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3644 I SÉRIE-NÚMERO 73

guesa espalhados pelo inundo, Portugal é hoje, na sua realidade geográfica e política, um país eminentemente europeu. Por isso mesmo, é na Europa que encontramos as mais íntimas afinidades históricas, culturais e económicas. E por isso também é nossa primacial intenção aprofundar e tornar cada vez mais fortes os elos que naturalmente nos ligam já a essa mesma Europa.
De nossa parte, consideramos essencial a realização desse objectivo; e contamos também, para a sua total e rápida consecussão, com a colaboração e a tradicional amizade que sempre têm sido timbre das nossas relações com a República Federal da Alemanha.
Por outro lado, Sr. Presidente, não podem deixar de estar sempre presentes nos nossos espíritos as centenas de milhares de portugueses que presentemente vivem na Alemanha Federal e que ali contribuem, com o seu trabalho e com o seu esforço, para o engrandecimento da grande e nobre nação alemã.
A presença amiga de V. Ex.ª no nosso país e nesta, Assembleia constitui para todos nós e para o povo português o penhor seguro de que essa tão numerosa comunidade portuguesa não deixará de encontrar nunca, por parte do Estado Alemão a que V. Ex.ª dignamente preside, o carinho e o apoio que merece.
Sr. Presidente: Nesta hora tão difícil que o nosso conturbado mundo atravessa, em que todos os esforços não são de mais para preservar a paz entre as (nações, pensamos ser meio indispensável para o conseguir um contacto cada vez mais frequente entre os responsáveis políticos dos diversos povos; assim julgamos que a presença de V. Ex.ª em Portugal representa a lúcida compreensão da necessidade desses contactos; e que ela é, simultaneamente, a clara afirmação da cordial amizade existente entre os nossos dois países.
Também e ainda, esta visita de V. Ex.ª a Portugal representa para nós uma certeza: a de que, por parte da República Federal da Alemanha, existe empenhamento verdadeiro para uma colaboração ainda mais estreita entre os dois países. E posso assegurar-lhe, Sr. Presidente, ao expressar-lhe os nossos afectuosos sentimentos de admiração pelo povo alemão e por V. Ex.ª, que da nossa parte tudo se fará para um desenvolvimento cada vez maior e mais profundo dessas relações, único corolário possível da fraternal amizade que liga as duas pátrias.

Aplausos do PSD, do PS, do CDS, do PPM, do MDP/CDE, dos Deputados Reformadores e do Deputado Independente Sousa Tavares.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Presidente da República Federal da Alemanha.

O Sr. Presidente da República Federal da Alemanha: - Sr. Presidente, Excelências, Ex.mºs Srs. Deputados da Assembleia da República, Minhas Senhoras e Meus Senhores: Muito lhe agradeço, Sr. Presidente, as amáveis palavras que acaba de me dirigir. Estou muito reconhecido a V. Ex.ª e a vós todos, Minhas Senhoras e Srs. Deputados, por se terem reunido aqui especialmente a propósito deste encontro. Atribuo o devido valor à honra que me é concedida. Há quase dois anos, em 30 de Outubro de 1978, já tive a oportunidade de usar da palavra nesta ilustre casa. Naquela ocasião vim como chefe de uma delegação do Parlamento Alemão. Regozijo-me pela oportunidade de poder hoje, mais uma vez, falar-vos.
Um Deputado é representante dos cidadãos, seu advogado e protector. Pois, por um lado, ele controla o Governo; por outro lado, cabe ao Parlamento fazer leis boas, não apenas inteligentes e justas, não apenas transparentes e compreensíveis, mas também leis que visem abrir ao país um futuro seguro e próspero. E finalmente - e isto é o mais importante - os Deputados protegem a liberdade e a dignidade do indivíduo. O Parlamento é o garante de uma ordem de direito em liberdade e é, simultaneamente, o manancial que inspira o desenvolvimento dinâmico dessa ordem.
Em todos esses campos já foram alcançados por vós objectivos essenciais, e desejo felicitar-vos cordialmente a esse respeito. Juntamente com o Executivo e a jurisdição foi possível conduzir Portugal a um bom caminho. Nós, alemães, temos acompanhado o desenvolvimento no vosso país durante os últimos seis anos com grande interesse e grande simpatia. Sentimos admiração pelo êxito por vós alcançado em pilotar o vosso povo por entre escolhos perigosos, fazendo-o sair das agitações e perturbações.
Prestámos apoio, na medida das nossas possibilidades, da parte do Governo, dos partidos, de instituições eclesiásticas e sociais. Tencionamos fazê-lo também no futuro.
Ajudaremos também na continuação do caminho que, conforme o vosso e o nosso desejo, vos levará à Comunidade Europeia. A Comunidade Europeia não é apenas uma comunidade económica, mas constitui também um passo paira a união política da Europa. É nosso objectivo criarmos gradualmente uma Europa politicamente unida, na qual se conservem a multiplicidade das culturas e a riqueza das formas de vida dos seus estados membros. A adesão de Portugal à Comunidade Europeia não está apenas no interesse de Portugal, mas igualmente no interesse da Comunidade, que Portugal enriquecerá com o seu vasto legado cultural, a sua grande experiência e as suas múltiplas relações internacionais.
A Comunidade esforça-se por plasmar uma política exterior comum, pois os povos europeus só poderão salvaguardar os seus interesses e influenciar os acontecimentos internacionais se, em questões importantes, actuarem conjuntamente e se falarem, na medida do possível, com uma só voz. Deixar-se-ão guiar pelos ideais europeus da paz, da liberdade, da justiça e da solidariedade, que se tornaram ideais de toda a humanidade. A liberdade e a dignidade do homem devem determinar as estruturas da Comunidade no seu seio e a sua acção no plano externo. Para esse efeito desejamos a cooperação de Portugal.
Desde já, a Alemanha e Portugal estão a colaborar na Aliança Atlântica. Também essa cooperação deve ter prosseguimento. A NATO é uma Aliança meramente defensiva; não se dirige contra ninguém e não ameaçará ninguém, mas é indispensável para a manutenção da paz e para a nossa segurança.
A situação no Mundo enche-nos de preocupação. Basta mencionar o Afeganistão, os reféns no Irão, o conflito do Próximo Oriente e o desenvolvimento no Sudeste Asiático. A situação da maioria dos países