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26 DE ABRIL DE 1980 1653

forma a facilitar o seu acesso e a sua prestação de serviços ao produtor.
Como resposta ao segundo objectivo, criou-se a EPAC em Agosto de 1976.
E, com a criação da EPAC, processo difícil e só passível pela forte liderança e pelo espírito de equipa que os dois gestores agora saneados conseguiram efectivamente introduzir na Empresa, criando um objectivo e uma meta comum a todos os seus trabalhadores, estimulando-os, canalizando construtivamente os seus esforços para uma obra de conjunto, conseguiu-se ini1udivelmente a concretização dos seguintes objectivos:
1) Completa fusão orgânica e funcionamento dos dezanove organismos ou entidades que tinham dado origem ao Instituto dos Cereais, fusão total conseguida efectivamente no prazo record de pouco mais de um ano;
2) Uniformação total do estatuto de pessoal, criando um único estatuto para todo o pessoal da Empresa;
3) Criação de, um espírito de identidade e de unidade, isto é, criação de um verdadeiro espírito da Empresa;
4) Adopção de métodos e de uma mentalidade de gestão empresarial;
5) Valorização de um espírito de utilidade, perante o exterior: os produtores e o consumidor;
6) Preparação da Empresa e dos seus trabalhadores para as inevitáveis alterações institucionais que a CEE determina.
Em suma, desde a unificação do estatuto de pessoal à unificação dos processos de gestão, à instalação física, etc., criou-se uma empresa, uma verdadeira unidade económica, com implantação e prestígio nacional e internacional, com eficácia de actuação e de serviços. E isto, por mais que custe ao Governo AD foi uma obra dos dois gestores saneados, foi uma obra dos Governos socialistas, foi uma obra só possível pelo espírito de construção comum de um objectivo que os gestores saneados souberam criar em todos os trabalhadores, e, se a EPAC na campanha que se aproxima cumprir sem problemas, como se espera e como é sua obrigação, a sua função de escoamento do trigo, tal deve-se apenas ao esforço interno e à importante obra que se realizou nos últimos quatro anos.
Mas falámos do passado, do presente fizemos o balanço, falemos agora do futuro que os gestores saneados e os Governos socialistas preparavam e desejam para a EPAC.
A próxima integração de Portugal na CEE seria, por isso só, facto bastante para determinar uma evolução necessária na Empresa, mas não só. A necessidade de dotar os agricultores portugueses de importantes instrumentos de comercialização e escoamento dos seus produtos, instrumentos que eles possam controlar e gerir, que sejam seus é um factor dominante na política socialista. Ora, o projecto socialista de evolução da EPAC compreenderia exactamente o aproveitamento das vastas estruturas regionais daquela Empresa, materiais, humanas, de conhecimento, em conjunto com a sua experiência e prestígio internacional, para dar origem à primeira régie cooperativa a constituir neste país, régie, cooperativa que, representando a associação íntima entre a EPAC, entre o Estado e os agricultores portugueses, não só representaria uma importante força no domínio da comercialização eficaz dos produtos agrícolas, como, e mais importante, representaria uma força efectiva de comercialização cooperativa. É este o apoio eficaz, o apoio real que, no domínio da comercialização, o Estado pode e deve dar ao movimento cooperativo. Colocar ao seu serviço, sob a sua gestão, com a sua participação, as actuais estruturas estatais de comercialização, assegurando simultaneamente não só a força e a viabilização do movimento cooperativo, como também e própria sobrevivência das estruturas estatais existentes de outra forma coordenadas na estrutura económica e concorrencial do Mercado Comum.
A EPAC deveria assim, num quadro de liberdade de comércio e de livre circulação de matérias-primas como o que se prepara e deseja com a integração de Portugal na CEE, prosseguir a sua actividade segundo dois vectores dominantes: a actuação eficaz e competitiva de uma empresa do sector terciário prestadora de serviços, de armazenagem, de movimentação portuária, de trader nacional e internacional. Actividade a desempenhar num cenário de livre concorrência, mas onde as transformações verificadas na Empresa desde 1976 permitem encarar com tranquilidade o desafio da competitividade; a actuação vital de motor de uma vasta régie cooperativa de comercialização de produtos agrícolas, régie cooperativa que surgirá da ligação íntima entre a EPAC - e o Estado por seu intermédio - e os agricultores portugueses, régie cooperativa que constituirá a melhor arma para que os agricultores portugueses encarem, eles também, com tranquilidade a política de livre comércio e circulação de mercadorias que o Mercado Comum nos trará; régie cooperativa que, embora acessoriamente, constituirá a única forma de aproveitamento útil de uma estrutura que, espalhada por todo o país e com distribuição a nível quase concelhio, representa cerca de dois mi1 trabalhadores, mais de novecentos pontos de armazenagem e mais de 4 milhões de contos de património; estrutura que, de outra forma, estiolará progressivamente, como encargo extra do OGE.
Esta régie cooperativa, a surgir da ligação entre a EPAC e os agricultores, estenderá as suas actividades não só ao campo dos cereais e sementes, mas a um âmbito muito mais vasto, se bem que de forma progressiva. De facto será a base, o núcleo desse instrumento de comercialização cooperativa de quase todos os produtos agrícolas. Poderá abranger as oleaginosas, o vinho, a batata, os produtos horto-frutícolas, a própria carne, com a função de algumas estruturas da Junta Nacional dos Produtos Pecuários, etc.
Mas que quer afinal o Governo da AD? Já se definiu claramente o que a AD não quer. A criação de um importante instrumento de comercialização ao serviço do movimento cooperativo e de clarificação do mercado. Também não quer que se prove o que a EPAC iria provar: a vitalidade, o dinamismo, a criatividade de uma empresa pública capaz de, por si só, sem a bengala do OGE, enfrentar o importante desafio institucional da perda dos monopólios, situação que a EPAC encara desde 1978. 0 que a AD procurará conseguir com as transformações e cisões da Empresa que prepara sob contrôle e tutela da CAP - dividir para reinar - será um panorama de organismos ou empresas públicas estioladas, limitadas no seu campo de actuação, vivendo ao arrimo do OGE para, mais uma vez, poder triunfantemente afirmar