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1486 I SÉRIE - NÚMERO 37

Para o que é preciso olhar é para o plano de regadio da Cova da Beira, para a indústria de lanifícios da área da Covilhã, para o parque industrial da Covilhã e para a zona industrial de Castelo Branco, para o pólo industrial da Guarda, para a campina de Idanha, para os pólos industriais de Alcains e Cebolais, para o desenvolvimento e expansão da Portucel, para os projectos em curso nas Minas da Panasqueira, para a exploração da riqueza florestal, etc.
Transmiti aqui perguntas concretas, para as quais a população de Castelo Branco exige respostas concretas.
As decisões - e as indecisões - em matéria de vias rodoviárias e ferroviárias repercutem fortemente no futuro da região.
As populações do distrito de Castelo Branco fazem um desafio concreto, exigem os meios fundamentais para o desenvolvimento regional, e, entre eles, investimento e transportes e comunicações. E aos que têm de decidir, mas estão indecisos, aos que temem acima de tudo ver ruir a sua capelinha (que alimentam impedindo o desenvolvimento regional), o povo de Castelo Branco afirma: «Dêem-nos os meios!» E pergunta: «Vale o desafio?!»

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Igualmente para uma intervenção item a palavra o Sr. Deputado Almeida Santos.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente e Srs. Deputados: l - Somos um País distorcido, para não dizer aleijado, do ponto de vista da repartição das vantagens. Em termos de ética distributiva. Portugal é uma iniquidade.
Além do abismo que separa os mais ricos dos mais pobres e os; mais cultos dos mais ignorantes, à beira-mar vivem os filhos, no interior os enteados.
A atracção do mar - eu sei - foi maldição para a montanha. Os maus ventos de Castela - é conhecido - desertificaram as solidões da raia. E sucessivos Governos, mais do que centralizadores palacianos, desfitando as estatísticas acusatórias, foram pactuando com esse pendor, deixando cavar o fosso.
Veio assim o interior a ter 7 % dos médicos, contra os 93 % do litoral, .para citar apenas a cifra mais perversa. No interior do País pode morrer-se à vontade.
Natural do distrito da Guarda, conheço de menino a maldição que sobre ele se abate. É um distrito subdesenvolvido e por isso pobre. Rico, porém, em
potencialidades e virtudes. Portugal é todo ele coração. Mas por um ignoto capricho da nacionalidade, é decerto ali que o amor do próximo, traduzido no prazer de dar, atinge também o seu cume mais alto.
Escolheu-o a Natureza para de mais perto podermos ver as estrelas. Da Estrela se chama o altar para o efeito erguido. E nas vertentes da serra desse nome vive o mais luso dos Lusos. O mais esquecido também.
2 - A Guarda é uma cidade em acelerado processo de esvaziamento. O progresso passa-lhe sistematicamente ao largo. E os governantes, sem excepção, incluem-na nas suas tácticas amnésias.
Não mais afortunado do que a sua capital, o distrito, todo ele, há muito se deslocou dos ponteiros do relógio do progresso. Subsiste por milagre de uma natureza que se fortaleceu a remoer as próprias agruras.
Outras cidades do interior, apesar de tudo, lentamente crescem, recebendo o seu óbulo de novas, repartições, novos institutos, novas indústrias. Satelizada em relação a Castelo Branco em matéria de organização agrária, ou em relação a Viseu para efeitos de saneamento básico, a Guarda vê passar o comboio do futuro e vai ficando cada vez mais pobre. A erradicação da tuberculose fechou-lhe o sanatório. O reordenamento militar do território encerrou-lhe o quartel. Prometeram-lhe, e chegou a ser criado, um instituto de informática, mas ficou no papel. Prometeram-lhe, e chegou a ser instalada, uma escola de enfermagem, que, porém, não funciona por falta de enfermeiros. (Disso falou aqui com inteira pertinência, a Sr.ª Deputada Marília Raimundo). Pensou-se em criar na Beira Interior um instituto universitário, e logo se pendeu para na Covilhã o concentrar. A Guarda, que ensinou a ler o Pais, e onde ainda há apenas alguns anos vinham matricular-se no 6.º ano liceal os alunos da Covilhã, foi uma vez mais esquecida.
Perante os seus veementes protestos, a que se seguiram os de Castelo Branco, fez-se uma «vaquinha» em termos de repartição do bolo ainda não muito claros. De qualquer modo, o instituto continua sem ser efectivamente instituído. Da estrutura orgânica do Parque Natural da Serra da Estrela coube ao distrito da Guarda uma delgadíssima fatia. As sedes de novos serviços regionais saltitam em torno da Guarda, mas não se fixam nela.
Aprovou-se o Projecto Renault, e não só se não pensou na Guarda -onde a Renault Portuguesa nasceu - para ali se instalar uma das previstas unidades de montagem, como se optou por encerrar a unidade de montagem ali existente, embora com a garantia de manutenção dos actuais .postos de trabalho no quadro da reconversão da mesma unidade.
Deliberou-se a construção da barragem do Caldeirão, com projecto, dotação, notícia nos jornais e o resto, mas frustradas foram até hoje as esperanças depositadas nele.
Impulsionou-se o projecto de construção de uma via rápida de Aveiro a Vilar Formoso (de que falou aqui o Sr. Deputado Emílio Leitão Paulo), e logo se adensou o fantasma de que poderia passar longe da Guarda, por forma a desviar o trânsito internacional que hoje se faz por ela. Esta ansiedade persiste. E a Guarda não sabe o que para si será pior: se não se construir essa via, que a prevista integração na CEE torna tão indispensável, como unir a Europa, se construí-la ao largo do seu termo, passando ao velho burgo uma impiedosa certidão de óbito.
Ainda a via rápida de Aveiro a Vilar Formoso não foi construída e já se adensa sobre Seia, Gouveia e Celorico o fantasma da despromoção da actual estrada da Beira, que liga Coimbra a Vilar Formoso, que se diz e receia candidata à qualificação de estrada secundária e à consequente degradação progressiva.
Quando nos queixamos, já mais por hábito do que na esperança de que valha a pena, respondem-nos que a Guarda carece de infra-estruturas atractivas para os quadros do funcionalismo ou das empresas.