O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

26 DE FEVEREIRO DE 1986 1199

Seguiu-se um compasso de espera, gerador de muitas preocupações mas, finalmente, a semana passada, o actual Executivo decidiu prosseguir o que havia sido iniciado anteriormente.
Trata-se de uma decisão que compete saudar muito embora o atraso verificado tenha parcialmente comprometido a execução do Projecto Minerva no ano lectivo de 1985-1986.
Preparar os jovens para enfrentar os dias do amanhã, facultando-lhes o acesso a novos conhecimentos e instrumentos de trabalho, constitui tarefa difícil, mas indispensável e prioritária. E isto é tanto mais assim, quanto é certo que atravessamos um período de mudança que provocará transformações profundas a todos os níveis, desde a organização económica à social.
A tónica essencial da mudança é a evolução tecnológica. Em Portugal, como nos países desenvolvidos, os extraordinários avanços no domínio das novas tecnologias estão a modificar e modificarão cada vez mais o homem e as sociedades. O Pais tem de estar preparado, desde já, para acompanhar e participar em todo o processo.
Para que isso seja possível, muito há a fazer em diversos campos, da educação à indústria, da investigação à formação. Mas há uma prioridade que tem de ser fixada à partida. Trata-se da juventude. Se os jovens não forem sensibilizados e preparados, nada do que foi feito nos restantes domínios terá qualquer sentido.

É sobretudo aos jovens de hoje que caberá enfrentar os desafios da próxima década.

Daí que rapidamente se tenha de actuar com energias redobradas, facultando-lhes o acesso a novos conhecimentos, incentivando-os, proporcionando condições de trabalho e rasgando horizontes de esperança.

Mas se os jovens devem constituir a prioridade das prioridades, não poderemos esquecer neste âmbito três sectores igualmente importantes e decisivos.
Em primeiro lugar, os professores. A adopção de um projecto que visa ministrar conhecimentos na área das tecnologias de informação, que pressupõe a utilização de computadores e a elaboração de programas e, sobretudo, a transmissão do ensino clássico apoiada em novos meios e suportes, tem de poder contar com a participação e o apoio activo dos professores.
É fundamental ganhá-los para a causa de modernização e demonstrar que a microinformática não elimina o papel daqueles que ministram o ensino; pelo contrário, constitui um auxiliar precioso da nova pedagogia. O Projecto Minerva tem de ter em linha de conta esta realidade e, antes mesmo de ser totalmente implementado, originar um esforço maciço de sensibilização e formação de professores.
Em segundo lugar, a investigação. Portugal dispõe hoje de um conjunto vasto de investigadores e trabalhadores científicos que importa estimular e dotar das condições de trabalho adequadas.
Quando pensamos nos computadores, não nos podemos esquecer de que eles não passam de máquinas totalmente passivas; o seu funcionamento e eficácia dependem apenas dos programas que neles forem introduzidos e que constituem, ao fim e ao cabo, a sua própria inteligência. Daí a importância desses programas, do software e naturalmente de quem tem capacidade para os produzir. 0 Projecto Minerva tem de apostar na inteligência portuguesa e constituir um factor de estímulo para os diferentes centros nacionais que para tal têm competência.
Em terceiro e último lugar, a indústria nacional. O Estado não pode desperdiçar a mínima oportunidade para tentar incentivar ou mesmo lançar iniciativas empresariais no domínio das novas tecnologias. A indústria da informação, que ocupa já hoje lugar de destaque nos países desenvolvidos, apresenta características de forte progressão, prevendo-se que, por exemplo, dentro de dez anos, nos Estados Unidos, constitua o sector mais importante, quer ao nível das vendas, quer ao nível do investimento, quer ao nível do
emprego.
Quando o País avança com um projecto como o Minerva tem de reflectir sobre a necessidade de, por seu intermédio, procurar contribuir para o aparecimento de iniciativas em determinados sectores específicos das novas tecnologias envolvidas. Só assim promoveremos . com realismo a competência nacional e prepararemos o País para os novos caminhos do desenvolvimento e da modernização.
Sr. Presidente, Srs, Deputados: A Assembleia da República, como já tive ocasião de acentuar noutras ocasiões, deverá estar atenta e actuante neste domínio. Hoje mesmo fizemos a entrega de um requerimento ao Governo solicitando diversos esclarecimentos nesta área, ao mesmo tempo que iremos propor à Comissão Parlamentar de Educação Ciência e Cultura o acompanhamento do Projecto Minerva. O interesse nacional assim o exige.

Aplausos gerais.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Carlos Lage.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, o Sr. Deputado Costa Carvalho inscreveu-se para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Raul Junqueiro. Acontece que o Sr. Deputado Raul Junqueiro não dispõe de tempo para responder.
Tem a palavra o Sr. Deputado Gomes de Pinho.

O Sr. Gomes de Pinho (CDS): - Sr. Presidente, o Grupo Parlamentar do CDS concede tempo ao Sr. Deputado Raul Junqueiro para que ele possa responder.

O Sr. Presidente: - Sendo assim, tem a palavra o Sr. Deputado Costa Carvalho.

O Sr. Costa Carvalho (PRD): - Sr. Deputado Raul Junqueiro, em primeiro lugar, gostaria de lhe agradecer o facto de se ter lembrado de falar no Projecto Minerva. Aliás, trata-se de um projecto a que o senhor, como ex-Secretário de Estado, não é, de certa maneira alheio.
Isto vem na sequência no Projecto ENER MIL de que - e o Sr. Deputado por modéstia não o disse beneficiou a própria Escola Superior de Jornalismo. Há jovens alunos da Escola n.º 2 de Matosinhos que estão aqui presentes neste momento, que também, de certa maneira, frequentaram a Escola Superior de Jornalismo e que sabem qual é o beneficio da informática.
Assim, pergunto ao Sr. Deputado Raul Junqueiro se efectivamente concorda com a ideia de que o ensino

Páginas Relacionadas
Página 1201:
26 DE FEVEREIRO DE 1986 1201 Mário Manuel Cal Brandão (PS) - Joaquim Carmelo Lobo (PRD) - C
Pág.Página 1201
Página 1202:
1202 I SÉRIE - NÚMERO 36 tantes títulos da imprensa portuguesa, através da alienação, no to
Pág.Página 1202
Página 1203:
26 DE FEVEREIRO DE 1986 1203 Assembleia da República, só devessem ser consideradas após uma
Pág.Página 1203