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20 I SÉRIE - NÚMERO

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, vou desistir, na medida em que isso seria uma grande complicação, porque esse seria o tempo que o Sr. Deputado Octávio Cunha precisaria para me responder. Depois entrávamos num ciclo vicioso.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Penso que a questão terá solução possível. De quanto tempo dispõe ainda a UEDS, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Dispõe de 5 minutos, Sr. Deputado.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Então, Sr. Presidente, dispensaríamos metade desse tempo ao PS para o Sr. Deputado Carlos Lage poder formular a pergunta e reservaríamos a outra metade para o meu camarada Octávio Cunha responder.

O Sr. Presidente: - Tem então a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage. Dispõe de 2 minutos e 30 segundos.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Reconheço que é um pouco delicado pôr estas questões ao Sr. Deputado Octávio Cunha.
Neste momento entrou na moda dizer mal do Parlamento, traçar um perfil um tanto caricatural e exagerado da imagem do deputado, e creio bem que haverá uma certa tendência - não digo da parte do Sr. Deputado Octávio Cunha - para agradar àquilo que se presume ser a opinião pública nessa matéria, sublinhando e carregando com cores próprias o que se considera a imagem denegrida e, nas palavras do Sr. Deputado Octávio Cunha, degradada do deputado.
Eu, que penso ser imprescindível a revalorização do papel do Parlamento e a melhoria da condição e actuação do deputado - há muitos anos que julgo travar uma luta, ainda que modesta, nesse sentido -, sinto-me um tanto preocupado quando um deputado com as qualidades do Sr. Deputado Octávio Cunha vem a esta Câmara repisar alguns estereótipos e imagens convencionais de uma certa consciência política ou cultural sistematicamente desfavorável aos deputados. Refiro-me a expressões que usou como: «Verifica--se que o papel do deputado da República tem vindo a ser adulterado», «autómatos», «a quem se pede essencialmente que não pense muito», «céptico em relação aos políticos» ...
Penso que esta posição do Sr. Deputado Octávio Cunha revela um certo pessimismo. Não só um pessimismo histórico de uma certa consciência e cultura de toda a nossa vida colectiva, mas talvez um pessimismo existencial.
Creio que o Sr. Deputado Octávio Cunha não quer, naturalmente, dar ensejo nem reforçar com a sua voz e o seu ponto de vista algumas imagens que são desenhadas, no exterior da Assembleia, muitas vezes para a denegrir.
Por isso mesmo lhe pergunto se o Sr. Deputado fez apenas uma intervenção em que proeurou fazer um alerta, acentuando algumas cores negativas e fazendo algumas críticas, que são aceitáveis se relativisáveis, ou se, de facto, pensa isso dos seus camaradas, dos outros senhores deputados.
Já agora pergunto: já que não houve o mais pequeno laivo de autocrítica na sua posição, o Sr. Deputado Octávio Cunha considera-se isento de todas as críticas que faz aos restantes deputados desta Câmara?

Vozes do P§: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Cunha.

O Sr. Octávio Cunha (UEDS): - Em relação a essa questão última que me pôs, evidentemente que não. As responsabilidades são de todos os deputados desta Câmara e também assumo as minhas.
Em relação ao resto das questões que colocou, convido-o, durante a tarde ou no princípio da noite, a ler alguns extractos dos discursos do José Estêvão feitos, por exemplo, na sessão de 23 de Maio de 1855. Verá aí retratado aquilo que acabo de dizer.
Poderá verificar que, de facto, há muitas coisas que não mudam, há uma realidade que é a que temos.
Quando faço um diagnóstico da situação gosto de o discutir, não gosto de o encobrir. Não o encubro ao doente, à família nem a quem tem alguma coisa a ver com o problema. O diagnóstico da situação no que diz respeito ao papel do deputado da Assembleia da República é como eu o tracei.
Desafio o Sr. Deputado Carlos Lage a sair à rua e a perguntar às primeiras pessoas que passarem a opinião sobre os deputados. Poderá estar errada, mas se está errada deixe que lhe diga que a culpa disso também é nossa. Talvez seja o nosso silêncio permanente, o nosso esconder permanente de uma situação que grassa aqui há demasiado tempo, que leva a que a opinião pública, finalmente, tenha de nós a opinião que tem. E isso é lamentável.
Só apontando a realidade exterior, que nos vê como o Sr. Deputado sabe, é que conseguiremos, efectivamente, reagir, modificar talvez os nossos comportamentos e apresentar esta Assembleia, tal como ela é. Uma das soluções passaria - e já o tenho afirmado aqui dezenas de vezes - por uma informação isenta, por uma transmissão dos grandes debates que aqui se têm travado.
Nunca a televisão transmite em directo os debates, como se faz em outros países. Faça-se isso, que é extremamente educativo para a população. Dê-se a possibilidade à população de verificar que, afinal, nem tudo aqui é fumaça, jornais que se lêem e conversas de corredor. Mostre-se que aqui também se trabalha. Isso é verdade.
Simplesmente, Sr. Deputado Carlos Lage, a imagem não é essa. E como a imagem não é essa, nós devemos combatê-la com os meios que temos por muito poucos que eles sejam.

O Sr. Soares Cruz (CDS): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Está inscrito a seguir o Sr. Deputado Raúl Rego, mas como ele não se encontra na Sala, dou a palavra ao Sr. Deputado Nogueira de Brito, também para uma intervenção.

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