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972 I SÉRIE - NÚMERO 24

ão dos grandes senhores, dando por mal empregue o crédito que é devido .por novéis figuras desta terra que tanto amamos.

Vozes do PSD e do PPM: - Ah!

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Tenho dúvida, tenho dúvida!

O Sr. Presidente:- Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Maldonado Gonelha.

O Sr. Maldonado Gonelha (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Gostava de fazer umas perguntas muito simples ao Sr. Deputado Sousa Tavares.
O Sr. Deputado disse na sua intervenão que a banca antes do 25 de Abril não era séria e eu pergunto-lhe se se referia ao Banco de Portugal e à Caixa Geral de Depósitos ou à banca privada.
Não tive a certeza se da sua observação decorria a conclusão de que a banca actual também não é séria. Se assim foi gostava de saber porquê. Considera o Sr. Deputado que todos os funcionários bancários que estão neste momento nos bancos existentes em Portugal são parasitas e que adquiriram o seu posto de trabalho por serem membros de partidos políticos?

O Sr. Presidente: - Não havendo mais pedidos de esclarecimento nem protestos, o Sr. Deputado Sousa Tavares poderá usar da palavra para responder, se assim o entender.

O Sr. Sousa Tavares (DR): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Começando pelo Sr. Deputado António Arnaut, queria dizer-lhe que me interpretou com certeza mal. Eu não sou contra o Estado - não me parece, aliás, que alguma vez tenha tido manifestações de anarquismo.

Risos.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Olhe que sim, olhe que sim!

O Orador: - Eu, ao considerar que o Estado é livre e forte quando não está enleado em interesses económicos, proeuro exactamente criar á imagem do Estado democrático que, quanto a mim, deve estar livre e acima de laços económicos.
Quanto à diatribe do Sr. Deputado Vital Moreira, eu queria dizer que também o Sr. Deputado está no século XIX porquanto o marxismo que o Partido Comunista defende é o marxismo de há mais de 100 anos.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

É bom não esquecer que as grandes profecias de Marx foram todas desmentidas.

Risos do PCP.

O Sr. Álvaro Brasileiro (PCP): - Tem fraca memória!

O Orador - Basta dizer que, para Marx, o comunismo se havia de verificar nas sociedades industrial mente mais desenvolvidas, como apoteose do desenvolvimento industrial e pelo contrário o colectivismo apenas se tem manifestado como um processo de desenvolvimento rápido de acumulação de capital e de intensificação da indústria pesada. Contrariamente, à profecia portanto de Marx, foi normalmente em países de economia agrária que se conseguiu instalar o comunismo, e, mesmo assim, pela força. Quer dizer que, por revolução interna, o comunismo só se instalou em países de economia agrária e não em países de economia industrial desenvolvida.
Outra profecia de Marx completamente desmentida é a que se refere à acumulação das empresas. Ora, longe de se verificar essa acumulação, o que se deu foi a multiplicação das empresas, embora o fenómeno das multinacionais possa talvez encontrar em Marx uma profecia longínqua. Não vale, portanto, a pena estar aqui a discutir quem é que está ou não no século XIX.
Devo referir que sou acompanhado por quase toda a intelligentsia europeia da década de 70 na afirmação de que o marxismo está ultrapassado no campo filosófico e no campo das ideias, e não havendo hoje jovem promissor intelectualmente, a não ser talvez em Portugal, e isso é triste, que continue a acreditar na cartilha marxista.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM e risos do PS, do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Que inteligente!

O Orador: - Inclusivamente vão na mesma linha alguns dos nossos maiores pensadores que andaram bem perto do marxismo. Cito, por exemplo, o caso de Eduardo Lourenço de Faria que ainda há bem pouco tempo escreveu - suponho tratar-se de autor insuspeito- que a década de 70 estava marcada irremediavelmente como o início do fim do marxismo como pensamento social dominante.

O Sr. Vítor Louro (PCP): - Aí está um pensamento profundo!

O Orador: - Estou, pois, em boa companhia e não vejo o que é que o pensamento anticolectivista tem de século XIX. É um pensamento inteiramente vivo, é até em parte um pensamento socialista, na medida em que grande parte do socialismo hoje em dia se reclama de um socialismo de distribuição e não de um socialismo de produção.

Risos do PS, do PCP f do MDP/CDE.

Aliás, um dos traços fundamentais do atraso cultura português em matéria de socialismo é a tentativa de assentar este exclusivamente no socialismo de produção. A Revolução em Portugal foi feita contra a produção, mas deixou-se criar monopólios, tendo-se até incentivado monopólios de distribuição inteiramente escandalosos. Quero recordar que, por exempla, o comércio de carnes foi entregue em monopólio a um só homem por um Primeiro-Ministro que se chamou Vasco Gonçalves e cujas ideias com certeza não eram parecidas com as minhas.

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

A esse homem foram, portanto, dados plenos poderes para garantir o abastecimento de carne à Nação,