O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4 DE FEVEREIRO DE 1986 997

atmosfera de pesadelo, depressiva e má. O nosso mal é uma espécie de cansaço moral, tédio moral; o cansaço e o tédio de todos os que se fartam de crer.
Ainda nem há 2 meses, aqui mesmo, neste hemiciclo, onde trabalhou anos a fio, José Reis dava-me conta da sua falta de crença numa profissão imensas vezes tentada ou levada a subordinar aos cargos os valores que pertencem em exclusivo à dignidade humana.
Aceitando humildemente não ser um detentor de certezas, antes admitindo que todo o jornalista «apresenta-se como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas» (Gaudium et Spes), José Reis não mais virá a este Parlamento, nem mesmo em espírito. A notícia necrológica a que, com maior ou menor destaque, os jornalistas vão tendo direito é, ironicamente, a sua coroa de louros e a sua pedra tumular. Se me fosse possível instituir um epitáfio para os trabalhadores da comunicação social, fá-lo-ia com esta asserção de Garcia de Orta, perseguido pela Inquisição até mesmo depois de morto e bem morto: «A verdade tem pés e anda e nunca morre.» É feita desta certeza a eternidade do jornalismo e José Reis sabia que era assim.

Aplausos do PRD, do PS, do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Como é evidente, o Grupo Parlamentar do MDP/CDE associa-se às palavras do Sr. Deputado Costa Carvalho.
Morreu um dos nossos companheiros de trabalho, o jornalista José Reis, que trabalhou anonimamente naquela bancada da imprensa durante largos anos. Morreu inesperadamente, quando nada fazia prever este desenlace.
Contudo, ao mesmo tempo que recordamos aqui a figura de José Reis, também é legítimo recordarmos lamentavelmente a morte de um outro jornalista, ocorrida meia dúzia de dias antes, em plena actividade profissional, no meio da rua, com um ataque cardíaco. Ele também era um repórter fotográfico, que muitas vezes trabalhou aqui na bancada da imprensa. Trata-se do jornalista Lobo Pimentel.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Queremos associar-nos a estas lamentáveis mortes de dois profissionais da informação, que respeitavam o trabalho parlamentar, os deputados e a democracia. A eles nos associamos.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Mendes.

O Sr. José Manuel Mendes (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Será certamente um lugar-comum afirmar que fica mais pobre o jornalismo parlamentar. Mas de lugares-comuns - como, ao cabo e ao resto, é o próprio lugar da morte - vamos fazendo estes dias que vivemos.
Daí que nos associemos à evocação que foi prestada pelo Sr. Deputado Costa Carvalho à memória de José Reis, uma personalidade que pudemos conhecer num trato fraterno, lhano e sincero, num trabalho infatigável nas bancadas da imprensa, em prol da divulgação do trabalho da Assembleia, sempre preocupado com uma prática não discriminatória que servisse, antes de tudo, o próprio regime democrático.
É perante essa silhueta do labor produzido por uma figura a que devotamos o nosso respeito e a circunstância de, na sua morte, a nossa atitude ser a de solidariedade inequívoca que o meu grupo parlamentar transmite à família e aos amigos de José Reis, ao jornalismo de uma maneira geral, os pêsames veementes. Desta forma corrobora as afirmações aqui prestadas por dois companheiros seus, os Srs. Deputados João Corregedor da Fonseca e Costa Carvalho.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, chegámos ao terminas do prolongamento do período de antes da ordem do dia, pelo que iríamos entrar no período da ordem do dia, salvo se o Sr. Deputado Raul Junqueiro for capaz de produzir em poucos minutos a intervenção para que está inscrito.

O Sr. Raul Junqueiro (PS): - Prescindo da palavra, Sr. Presidente. Usarei dela noutra oportunidade.

O Sr. Presidente: - Está certo, Sr. Deputado.

O Sr. António Capucho (PSD): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. António Capucho (PSD): - Sr. Presidente, com pedido de desculpas pelo incómodo, o meu grupo parlamentar requer, ao abrigo do Regimento, a suspensão dos trabalhos por 30 minutos.

O Sr. Presidente: - É regimental, pelo que assim se fará.
Entretanto, convido os Srs. Vice-Presidentes a comparecerem no meu gabinete, a fim de termos uma reunião sobre uma questão que nos diz respeito.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Sr. Presidente, apenas pretendo saber se a suspensão de 30 minutos concedida ao PSD consome o tempo do intervalo ou acumula-se com ele.

O Sr. Presidente: - Já ia referir isso, Sr. Deputado.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Com certeza, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Antes, porém, quero informar os Srs. Deputados de que se encontram presentes os alunos da Escola Secundária de Camões, a quem lhes prestamos a saudação que costumamos prestar à juventude.

Aplausos gerais.

Páginas Relacionadas
Página 0998:
998 I SÉRIE - NÚMERO 30 O Sr. Presidente: - Em função da suspensão requerida, vou suspender
Pág.Página 998
Página 0999:
4 DE FEVEREIRO DE 1986 999 Do que se trata, nesta intervenção e neste debate, é de fundamen
Pág.Página 999
Página 1000:
1000 I SÉRIE - NÚMERO 30 Traremos aqui mais alguns casos recentes, numa outra intervenção.
Pág.Página 1000
Página 1001:
4 DE FEVEREIRO DE 1986 1001 Os casos particulares de apreciação dos actos discricionários d
Pág.Página 1001