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18 DE DEZEMBRO DE 1975 3131

Eu direi que a florista já nos bateu à porta. A conta já aí está. E temos de a pagar!
Se é assim - e é exactamente assim! -, que cada um de nós saiba, conscientemente, escrupulosamente, chamar a si a quota-parte que lhe pertence. Só assim, assumindo, todos os portugueses, as responsabilidades que nos cabem na edificação da nova sociedade que desejamos, só assim nós seremos dignos desses honrados militares que em 25 de Abril trouxeram a liberdade a este pobre país que, sob a pata do fascismo, vivia oprimido - vergonhosamente oprimido. Só assim nós estaremos a participar, efectivamente, na nossa Revolução, não nos limitando a ver fazê-la por outros, ou até mesmo a desfazê-la ...

Tem de ser esse o nosso papel!

(O orador fez a sua intervenção na tribuna.)

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Há um pedido de esclarecimento. Mais alguém para esclarecimento?

Pausa.

Sr. Deputada Francisco Miguel, faça favor.

O Sr. Francisco Miguel (PCP): - Consciente também da gravidade da situação que o Sr. Deputado acaba de descrever, mas não convencido que a responsabilidade cabe a todos os cidadãos portugueses ,eu desejaria que a Sr. Deputado explicasse a que sector e a que classe cabem as responsabilidades do esvaziamento da moeda estrangeira que mandamos para faca e, enfim, as dificuldades económicas e o caminhar para a bancarrota de que falou. É que talvez seja mais útil a nós todos localizar responsabilidades e assim compreendermos melhor os problemas e podermos encontrar melhores soluções. A situação grave que o nosso país atravessa não é da responsabilidade dos trabalhadores nem de todos os cidadãos portugueses. As vezes, para se fugir à responsabilidade de localizas as culpas, generalizamos e atribuímos globalmente a responsabilidade da situação má que atravessamos. Eu pedia ao Sr. Deputado que, se pudesse, concretizasse a que sector da sociedade, a que classe, cabe a responsabilidade desta situação.

(O orador não reviu.)

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Manuel Pires, tenha a bondade.

O mais curta possível, se me fizer o favor.

O Sr. Manuel Pires (PS): - Ouvi com muita atenção a intervenção pessoal do Deputado e camarada Manuel Ramos e gostava, de facto, de lhe fazer a seguinte pergunta de esclarecimento: as medidas de austeridade devem impostas às alasses trabalhadoras ou à burguesia que permanentemente se apropria, das mais-valias das classes directamente produtivas e que são as mais desfavorecidas?
Eu, como elemento socialista penso que quem fez o boicote económico é que deve pagar, e não foram, de certeza, as forças produtivas que boicotaram a economia nacional.

(O orador não reviu.)

Aplausos.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente:- Sr . Deputado Manuel Ramos, o mais sinteticamente possível, agradecia que respondesse aos pedidos de esclarecimento.

O Sr. Manuel Ramos (PS): - Procurarei fazê-lo, Sr. Presidente.
Eu, Sr. Francisco Miguel, não quero perder esta oportunidade de lhe testemunhar o meu muito apreço, o meu respeito, a minha consideração, de sempre.
Quanto á pergunta que me formulou, e que é: «a quem cabe a responsabilidade desta situação», pois limitei-me , como ouviu no meu discurso, a servir-me de afirmações de pessoas responsáveis deste país: Ministros, Secretários de Estado, governador do Banca de Portugal. São eles que dizem que a situação é má, que a situação é caótica, que a situação catastrófica. Eu não apontei responsabilidades quem quer que fosse. Tomei foi consciência da gravidade da situação e chamo para, mim próprio uma quota-parte dessa responsabilidade. Eu não imputo essa responsabilidade, a A , a B ou a C, a esta classe ou àquela, mas entendo que a que importa neste momento, e isso parece que ressalta das minhas palavras, ,não é responsabilizar alguém pela situação a que nós chegámos, mas é partirmos desta desgraçada situação, para refazermos o nosso país, por outra, fazemos um País novo. O intuito, a preocupação das minhas palavras é exactamente esse. Não é imputar responsabilidades seja a quem for, mas lançar um apelo para que todos nós sejamos capazes de fazer a País como o Sr. Francisco Miguel e ou próprio queremos que este país seja no futuro. Desculpará se a minha, resposta não satisfaz. Eu sei que não o satisfará. O senhor esperava, certamente, que eu culpasse A, B ou C. Não o culpo, porque me servi de afirmações, como ouviu ,de outras peroras. Desculpe , Sr. Francisco Miguel ,e testemunho-lhe a meu muito apreço .Ao meu camarada Manuel Pires dir-lhe-ei muito simplesmente, que, tendo nós reuniões periódicas dentro deste grupo parlamentar, eu aproveitarei essas reuniões para discutirmos a problema em família.

(O orador não reviu.)

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Ora muito bem,. Srs. Deputados , atingimos o limite, um bocadinho excedido, na nosso prazo de meia hora, mas como se encontram presentes os Srs. Deputado - creio que quase todos os que entraram, aproveitava a ocasião para informar, embora pense repetir no final da sessão, que temos às 10 horas em ponto.

Aplausos.