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18 DE JANEIRO DE 1980 247

este é um Governo repressivo, incompetente e vai seguir uma política corrupta.

Vozes do PSD: - Não apoiado!

O Orador: - Este Governo quer aparecer como uma inovação aos olhos dos Portugueses. Mas a UDP afirma: este Governo, pela sua política, pelos seus métodos e pela sua composição, é já velho de cinquenta anos.

Vozes do PSD: - Não apoiado!

O Orador: - É um Governo que vai aplicar a política marcelista. É um Governo que tem como principais responsáveis Sá Carneiro e Freitas do Amaral, dois homens do regime fascista, dois delfins do marcelismo.

Protestos da maioria parlamentar, batendo com as mãos nas bancadas,

Não pensem que enganam o povo com o verniz democrático.

O Sr. Sousa Tavares (Indep.): - O senhor era adjunto do Kaúlza!

O Orador: - Vocês governaram este país durante cinquenta anos e fizeram de Portugal um país repudiado no mundo inteiro.

O Sr. Sousa Tavares (Indep.): - O senhor é que governou este país!

O Orador: - Um país atrasado política, cultural e economicamente. Um país que era um campo de concentração andei as polícias e as prisões eram a única área onde havia desenvolvimento.

Protestos da maioria parlamentar.

Este Governo apresenta objectivos muito claros para a sua efémera governação: a entrada de Portugal na Europa dos monopólios e uma maior subordinação do nosso país à NATO.

Vozes do PSD: - Muito bem! ...

O Orador: - Para isso, este Governo pretende destruir tudo o que lembre Abril e que seja empecilho à concretização dos seus objectivos.

Vozes do CDS:- Não apoiado!

O Orador: - Ë patente o ódio que suscitam ao Governo e às bancadas que o apoiam as grandes conquistas que as massas populares alcançaram com e 25 de Abril.

Vozes do PSD: - Não apoiado!

O Orador: - É histórico o revanchismo da grande burguesia portuguesa para com o povo do seu país, como também é histórica a falta de uma mínima verticalidade perante os interesses estrangeiros.
O Governo, aproveitando-se da sua efémera maioria, prepara uma autêntica contra-revolução legislativa e institucional, tendo em atenção os objectivos a que se propôs.
Assim, o Governo pretende alterar a Constituição através da sua revisão fraudulenta, porque a Constituição é um empecilho aos seus desígnios antipopulares e antinacionais.
A destruição da Reforma Agrária é uma das condições para a entrada na CEE que este Governo tem que cumprir isto porque é um mau exemplo para os povos da Europa e a grande burguesia não pode tolerar esta afronta, que põe em causa os seus interesses políticos e económicos.
Acabar com o sector nacionalizado e entregar o seu domínio à rapina e à exploração desenfreada dos monopólios internacionais e nacionais é outra medida que este Governo levará gostosamente à prática se tiver condições para isso. Roubar a terra aos pequenos e médios camponeses é outra das exigências da Europa dos monopólios.
Controlar e embrutecer o povo através de uma informação centralizada pelo Poder adquire uma grande importância para este Governo. É por isso que a comunicação social fica sob a dependência directa de Sá Carneiro. É por isso que já se anunciam pessoas incompetentes e corruptas, mas fieis e obedientes servidores do grande capitai, como Proença de Carvalho e Humberto Lopes, .paia lugares importantes na comunicação social.

Vozes do CDS: - Não apoiado!

O Orador: - Outra grande tarefa deste Governo é fazer das forças armadas um instrumento ainda mais dócil nas mãos dos generais da NATO, para que elas funcionem como reserva agressiva do imperialismo norte-americano e como instrumento de repressão das massas populares portuguesas.

Vozes da maioria parlamentar: - Não apoiado!

O Orador: - Entregar as rédeas da economia às cem famílias monopolistas, submeter ainda mais o nosso país à política agressiva da NATO e do FMI, integrar Portugal na selva da concorrência e da exploração desenfreada da Europa dos grandes capitalistas, destruir todas as conquistas de Abril e os interesses das massas populares, eis, em suma, os frios objectivos deste Governo.
Mas a AD engana-se ao .pensar que o terreno está preparado para a sua revanchista ofensiva!
Foi em nome de mudanças, que muitos portugueses, sobretudo camponeses pobres e médios, pequenos e médios industriais e comerciantes, lhe deram o seu voto.
Mas era uma mudança favorável a estas, classes que a AD prometia satisfazer na sua demagogia eleiçoeira. O programa do Governo é a contradição, mais completa com estas demagógicas promessas.

O Sr. João Morgado (CDS): - Não diga asneiras!

O Orador: - Onde está o combate ao desemprego, à falta de habitação, à falta de condições sanitárias?
Onde está a defesa da pequena e média indústria e comércio?
Que é feito do prometido apoio aos trabalhadores do campo?