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248 I SÉRIE - NÚMERO 7

Foram frases bonitas para a campanha eleitoral. A AD vai procurar cumprir aquilo que disse quando colocou no centro da sua campanha a questão da mudança. Mas a mudança que procurará levar à prática é uma mudança de miséria e repressão sobre as massas populares e de enriquecimento dos parasitas nacionais e internacionais.

O Sr. Alexandre Reigoto (CDS): - Olha quem fala!

O Orador. - É prematura, pois, por parte do Governo e seus apoiantes, a fanfarronada triunfalista a que neste debate assistimos. Este Governo é um Governo minoritário a nível do País, apesar dos malabarismos de retórica que aqui se têm feito para esconder este facto importante. Mas mais minoritário será quando os trabalhadores, sobretudo aqueles que votaram na AD, sentirem na carne os efeitos da política levada a cabo pela equipa Sá Carneiro/Freitas do Amaral. Então, a AD será minoritária no País e no Parlamento e os saudosistas do passado terão de encolher de novo as suas garras.

O Sr. Alexandre Reigoto (CDS): - Querias!

Risos do PSD e CDS.

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Este Governo vai seguir, pois, uma política de confronto com o movimento popular e com os interesses nacionais. A UDP nunca baixou as suas bandeiras de luta perante os Governos que não serviam os interesses do povo, e mais uma vez assim sucederá.
Não nos atemorizam os objectivos políticos antipopulares deste Governo nem os seus métodos salazarentos. Sabemos que o combate vai ser duro, sabemos que este Governo vai encetar uma brutal ofensiva contra tudo aquilo que signifique Abril e interesse nacional.
Não nos encontrarão na expectativa ou de braços cruzados! Como não somos revolucionários dos momentos fáceis,...

O Sr. José Manuel Casqueiro (CDS): - Muito bem!...

O Orador: - ... no povo e na sua luta encontraremos a força e a coragem para resistir e vencer.
E é o povo, até grande parte do povo que votou AD, que se vai levantar em torta para defender Abril, as liberdades, a Constituição, para lutar pelos seus direitos.. Apesar de toda a arrogância do Governo e dos seus apoiantes,. com a luta popular a sua política será derrotada e a arrogância triunfalista será reduzida a cinzas.

Risos do PSD e do CDS.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Na sequência do que sempre afirmámos na campanha eleitoral, a UDP continua a basear as suas posições, na certeza de que o País dispõe de todos os meios para sair do pesadelo da crise económica e assegurar a todos os portugueses uma vida digna.
A solução das dificuldades do País não se encontra, pois, na via preconizada pelo governo da AD: no endividamento do País ao estrangeiro, na aceitação de todas as exigências impostas pelo monopólios da CEE e da NATO, no apoio à «constituição, em Portugal, dos grandes monopólios que sempre prosperaram à custa das dificuldades dos trabalhadores.

O Sr. João Morgado (CDS): - Outra vez?!

O Orador: - Esse caminho, reclamado pela AD, em coro com a finança internacional, só pode trazer como resultado a desorganização económica total, sacrifícios terríveis para os trabalhadores e, por fim, a instauração de uma ordem económica e de um regime político em tudo contrários ao 25 de Abril.
A solução dos problemas com que o nosso país se debate está no caminho oposto: uma política de desenvolvimento económico virada para o mercado interno e para a satisfação das necessidades vitais do povo, uma política que tome como eixos fundamentais o sector nacionalizado, a Reforma Agrária, a pequena produção camponesa, e que coloque o sector capitalista privado no lugar secundário que efectivamente lhe foi destinado pelas transformações de Abril.
Ë por isso que a UDP reclama uma política que ataque decididamente a acumulação de capital, que tem vindo a fazer-se de novo, nas mãos de uns poucos, que agrave os impostos sobre as fortunas, que impeça a hemorragia de capitais para os bancos estrangeiros, que obrigue o patronato a pagar os milhões de contos à Previdência.
Para que a crise económica fosse vencida, seria necessário que se atacassem os privilégios, a corrupção, que se rompesse a teia de interesses inconfessáveis instalados no aparelho de Estado.
Seria, acima de tudo, necessário que se pusesse termo à humilhante tutela dos bancos estrangeiros sobre a nossa economia, e se cortasse com a afrontosa e intolerável pressão militar estrangeira, que se faz sentir em todos os sectores da vida nacional através da NATO.
A UDP afirma: o caminho do desenvolvimento económico, do bem-estar social, da justiça e do progresso está indissoluvelmente ligado à defesa da independência nacional.
Da mesma forma, ao contrário do que afirma a AD, a via para o progresso e o bem-estar dos trabalhadores não passa pela revisão da Constituição e pela instauração de um regime político autoritário e repressivo.
Pelo contrário, só um governo que respeite integralmente a Constituição e dê as mais amplas liberdades aos trabalhadores e à intervenção dos seus órgãos de classe nos mais variados aspectos da vida nacional, será capaz de aplicar as medidas enérgicas que permitam retirar o País do pesadelo da crise.
Por tudo isto, a UDP votará contra o Programa deste Governo, e apelamos a que os trabalhadores e o movimento popular, pela firmeza da sua luta, ergam uma oposição consequente à sua política.
Na realidade é na energia com que as massas trabalhadoras souberem lutar em defesa dos seus interesses, que se poderá encontrar a solução dos graves problemas económicos e políticos que pesam sobre o nosso país.
A luta dos trabalhadores portugueses desenrola-se hoje numa conquista política mais difícil.
Apesar das contradições que os separam e opõem, os diferentes partidos de direita apareceram unidos pela primeira vez em torno de um projecto político