer aqueles que efectivamente estão empenhados em destruir esta Assembleia Constituinte.

(O orador não reviu.)

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Sr. Manuel Gusmão (PCP): - Não me faças cócegas que eu rio ...

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Sottomayor Cardia.

O Sr. Sottomayor Cardia (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: A semana que findou foi assinalada por acontecimentos vistosos. Penso, contudo, que nos devemos concentrar na apreensão do significado profundo das coisas, relegando o mero episódio para plano secundário.
Iniciou-se essa semana com a admirável homenagem do povo de Lisboa ao almirante Pinheiro de Avezedo e ao VI Governo Provisório. Aos manifestantes e ao País o Primeiro-Ministro falou uma linguagem desassombrada, disse a verdade nua e crua e denunciou os perigos que ameaçam a Revolução e a democracia. Foi um discurso de combate, o discurso de um homem que sabe que está a travar uma luta decisiva na defesa das instituições democráticas. Logo alguns agentes da PM aproveitaram a presença do Governo para provocar uma cena de tiros, pondo em risco a segurança de mais de 100 mil pessoas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não pode deixar de perguntar-se se a PM tem vocação de polícia ou de bando terrorista.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os inqualificáveis acontecimentos que vêm assinalando a sua actuação desde a recusa colectiva de embarque tornam manifesto que em chamada "Polícia Militar" se tornou, exclusivamente,