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246 I SÉRIE - NÚMERO 7

gogicamente, apenas a falar da insuficiência desses seguros sociais.
É fundamentai que os seguros sociais de Portugal sejam uma coisa séria, como é fundamental também que todas as soluções do Governo sejam essencialmente sérias, e não é permissível que um país com a capacidade de produção que actualmente temos ocupe um quarto da sua Tenda nacional em benefícios ilusórios, que não são para a maior parte da sua população trabalhadora. Isto não é admissível, isto faz parte integrante daquilo que eu chamei de estruturas nacionais do abuso.
Ora, essas estruturas nacionais do abuso têm, absolutamente, de terminar! É em seu> nome que se tem feito grande parte da política até aqui exercida depois da revolução e o povo nada tem ganho com isso, a Nação em nada tem beneficiado e é completamente inadmissível que isto continue. Nós exigimos um realismo político e, como exigimos um realismo político exigimos que se faça face às necessidades nacionais em matéria de educação, de doença e de seguros sociais, mas exigimos também que não se delapide o dinheiro da. Nação em benefícios que, na sua maior parte, não existem, na multiplicação de uma burocracia e de um funcionalismo, no qual se está afundando a energia criadora e a potencialidade de trabalho, para dar origem à criação de uma nova classe e de uma nova casta que é a casta burocrática que domina o País.
Portanto, é em nome das realidades e das necessidades nacionais que entendemos dever acabar com aquilo a que chamei estruturas nacionais do abuso, que em tudo se manifestam, desde o prolongamento e continuação dos intermediários em todas as formas do comércio externo e interno., que em nada foi alterado. Aliás, basta dizer que quase todo o nosso comércio externo se continua a exercer através de monopólios que' existem desde o tempo do fascismo, que. esses monopólios continuam intocados e essas estruturas não foram alteradas e que, na maior parte das vezes, o comércio externo, sobretudo de importação, se exerce, sem a necessária claridade e sem a necessária concorrência que o pode dignificar e que o pode tomar útil à Nação.
Da mesma maneira, a maior parte da produção agrícola é exercida através de monopólios que, se fossem revelados à luz do Sol, contariam a este povo muitas histórias pouco dignas, como a que se passa com o comércio da cortiça e das madeiras, em que grande parte da riqueza nacional é delapidada em termos perfeitamente inadmissíveis paia um Governo digno.
Do mesmo modo essas estruturas nacionais do abuso se exercem, de alto a baixo, na Nação, um quase iodas as situações, desde a aprovação dos planos de urbanização, em que as câmaras exercem um comércio, na maior parte das vezes, condenável, onde nada é claro e onde se. estiola o esforço nacional de construção, para esbarrarmos permanentemente em peias burocráticas multiplicadas, que apenas são antecâmaras de negócios sujos...
É absolutamente! necessário que essas estruturas nacionais do abuso terminem! É absolutamente necessário que o Governo tenha o pulso, a coragem e a decisão de terminar com a exploração organizada a que o povo português continua sujeito, seja em nome desta, ou daquela ideologia!
Já é tempo de verificarmos que, hoje em dia, a cultura mundial começa, a acusar conceitos consagrados e não podemos encontrar nenhum sentido revolucionário na ideia permanente e excessiva do colectivismo de Estado. Esta ideia deixou de ser uma ideia revolucionária e redentora para as classes trabalhadoras e, se, em Portugal, continuarmos a confundir o sentido de libertação e justiça que é o sentido que deve animar todo o homem de esquerda ou todo o homem com generosidade política- com a ideia do colectivismo de Estado, continuaremos a engordar o cordeiro gordo da confusão ideológica.
É absolutamente necessário que se clarifiquem esses conceitos, que se marche no sentido de uma política realista de bem-estar e realização de liberdade e de justiça concreta para cada um dos cidadãos portugueses.
É este o sentido do voto dos Reformadores e, como encontrámos na linguagem clara que este Governo até agora empregou e no sentido das realidades que mostrou, uma oportunidade para se começar a fazer, em Portugal, uma política de verdade, de palavras e conceitos que não seja permanentemente mascarada com intuitos ideológicos mais ou. menos disfarçados, nós, Reformadores, apoiamos, no momento actual, 100% este Governo considerando-o uma esperança nacional, esperança essa que amanhã reafirmaremos aquando da aprovação da moção de confiança ao Governo.

Aplausos da maioria parlamentar.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O povo português tem perante si um Programa que é a expressão dos interesses do grande e capital e do imperialismo e um Governo que é o representante directo desses interesses.
Já lá vai o tempo em que coube ao Partido Socialista ser o garante desses interesses. Nessa altura, o PS governou com o apoio e até com a participação da grande burguesia nacional e internacional. Era o tempo em que o grande capital não tinha forças para impor um Governo dos seus representantes directos e o PS desempenhou essa missão com eficiência, sendo então o ponta de lança dos ataques às grandes conquistas de Abril.

O Sr. Manuel da Costa (PS): - Não apoiado!

O Orador: - Hoje, o grande capital pensa ter chegado a altura de passar ao ataque e, então, o PS, que no passado lhes serviu às mil maravilhas, é hoje tratado como coisa inútil. No fundo, é esse o destino histórico de todos aqueles que, governando em nome de uma política progressista, em nome do socialismo, nos actos praticam uma política reaccionária e capitalista. É este o destino do PS.

Risos do PS.

Este Governo tem objectivos muito claros e vai ser implacável na sua aplicação prática. Vestindo uma capa de eficiência, dei honestidade e de democracia,