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6 DE MARÇO DE 1992 1099

- a Sr.ª Deputada também fez várias citações -, quero dizer-lhe que V. Ex.ª tem de grande orador a voz e o gesto mas falta-lhe o resto.
Sr.ª Deputada, o Partido Comunista Português tem-se mantido fiel quer aos princípios quer ao discurso, embora totalmente desfocado das realidades actuais de Portugal, obviamente.
Compreendemos e registamos que o agendamento de hoje se resume, em termos de campeonato nacional, a um mero jogo para cumprir calendário e registo também, em especial, a qualidade fonética do espanhol de V. Ex.ª e a lição que nos deu.

Vozes do PCP: - Castelhano!

O Orador: - Aliás, castelhano. E já que o Partido Socialista se atrelou ao comboio do Partido Comunista Português,...

O Sr. Artur Penedos (PS): - Não se preocupe, Sr. Deputado.

O Orador: - ... talvez por falta de locomotiva própria, leia-se de iniciativas, e mesmo de maquinistas habilitados, queria só dizer que, referindo mais uma vez, adaptando-o, um pensamento célebre de Séneca, os políticos podem dividir-se em dois grupos, os que seguem em frente e fazem alguma coisa e os que vão atrás a criticar.
Pergunto a V. Ex.ª, já que relevou tanto a modernidade, se as propostas do Partido Comunista Português, por falta ou quebra de uma ideologia que se esfumou, vão passar agora a adoptar a do PSN.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - O PSN votou a favor do vosso Programa!

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Sr.ª Deputada Odete Santos, presumo que quer responder no fim.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): - Sim, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Lurdes Póvoa Costa.

A Sr.ª Lurdes Póvoa Costa (PSD): - Sr.ª Deputada, foi com muito gosto que ouvi V. Ex.ª e começo por felicitar o espanhol que produziu neste Hemiciclo.

Vozes do PCP: - Castelhano!

A Oradora: - É castelhano mas mau!
A Sr.ª Deputada referiu-se à minha bancada dizendo que estamos nos quartos do fundo e temos poeira nos olhos. Devo dizer-lhe que, de facto, o Partido Social-Democrata não tem poeira nos olhos e pensamos que quem a tem é a Sr.ª Deputada, bem como o seu partido, que não querem ver o que se passou no Leste. Ora, isso só não vê quem tem poeira nos olhos! Aliás, a Sr.ª Deputada sabe perfeitamente que já nem os poucos militantes que o Partido Comunista Português ainda tem acreditam na vossa cassette, pois está gasta.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): - Isso é que já é uma cassette nesta Casa.

A Oradora: - A Sr.ª Deputada referiu-se ao problema de Setúbal mas sobre esta questão queria dizer-lhe que falou do distrito errado, porque, de facto, foi através do Governo do Prof. Cavaco Silva que se conseguiu um plano de emergência que resolveu os problemas dos trabalhadores de Setúbal.

Aplausos do PSD.

Aliás, Sr.ª Deputada, analise o resultado das últimas eleições e verá que os trabalhadores de Setúbal reconheceram bem o trabalho feito pelo anterior governo.
A pergunta muito concreta que lhe queria fazer era a de saber se a Sr.ª Deputada pensa que no distrito que a Sr.ª diz defender, mas que, se calhar, não defende, os trabalhadores estão ou não melhor do que estavam antigamente.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Odete Santos.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): - Sr. Deputado António Branco Malveiro, agradeço-lhe as considerações que fez sobre a questão da voz e do gesto mas ainda não concluí se poderei dizer o mesmo do Sr. Deputado; portanto, vou continuar a observá-lo para depois tirar uma conclusão.
Uma coisa é certa, devo dizer-lhe que a comparação com um campeonato de futebol não é uma boa comparação, pois não gosto de discutir as questões dos trabalhadores em termos de futebol. Mas, já que enveredou por aí, dir-lhe-ei que o Sr. Deputado figurou como guarda-redes e deixou meter um golo ou aquilo a que se chama um "frango" e por isso mesmo não tenho nada a dizer-lhe.

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Oradora: - O Sr. Deputado falou em cumprir calendários mas já lhe disse que temos, de facto, as nossas propostas e o direito de as ver discutir aqui.
Aliás, no próximo ano, se não morrermos até lá e se o Sr. Deputado não levar nenhuma "canelada" num desafio de futebol, pois parece-me que já é a segunda vez que em termos de debate o ouço falar nisso, estaremos cá outra vez.

O Sr. João Amaral (PCP): - Ou se o Prof. Cavaco Silva o deixar cá ficar!

A Oradora: - Passo agora a responder à Sr.ª Deputada e sempre lhe direi que considero que a poesia, seja ela qual for e em que língua for, é universal. Além disso, tenho um grande respeito pelos poetas de qualquer país e só tenho pena de não saber várias línguas para poder ler a poesia de vários países, porque, para mim, traduzir uma poesia é matá-la.
É o grande respeito que tenho pelos poetas e pela poesia que me traz várias vezes à memória poemas que conheço, entre os quais, por exemplo, um que gosto muito de repetir em certos debates onde se discute o futuro dos homens, do poeta Gabriel Celaya, e que agora traduzo, porque é fácil, "a poesia é uma arma carregada de futuro".
Foi por isso, porque não há nada que substitua a palavra dos poetas, que trouxe a poesia a este debate, ao invés da questão do árbitro e dos jogadores que se defrontam. E se a trouxe em castelhano podia, eventualmente,

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