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3094 I SÉRIE - NÚMERO 67

postas honrosas. Essa afronta sofreu-a ele com um estoicismo que se não pode confundir com indiferença, e entretanto serviu essa mesma universidade com uma dedicação que impõe o respeito.
A par do historiador, do homem da cultura, do militante antifascista, havia também, e sobretudo, uma personagem fascinante, tímida e generosa, cujo convívio fraterno gerava em si próprio a democracia.
Sr. Presidente, se me permite - faço-o a título pessoal, visto que o meu partido, como é normal num momento destes, não quer trazer matéria controversa para esta Assembleia -, gostaria ainda de acrescentar que fui colega de Universidade de Joaquim Barradas de Carvalho e sinto-me na obrigação moral de fazer esta observação: passando a obra de Joaquim. Barradas de Carvalho através do Conselho Científico da Faculdade de Letras, se não foi considerado digno de ser tornado professor catedrático.
Infelizmente, alguém que tem responsabilidades nesta Assembleia disse simplesmente: «Joaquim Barradas de Carvalho, não faço ideia de quem seja.» Trata-se, pois, de um colega do Prof. Joaquim Barradas de Carvalho, que o conhecia há tantos anos como nós, os que somos da idade dele.
Isto quer dizer que aprovámos nesta Assembleia um estatuto da careira docente em que trabalhámos afincada mente e que, para o ano, se alguns de nós aqui nos encontrarmos, teremos de verificar caso a caso como e que realmente estão a ser tratadas as personalidades portuguesas através dos conselhos científicos das escolas.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Natália Correia.

A Sr.ª Natália Correia (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: No sentido da nossa solidariedade com o voto de pesar pela morte do Prof. Barradas de Carvalha, manifestamos o sentimento que nos merece o desaparecimento de um homem que deu muito da sua generosidade à causa da cultura e da dignificação do homem, pela militância que sempre teve onde a liberdade faltava a iluminar o destino dos homens.
Esse homem também muito se afirmou pelos seus dotes de historiador e neles importa reconhecer - e isto é importante - o apreço pela verdade histórica e humana que procurou não sacrificar à ideologia política que perfilhou! E nisto nós, por mais distâncias e contrastes que existam entre as nossas posições e a do Prof. Barradas de Carvalho, não cessaremos de o louvar.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Adão e Silva.

O Sr. Adão e Silva (DR): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Agrupamento Parlamentar dos Reformadores associa-se à justa homenagem que acaba de ser prestada a Joaquim Barradas de Carvalho, esse homem, esse lutador, esse intelectual, esse antifascista de primeiro plano, e lastima que efectivamente a nossa democracia não tenha sido justa para com ele como ele intensamente merecia, como grande português que foi.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Ferreira do Amaral.

O Sr. Ferreira do Amaral (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do PPM associa-se também à homenagem ao Prof. Joaquim Barradas de Carvalho, que não conheci pessoalmente mas que conheço por algumas das suas obras que consultei e que fazem parle da minha biblioteca e às quais devo parte da pouca cultura de que possa dispor.
Penso que o facto de as nossas convicções políticas não serem coincidentes com as do Sr. Prof. Barradas de Carvalho não deve levar a esquecer que ele, precisamente por ser um homem da cultura, transcendeu a própria posição política em que se colocou e que, além disso, foi um militante pela liberdade, na luta contra a ditadura, e essa luta deve ser a de todos os democratas, qualquer que seja a posição política em que se encontrem, e o partido político que partilhem.
Por essas razões, associamo-nos à homenagem ao Prof. Barradas de Carvalho e penso que, estando presente a sua viúva, a Assembleia deveria dirigir-lhe pessoalmente essas mesmas palavras.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do CDS naturalmente que não é indiferente à homenagem que neste momento esta Assembleia está a prestar a um dos grandes vultos da cultura portuguesa, que foi o Prof. Joaquim Barradas de Carvalho. Como historiador insigne, como homem da cultura, como português de lei, esta Assembleia não faz mais do que cumprir o seu dever de honrar um dos portugueses e nós como representantes da pátria, um dos seus filhos mais dilectos.
Contudo, o que o Centro Democrático Social gostaria mais de realçar na figura do Prof. Barradas de Carvalho é, naturalmente, a sua independência de espírito e o seu anti-sectarismo. Barradas de Carvalho não era apenas um antifascista, era sobretudo um homem antitotalitarista, era contra todas as espécies de ditadura, de espírito ou de cultura, e aí, neste campo, ele manifestava a sua independência de português.
Não podia eu encontrar melhores palavras para traçar o perfil do Prof. Barradas de Carvalho do que as palavras escritas pelo seu íntimo amigo, que o conheceu desde há vários anos e que fez o seu elogio fúnebre quando foi a enterrar.
As palavras que vou ler são do Prof. Joel Serrão, que diz o seguinte:

Quando, depois do 25 de Abril, pôde regressar a Lisboa, reinventou, por algum pouco tempo, a alegria, a confiança e a esperança próprias do