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678 I SÉRIE - NÚMERO 18

armas e companheiros do 25 de Abra. E todos ales ouviram da boca daqueles que -iam anclausurando e amordaçando não uma profecia, mas tão-somente o aviso clarividente de quem sabia o que da passar-se: a democracia não se defende atacando os democratas, não se defende dando força aos seus inimigos, nem barrando o caminho ao movimento popular - eles próprios seriam os próximos alvos!
Naturalmente que a defesa ideológica que elaboraram foi recolhida dos cânones da classe dominante paira justificar o seu próprio sistema repressivo. Naturalmente que esses cânones estão recheados de belas mentiras, como liberdade, democracia e até socialismo. Naturalmente que nada disso é posto em prática mas, também naturalmente, há milhares de razões para que assim seja e mais uma que os senhores da AD não querem dizer: é que a liberdade e a democracia são impossíveis com a direita e que só um movimento popular forte, unido, organizado e combativo poderá impor a liberdade, e a democracia - que só existem se forem para os trabalhadores e para o povo- e o socialismo, em luta contra os seus inimigos.
Todas as leis que limitam os direitos dos trabalhadores, que ataquem minimamente as conquistas democráticas e radicais do movimento popular depois do 25 de Abriu, impedem o crescimento da força do povo, facilitam e perpetuam o fortalecimento da direita e dos interesses antipopulares. A vida, principalmente desde o 25 de Novembro no-lo tem mostrado.
Terão os conselheiros percebido, finalmente?
Depois de algumas posições quase radicais vindas a público poderíamos ser levados a crer que sim.
Mas, no entanto, que vemos nós?
Mais cedências, mais compromissos que mais a cumplicidade se assemelham, na medida em que aceitam a demissão do Conselho da Revolução em matéria da sua exclusiva competência como garante da Constituição, face a um gentlemen agreement invocando, singelamente, razões políticas pata não pôr em causa mais alguns dos arbitrários e reaccionários actos do Governo. Assim, a Constituição da República é («traída» por razões políticas!... Muito nos admiraria que fosse por outras!
Passo a citar Babeuf em 1795.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Babeuf? Boa!

O Orador: - E vós mandatários do povo! Preocupai-vos apenas, longe de o entravar, em ajudar o seu avanço. É o vosso único meio de salvação. Escutai a voz do povo e sede apenas seus intérpretes... Deste modo, o povo perdoar-vos-á o haverdes sido por um momento os intérpretes da voz do falso povo, domingo feroz do povo infinito e imemurável, do povo a quem tudo se deve e que merece tudo. Sob esta condição, esse verdadeiro povo salvar-vos-á da voragem do povo carnívoro que, depois de todos os favores que outrora recebeu de vós, continua a ameaçar-vos surda e furiosamente. Apesar de algumas precauções que haveis tomado contra essa raiva, não vos imagineis fora de perigo das mordeduras; não acrediteis sequer poder salvarmos sem o auxilio e o constante apoio do verdadeiro povo.
Como a linguagem dos revolucionários permanece válida apesar de duzentos anos de distância! E como, por isso mesmo, os pusilânimes do século XX não são capazes de seguir, sequer de repetir palavras tão claras, tão simples e tão verdadeiras!
Que aqueles que no CR defendem Abril tenham coragem de as seguir. De qualquer forma, o movimento popular segue em fronte, amplia-se, radicaliza-se e tormar-se-á imparável.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Casqueiro.

O Sr. José Manuel Casqueiro (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Como Deputado eleito pelo círculo de Portalegre, como defensor que sou da realização de uma verdadeira Reforma Agrária, quero assinalar, porque não posso deixar de o fazer, a entrega para exploração individual de tetras a trabalhadores concretizada no concelho de Sousel, e que se vai estendendo por todo o Alentejo munia demonstração inequívoca, que não era verdadeira, nem correcta a tese de que os trabalhadores rurais do Sul só desejavam ser assalariados rurais, quer no sector colectivo, quer no privado.

O Sr. Rui Pena (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Os trabalhadores demonstram assim que querem ascender ao uso individual da terra, e, mais do que isso, à sua posse útil, única forma de atingirem a sua própria liberdade.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Por isso mesmo este acto governativo posto em prática pelo Governo da Aliança Democrática reveste-se de um significado histórico, dado que, posso repeti-lo sem hesitações, representa um passo decisivo para a realização de uma verdadeira Reforma Agrária.

O Sr. Rui Pena (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Inicia-se, assim, a criação de uma nova estrutura fundiária, social e política, que vem por certo contrariar o conservadorismo dos velhos e novos senhores da teima, que não podem, no seu imobilismo, ver com bons olhos aparecer no horizonte uma nova geração de agricultores.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Assim, o Governo da Aliança Democrática dá cumprimento, de forma inegável, às promessas que os seus Deputados fizeram aos eleitores. Principia, assim, a cumprir-se o projecto agrícola e de mudança que propusemos a Portugal.
Compreendo, por isso mesmo, o pânico e a desorientação que reinam nas bancadas comunistas e socialistas que, incapazes de compreender a realidade e a existências palpável de uma nova maioria