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3048 DIÁRIO DA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE N.º 94

perigos e desvios que a democracia sofreu durante um ano e meio de revolução, não podemos deixar de apoiar, as tomadas de posição que, venham donde vierem, se orientem na sentido da defesa da revolução democrática, contra golpes fascistas ou outros de natureza igualmente totalitária e contra a revolução socialista-militar ou nacional-militar.
A intervenção de António Reis foi tanto mais importante quanto é certo que serviu para demonstrar os equívocos e os riscos dás perspectivas de alguns sectores militares e de algumas minorias civis, agora, de novo, em moda, e que pretendem reassumir-se num vanguardismo militar, de inspiração dita socialista, para a construção do futuro do Estado Português.
O facto de não comungarmos dos projectos do Partido Socialista, o facto de nos classificarmos como não socialistas, o facto de não aceitarmos a formulação teórica da social-democracia enquanto via para o socialismo, não implica que nos devamos eximir de apoiar tudo quanto sirva a defesa da democracia e o mais rápido caminhar paca uma soberania popular plenamente civil.
Não temos complexo de esquerda, nem temos complexo de direita. Não temos complexo de perseguição, embora tivéssemos sido injustamente perseguidos e caluniados durante o tempo que levámos de existência como partido maior do que qualquer outra formação política. E agora que algum ou ostro jornalista pretende relançar a «caça às bruxas» contra o CDS não nos deixaremos intimidar, como não nos intimidámos no passado.
Por ser este o nosso estado de espírito, por ser esta a nossa atitude, sentimo-nos perfeitamente à vontade para continuarmos fiéis a uma coerência de princípios e de comportamentos, que nunca abandonámos, mesmo nos piores momentos, e para apoiarmos, decididamente, as vozes que aqui e lá fora se ergam na defesa da revolução democrática.
Demos, muitas vezes, nesta Assembleia, o nosso aplauso e o nosso apoio a teses ou declarações concretas do PPD. Nunca lançámos contra o Partido Popular Democrático qualquer ataque desleal; nunca tomámos a iniciativa de desferir golpes baixos no PPD . Temos pelo PPD, como grande partido nacional, um grande respeito. Sentimos como um prejuízo para a democracia as dificuldades que o PPD está atravessando: ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... não são, porém, de nossa conta - esse é um problema interno do partido - e não as exploraremos de forma demagógica, embora estejamos naturalmente atentos aos seus reflexos sobre o nosso próprio partido ou sobre a vida nacional. E esperamos que essas dificuldades possam ser rapidamente ultrapassadas.
Por tudo isso não compreendemos as insinuações ou acusações do Dr. Sá Carneiro.
Não temos qualquer aliança ou entendimento tácitos como é óbvio, com o PS, como não o temos com o PPD.
O que os órgãos nacionais do meu partido sempre defenderam - e esse é, afinal, o fundo da minha intervenção - é que se torne essencial garantir, por todos os meios, a unidade das forças democráticas em defesa da revolução democrática. A grande unidade democrática é que é, para nós, o objectivo primordial nas relações interpartidárias neste momento. Mas essa unidade não se pode fazer excluindo parceiros democráticos. Não se pode fazer excluindo o PPD, como não se pode fazer excluindo o PS, como não se pode fazer excluindo o CDS, ou o PPM, ou qualquer outra força política sinceramente empenhada no processo democrático. E tudo quanto o PCP quiser fazer no sentido de se garantir e respeitar a revolução democrática será também por nós aplaudido.

O Sr. Carlos Britos (PCP): - Lançando-nos ao mar ...

O Orador: - Para nós, a sobrevivência de Portugal e o bem-estar dos portugueses está na democracia. Numa democracia donde se exclua, definitivamente, a violência, a intolerância e o ódio. Poderá levar algum tempo até lá chegarmos. Poderá haver recuos nessa caminhada. Poderá haver dificuldades adicionais se alguns parceiros persistirem em usar cartas marcadas ou dados viciados. Mas é essa a nossa luta, a luta do povo português.
Tenho dito.

O orador fez a sua intervenção na tribuna.

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Segue-se o Deputado Manuel Gusmão.
Tem a palavra.

O Sr. Manuel Gusmão (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: No passado fim de semana, e segundo relatam alguns jornais, em realizações políticas do PPD e do CDS o anticomunismo deu ares da sua graça.
No Congresso da PPD, congressistas, em determinada momento, para passar a tempo e dar mostras coze certeza do sou empenhamento e ardor «revolucionário», ou mais propriamente reaccionário, cantaram com a música de uma canção conhecida uma letra, em que num dos seus versos fazia voar «um comunista de um 7.º andar para a rua».

Risos.

Num outro pequeno episódio, quando alguns elementos dissidentes abandonavam o Congresso, elementos do PPD chamaram-lhes, como quem os insulta, «comunista»
Por outro lado, num comício do CDS o Sr. Deputado independente do CDS, Galvão de Medo, dizia que os comunistas deviam ser empurrados até ao mar para aí morrerem de morte natural.

Risos.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Encontramos aqui alguns exemplos dos mais grosseiros, baixos e ,repelentes da anticomunismo, que é já de si uma das armas extremas da burguesia mais. reaccionária e brutal. Quanto ao primeiro caso do PPD e ao do independente do CDS, encontramos, quer sob a forma «artística» de expansão vocacional, quer sob a forma de apeio directo, a mesma intenção de violência reac-