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30 I SÉRIE-NÚMERO 2

devemos o tributo de uma grande homenagem, tanto porque a instituição foi para ele mais um cargo do que uma ponte de esplendor pessoal, como pelo facto de sempre ter conseguido ultrapassar com dignidade, objectividade e isenção todos os problemas políticos pendentes que se geraram nesta sala. Esta homenagem é igualmente extensiva a todos os Vice-Presidentes: ao Vice-Presidente do Partido Comunista Português, ao do Partido Socialista, ao do Partido Social-Democrata e ao meu próprio colega de bancada, que, com igual dignidade, objectividade e isenção contribuíram para o respeito desta função constitucional. Elas traduzem, na maneira como se exerceram, plataformas de entendimento e civilização que estão acima de toda a forma de luta partidária e que são o penhor de que a democracia será para sempre possível em Portugal. Desejava também saudar aqueles que, como Secretários da Assembleia da República, desempenharam um trabalho discreto, humilde e ,digno, saudar aqueles que desde sempre aqui suscitaram mais consenso e mais unanimidade no exercício das suas funções
Desejava, ainda, saudar os Deputados do Partido Socialista, do Partido Comunista Português e do MDP/CDE, com quem não trocaremos galhardetes durante as sessões da Assembleia da República, que se vão seguir, mas com quem julgamos poder conjuntamente honrar a mesma bandeira, o mesmo hino e a mesma vontade de um futuro colectivo próspero. Desejo particularmente saudar o Sr. Dr. Leonardo Ribeiro de Almeida, que pessoalmente considero a prova de como um homem simples pode chegar às mais altas responsabilidades do Estado. Enquanto isto puder acontecer em Portugal a democracia é um facto e poderá continuar a alimentar a sua crença.
O Dr. Leonardo Ribeiro não se põe nos bicos dos pés e não é um caso de intriga política, por isso nele se poderá rever o País real. Mais homem de autoridade do que de poder, há nele a humanidade que assegura que os políticos podem ser homens reais e homens livres e que assegura que esta Assembleia poderá ser apenas uma praça do próprio País real.
A eleição do Dr. Leonardo Ribeiro de Almeida prova também que não há bipolarização dentro da Aliança Democrática, os apostadores do divisionismo não ganharam. A luta não se sobrepõe ao sentido das responsabilidades, só que a unidade não nos foi dada dê antemão e não somos sequer partidários do centralismo democrático. A unidade é uma construção, um acto de liberdade, de vontade, de inteligência, de fé e de esperança. A Aliança Democrática continua a ser uma luta dentro e fora, mas é, e será, felizmente, uma luta vitoriosa.
O Presidente da Assembleia da República recebe hoje um mandato parlamentar, mas diria que poucas vezes um mandato parlamentar foi aio mesmo tempo, e tanto, um mandato popular. Está de facto muito fresca a fonte de legitimidade daqueles que nele votaram. Regozijamo-nos com o facto de a segunda personagem do Estado ser agora um membro da Aliança Democrática; sabemos que será um factor de equilíbrio na vida pública -ele próprio dizia recentemente a um jornal que é tempo de passarmos da fase dos equilibristas à fase dos equilibrados - e é justamente para a existência de um país equilibrado que o Presidente da Assembleia da República e nós todos pensamos contribuir.
Com a eleição do Sr. Deputado Leonardo Ribeiro de Almeida inicia-se um período intercalar, mas, do ponto de vista da Aliança Democrática, não será um período de interregno, nem será um período de tréguas. Tal e qual como nas descolagens, não se pode arrancar com muita velocidade mas sim com a maior força possível. Nestes nove meses não é essencial que a criança nasça, mas é essencial que se note que a barriga vai crescendo!
Este Parlamento será diferente; há uma maioria e a ordem e a eficácia do Parlamento têm condições para sair reforçadas. As leis já não precisam de se fazer com acordos volantes ou com maiorias flutuantes, isto é, a legislação não precisa mais de andar à deriva, pode ser um trabalho ,de coerência, e as questões concretas, as questões da respectiva comissão ou do respectivo círculo eleitoral podem ter agora mais condições para serem elaboradas e precisadas. Isto até porque as questões políticas foram resolvidas de uma maneira contundente e clara pelo povo português. A Assembleia da República pode agora fazer mais uvas e menos parras, isto sem embargo da discussão em voz alta que é timbre desta Câmara. Em democracia a distinção entre conspiradores e contra-conspiradores é mais importante do que a distinção entre direita e esquerda. Aqui é o lugar onde se têm de se desarmar as conspirações, aqui é o lugar daqueles que falam em voz alta, aqui é o lugar onde o poder é sobretudo o querer e o dizer, aqui é o lugar, também, daqueles para quem a primeira responsabilidade se exerce perante o próprio povo e este Palácio de S. Bento deve ser, do nosso ponto de vista, o mais aberto, o mais popular e o mais comunicativo de todos os palácios do País.
Temos a certeza de que o Dr. Leonardo Ribeiro de Almeida será, à cabeça desta Assembleia, o melhor espelho do país real e da sua vontade de, sendo um país de sempre, exigir serpeada vez mais um país moderno.
Sr. Dr. Leonardo Ribeiro de Almeida, para si os desejos da sua maioria de um mandato sereno, elevado e profícuo.

Aplausos do PSD e do CDS.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Lucas Pires, agradeço as amáveis palavras que me dirigiu.

O Sr. Salgado Zenha (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Salgado Zenha.

O Sr. Salgado Zenha (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não era minha intenção dirigir algumas palavras neste momento porque, creio, os aplausos que foram endereçados ao Sr. Presidente da Assembleia da República, no momento em que tomou posse do seu cargo, exprimiam da nossa parte o aplauso ao resultado de um acto democrático desta Assembleia. Mas, desde o momento em que o Sr. Deputado Lucas Pires usou da palavra para, em afirmações de congratulação pela sua eleição, fazer simultaneamente uma declaração política algo polémica,