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6 DE MARÇO DE 1992 1079

efectiva de riqueza e à melhoria do bem-estar das populações.
Por isso não nos repugna que a universidade seja o evoluir natural de outras estruturas do ensino superior, mas demarcamos bem que uma das valências essenciais dessa evolução é a investigação científica, nomeadamente a aplicada.
E essa é, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a razão por que a existência da Universidade Católica em Viseu e de outras universidades na Região do Centro, nomeadamente em Coimbra, não responde às exigências do tecido empresarial dinâmico e exigente, que possuímos em Viseu. Exactamente porque, sendo esta uma megauniversidade, se concentra e se dilui no seu próprio interior e necessidades, não se abrindo o suficiente à investigação que a comunidade empresarial necessita e justifica, e porque aquela está, em Viseu, tradicionalmente apostada na área das humanidades, não estando vocacionada para responder às exigências de investigação que referimos.
Isto mesmo conclui o estudo prévio sobre a viabilidade da Universidade estatal em Viseu.
Partindo da realidade económica da região e das suas potencialidades de desenvolvimento, ressaltam deste estudo prévio várias áreas potenciais de aposta, que foi possível agregar em tomo de três grandes domínios.
Primeiro, no das ciências da engenharia, nomeadamente de produção industrial relacionada com os processos produtivos e as actividades transformadoras, especificamente mecânica e de madeiras, que poderá articular-se com a exploração de recursos naturais regionais e no da engenharia civil, mais ligada às construções civis do que ao projecto estrutural, em sintonia com o potencial de urbanização da região e do País.
Segundo, no domínio da economia e da gestão, particularmente a microeconomia e gestão de pequenas e médias empresas.
Terceiro, o estudo prévio demonstra também a viabilidade da Universidade estatal de Viseu nas áreas de biotecnologia, da agricultura, silvicultura e produção animal, designadamente a avicultura e vitivinicultura, tendo em conta as actividades tradicionais da região e as possibilidades de transformação da base rural existente.
A necessidade da criação de uma Faculdade de Agricultura em Viseu é tanto maior quanto «mais precária se revelar, no futuro, a oferta de recursos humanos nesta matéria, provenientes de universidades localizadas nas regiões de maior proximidade» e se revelar insuficiente para o fomento e desenvolvimento da região e da agricultura portuguesa a formação teórico-prática proporcionada pela Escola Superior Agrária de Viseu, cujo arranque se prevê já no próximo ano lectivo, integrada no Instituto Politécnico de Viseu e que, obviamente, responderá aos objectivos de criação de quadros técnicos intermédios que subjazem à existência daqueles institutos mas não aos de uma verdadeira universidade.
Em conclusão, podemos, pois, afirmar que é essencial para o desenvolvimento e progresso harmonioso do País - e, nomeadamente, da Região do Centro -, que seja criada a Universidade de Viseu, a qual dará um efectivo contributo «à produção de saber» nas áreas de especificidade da universidade, traduzindo-se este na produção de «valor acrescentado» científico e tecnológico, pelo privilegiar do investimento ao nível da investigação, sobretudo aplicada nessas áreas de formação em que se aposta e em que o País é ainda deficitário.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Trouxemos a esta Câmara a ideia e necessidade da criação, sempre problemática, de uma universidade. Cremos ter demonstrado a sua viabilidade e a sua importância. Entendemos que, como órgão representativo da Nação, este é o local apropriado para fazer nascer e vingar esta realidade.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Antes de dar a palavra ao Sr. Deputado Rui Gomes da Silva, para pedir esclarecimentos, gostava de agradecer à Sr.ª Deputada Ana Paula Barros a referência que fez à Mesa. Ao ouvi-la, lembrei-me dos seus tempos da Faculdade e da liderança da Associação Académica de Coimbra.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Gomes da Silva.

O Sr. Rui Gomes da Silva (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Ana Paula Barros: Gostava, na sequência da sua intervenção, de pedir um pequeno esclarecimento.
Por razões óbvias e porque passei quatro anos da minha vida - isto é, todo o tempo que frequentei a escola primária - em Viseu, tenho assistido ao crescente dinamismo que essa cidade tem vindo a assumir como pólo de desenvolvimento nacional, nomeadamente no interface que tem feito entre a Região do Norte e a Região do Sul.
A Sr.ª Deputada, na sua intervenção, referiu algumas áreas que entende prioritárias no ensino superior para a região de Viseu e para aquele espaço de relacionamento entre o Norte e o Sui.
O que gostava de perguntar é se entende essas áreas - porque, se assim for, faremos nossa essa sua intervenção - como prioritárias para o aumento do desenvolvimento da região e, nomeadamente, se entende que as áreas que referiu servirão para a fixação da juventude, criando empregos que correspondam aos anseios e aos interesses da região de Viseu, tendo em conta, como, aliás, referiu na sua intervenção, as exigências do tecido empresarial de Viseu.
Sei que falou em cursos de Engenharia e de Economia, mas, se me fosse permitido, gostava que, de alguma maneira, explicasse melhor a sua ideia e concretizasse o conteúdo da sua intervenção.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o entender, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Paula Barros.

A Sr.ª Ana Paula Barros (PSD): - Sr. Deputado Rui Gomes da Silva, agradeço a pergunta que me colocou e, pelo que disse, vejo que, de facto, posso fazer suas as palavras que proferi na minha intervenção.
É óbvio que entendemos a universidade e as áreas que referimos como áreas prioritárias de intervenção. É evidente que gostaríamos de ter em Viseu uma universidade que abrangesse muitas áreas e que, nomeadamente, potenciasse investigação a nível da electrónica e da electrotecnia e até que incluísse as áreas de Biotecnologia e de Microbiologia que não referi.
Nomeadamente, o estudo prévio sobre a viabilidade da universidade - que certamente leu - aponta também como áreas fundamentais as ciências médicas e farmacêuticas. Mas, por se tratar de áreas que implicam investimentos demasiado avultados, entendemos que, neste momento, o País não se encontra em condições de suportar

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