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30 DE MAIO DE 1980 2593

Se cesteiro que faz um cesto faz um cento, a terra que, sem apoios, de um Carlos Lopes pode, com eles dar um cento e, como ela, muitas outras e, quando mesmo os não dessem, a simples garantia do direito ao desporto é já um premo que por si só justificara a conjugação de esforços de todos os homens de boa vontade. Assam haja a modéstia suficiente para trabalhar em conjunto e recusar tendências hegemónicas.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, também para uma declaração política, o Sr. Deputado Azevedo Soares.

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A referência indiferenciada a «oposição» e «oposições», quer peja maioria, quer pela oposição, não é algo que lenha a ver com imanas incorrecções terminologias, antes traduz, ora uma análise serena dos factos, ora uma atitude voluntariosa perante a história. E se neste plano também nós gostaríamos de falar em ao posições», quando confrontados com os factos que temos que falar em «oposição».
Na verdade, se. observados do exterior, o PC, o PS e o MDP apresentam-se como uma e a mesma realidade, pose embora as piedosas manifestações de autonomia.
E é precisamente na presença e no comportamento do MDP nesta Assembleia que essa realidade se toma mais nítida. Entrando nesta Câmara pelas portas da APU, o MDP é, como há tempos aqui referi, uma estafada, e caduca forma de mistificação política e capa do disfarce eleitoral do PC. Mas o seu comportamento, cordato, civilizado, balanceando-se entre o PC e o PS, é o instrumento que aquele utiliza para eliminar o fosso que entre ambos existe, O MDP é assim, a serpente: que tenta ou a sereia que encanta, e pena é que o PS não tenha sabido resistir à tentação ou ao encantamento.

Protestos do PS.

O MDP é, na realidade das coisas, uma extensão do PC e, na aparência dos factos, um limite do PS. Funciona como válvula num sistema de vasos comunicantes. Confere realidade colectivista ao PS e aparência democrática ao PC.

Aplausos do CDS. do PSD e do PPM.

A unidade na oposição é evidente; o reflexo da sua imagem é o MDP.
Mas, porque a história desenvolve não na aparência dos factos, mas na substância das coisas, o PS perdeu já a sua autonomia ideológica e, estratégica e, simultaneamente, perdeu a sua própria identidade

O Sr. Eduardo Pereira (PS): - Não me diga! ...

O Sr. Carlos Candal (PS): - Põe-se um anúncio a ver se aparece!...

O Orador: - Não são os homens de Paris, de Argel ou da Suíça que dirigem o partido, mas sim os tecnocratas de Lisboa e aqueles que encontraram no PS o meio de realizar o seu projecto, tão claramente expresso o tão ardorosamente defendido até à sua. recente, e em bloco, entrada no partido. De um partido maior ou menor, com ou sem afianças, resta-nos uma coligação de ex-GIS, ex-MES e ex-ministros.

Aplausos do CDS.

Protestos do PS.

E como se tal não bastasse, propõe-se formar uma frente eleitoral com ex-PSDs e ex-PSs.

A Sr.ª Maria Emitia de Melo (PS): - E o que é que o senhor tem a ver com isso?!...

O Orador: - De ex-maior partido, de ex-partido do Governo, o Parlado Socialista prepara-se para ser o ex-Partido Socialista.

Aplausos do CDS.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Só diz parvoíces!

O Orador: - Compreende-se, assim, que enquanto os seus fundadores e1 os seus dirigentes históricos pró feriam a candidatura presidencial de Mário Soares, ou seja, uma candidatura PS, os novos senhores defendam a. candidatura Eanes, ou seja, uma candidatura, pelo menos, não PS.

A Sr.ª Maria Emília de Melo (PS): - O PS não defende é a candidatura de fascistas!...

O Orador: - Igualmente se compreende que a engenheira Maria de Lurdes Pintassilgo mereça a protecção incondicional do Partido Socialista e seja vista, aos olhos de todos, como potencial candidata a lugar de primeiro-ministro, posem embora os assomos de amor-próprio com que se pretende rodear o apoio à candidatura do general Ramalho Eanes.
De :um Mário Soares incensado, secretário-geral adulado, primeiro-ministro indiscutível, candidato potencial a Presidente: da República, releia-nos um vice-presidente da Internacional Socialista e um apelante a um primeiro-ministro que não é do partido e ia um Presidente da República que já uma vez lhe abriu a ponta da gaiola.

A Sr.ª Maria Emília de Melo (PS): - Não diga asneiras!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não foram os reflexos da situação descrita ao nível das instituições e só teríamos que nos regozijar com ela. Mas no momento em que o PS se prepara para apoiar a candidatura do general Eanes é legítimo e oportuno que sobre tal foi nos pronunciemos, sem que com isso ponhamos em causa o respeito que S. Ex.ª, como Presidente da República, nos merece.
No horizonte das eleições presidenciais, e a, partir do momento em que a Aliança Democrática manifesta publicamente o seu apoio a um candidato, perfila-se algo de semelhante ao que ocorreu em Agosto de 1975. Então, e na lógica do processo revolucionário, constituiu-se o célebre ... Otelo e Vasco Gonçalves caíram no 25 de Novembro. Ficou Costa Gomes. Também agora Otelo é candidato da extre-