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2770 I SÉRIE - NÚMER0 62

correspondência, projecto de alteração da Lei Eleitoral, todos eles são bravamente, defendidos pela imprensa ao serviço do poder económico. E podemos lembrar que essa indentificação do Governo e de certa imprensa com o 24 de Abril é mais do que transparente mesmo ao nível do Governo, ao nível oficial. Para ele caminhamos pelas mãos do Ministério da Comunicação Social. Tanto assim que em director-gerial da Informação o Governo AD pôs um homem do 24 de Abril, o mesmo que era director de 0 Século de Jorge de Brito, em 24 de Abril.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Será para levar por diante as conquistas democráticas.da Revolução.?
Contando com os seus jornais, pagos pelo poder económico e muitos deles contando com os favores da banca nacionalizada, banca que se fecha aos jornais democráticos, busca-se por igual manipular a comunicação social estatizada até contra a letra expressa da lei. Tanto assim que houve nomeações impostas, em determinados jornais, contra o parecer dos conselhos de redacção, e em outras se não respeitou o parecer dos conselhos de informação. Acentue-se, aliás, que os partidos da direita sabotam sistematicamente o funcionamento dos conselhos de informação, desde que neles se encontrem em minoria. Digamos que são lógicos, dada a falta de mentalidade democrática.

Aplausos do PS e do MDP/CDE.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Assistimos neste momento na imprensa, como em toda a vida nacional, à confrontação entre o espírito democrático com a mentalidade classista, de privilégios, que caracteriza a direita. Pretende-se um regime atento e venerador, ao serviço de alguns potentados. Para isso há que preparar o terreno e a direita repete os planos que tão bons frutos deram em 1926; mas, desta vez, manipulando a comunicação social, e através dela a opinião pública, por caminhos de pretensa legalidade. 0 cordeirinho iria estender a cabeça no cepo, mas sem ao menos um balido de protesto.
Mas, felizmente, o povo tem consciência do que se passa. Como antes do 25 de Abril, o povo está desconfiado dos meios da comunicação social.

O Sr. Ângelo Correia (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Está a deixar de acreditar neles. Porque os sente manipulados. E o mesmo povo, deixando de acreditar na comunicação social manipulada, deixa de acreditar também no Governo manipulador.

Aplausos do PS do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Da esquerda manipuladora!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Adelaide Paiva para pedir esclarecimentos.

A Sr.ª Adelaide Paiva (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Raul Rego: Ouvi atentamente a exposição algo histórica que o Sr. Deputado proferiu e pareceu-me entender que de toda ela surgiu uma defesa do Sr. Deputado, de uma intervenção que seria francamente sádia, do peder político na imprensa privada.
Portanto, gostaria de, perguntar ao Sr. Deputado se enquadra esta posição em jornais como Portugal Socialista, 0 Diário, A Rua, A Barricada e 0 Jornal e que medidas sugere ao Governo para, efectivamente, consubstanciar essa intervenção do poder político na imprensa privada.

O Sr. Presidente: - Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra. o Sr. Deputado Azevedo Soares.

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado Raul Rego, numa brilhante peça oratória a que só terão faltado algumas expressões em latim, teceu alguns considerandos de natureza política geral. E - apesar de não irmos entrar aqui na sua discussão - há um que julgo que teria algum interesse colocar-lhe, e que é o seguinte: o Sr. Deputado Raul Rego entende que as eleições foram falseadas? Entende que os resultados das eleições de 2 de Dezembro não trouxeram a esta Câmara uma maioria inteiramente democrática e que, portanto, todas as confabulações políticas que o Sr. Deputado teceu à volta do regime democrático e à volta das convicções democráticas desta maioria, no fundo apenas assentam em fantasmas e em saudosismo do poder por parte do partido a que pertence?
Sr. Deputado, o cumprimento que este Governo tem feito e o Estatuto da Oposição não é também mais uma prova cabal de que da parte deste Governo - aqui afirmativamente apoiado pela maioria - há o respeito pela oposição mas pela opo-sição quando ela se comporta como tal e não quando vem, de facto - para além de todo o brilhantismo da exposição de V. Ex.ª - rodear-se de situações de confabulações que nada têm a ver com a realidade?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Raul Rego para responder.

O Sr. Raul Rego (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Começando por responder ao Sr. Deputado Azevedo Soares, quero-lhe dizer que acho que as eleições foram reais, os resultados têm de ser acatados. Portanto, o Governo subiu democraticamente ao poder, mas não tem mostrado mentalidade democrática.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Entre ser um Governo democraticamente eleito e um Governo de mentalidade democrática ao lado do povo, há uma diferença muito grande.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Em relação à pergunta da Sr.ª Deputada Adelaide Paiva sobre o facto de saber as medidas que sugiro ao Governo para que a imprensa corresponda realmente àquilo que deve ser, traduzindo o sentir do povo, é simplesmente que esse Governo se identificasse também com o sentir do povo e não apenas com o sentir da classe possidente e latifundiária.

Aplausos do PS.