O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1768 I SÉRIE - NÚMERO 50

António José Saraiva é, sem dúvida, uma autoridade das letras portuguesas e uma referência cultural de todos nós. Prestamos, por isso, homenagem ao mestre de tantos nós e enviamos sentidas condolências aos seus familiares.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Sérgio.

O Sr. Manuel Sérgio (PSN): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Morreu António José Saraiva, mais um herói da cultura, da cultura assimilada feita substância da própria substância, alma da própria alma. E, como tal, António José Saraiva foi um homem livre, incapaz por isso, do espírito de partido que, no mau entender, é demasiadas vezes uma forma extrema e empobrecida do «espirito de geometria» de que unos fala Pascal.
Vivemos o tempo do homem ligeiro, agitado, caprichoso, superficial. Homens como António José Saraiva dizem-nos que há valores sem os quais impossível se toma viver humanamente. Paz à sua alma!

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lélis.

O Sr. Carlos Lélis (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em democracia todos somos iguais, mas há alguns que são mais iguais do que outros, que constituem a excepção, a fuga à regra e ao comum.
Porque a excepção não subsume o princípio, porque essas excepções, afinal, honram o mérito, prestam homenagem ao talento, quebram limites à história, são referenciais do património da Nação. Por isso, nós temos reconhecido aqui democraticamente aos criadores, aos artistas, aos poetas, aos inovadores, aos autores, aos fazedores da imagem e da história dos nossos tempos, a todos esses exemplos, a sua singularidade, o seu carisma, a sua importância e o seu lugar, enfim, a sua diferença.
Nos últimos meses, semanas, dias, até mesmo ontem, este Plenário, como sede da representação de muitos, tem sido chamado a manifestar, pelo voto e pelo silêncio, o pesar e a mágoa nascidos com o desaparecimento de figuras que são ou eram a alegria, o riso, o espanto e as lágrimas, o real e a ficção, o saber e a escrita, a impressão digital deste nosso mundo contemporâneo e, no caso individual do Prof. Doutor António José Saraiva, a fonte obrigatória na procura da matriz e do devir de uma identidade portuguesa.
A «leva» tem sido excessiva, o calendário sem tréguas, penosamente, e a direcção dos trabalhos deste Plenário, Sr. Presidente, mais difícil na necessária obediência a questões agendadas.
Desde ontem, o caso individual do Prof. Doutor António José Saraiva, a sua capacidade de investigação, o seu poder de análise e discurso interpretativos, o saber, o sabor e correcção da frase, o saber de ciências feito, o professor, o comunicador na tradição dos grandes mestres de gerações foram calados por um ponto final, que aos corpos se impõe mas que o espirito rejeita.
Ao seu legado de obras publicadas - pois de um legado se trata! - há que acrescer a produção ainda inédita, as crónicas nos jornais, os ensaios em curso, os debates de tertúlias em Portugal e no exílio.
Vamos continuar a procurar António José Saraiva nos seus livros e testemunhos, hoje abertos a novos estudos e novas leituras. Vamos reler o professor, sendo que são os editores e não as autores que fazem escrever a palavra «Fim» na última página. Vamos reler o professor para aprendemos com ele.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Calçada.

O Sr. José Calçada (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Foi há 32 anos que me foi dado conhecer António José Saraiva, não ele, pessoalmente, mas aquilo que dele melhor resta e que continua, isto é, a História da Literatura Portuguesa, construída e elaborada de parceria com Óscar Lopes.
António José Saraiva, então, seus que eu tivesse consciência disso- mas que hoje sedimentei claramente -, contribuiu não só para a minha formação no plano estritamente académico mas, sobretudo, para a do homem que sou hoje, integrado nesta bancada.
Ele marcou toda uma geração e julgo que a melhor homenagem que aqui 16e poderíamos prestar hoje era a de, de algum modo, desejarmos que grande parte da geração que hoje está representada nas galerias pudesse também ter a marca, como a de resistente anti-fascista e homem de cultura, que António José Saraiva legou a cada um de nós.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Lobo Xavier.

O Sr. António Lobo Xavier (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do CDS quer associar-se a este momento de pesar pelo passamento de um vulto da cultura portuguesa, mas também - é bom sublinhar- um vulto internacional da cultura, porque o internacionalismo cultural de António José Saraiva colocou-o ao nível dos investigadores do Conselho Nacional de Pesquisa Francês.
Nestes momentos não se nos pedem originalidades nas palavras, por isso o CDS gostava de dizer ao Sr. Presidente que se revê em rada uma das palavras que V. Ex.ª produziu a propósito da morte de António José Saraiva.
Gostaria, ainda, de acrescentar que guardo as marcas da obra de António José Saraiva, portanto do seu legado cultural, e também, como parte da minha formação, a recordação da coragem cívica com que ofereceu resistência critica aos processos políticos diminuidores da liberdade, tanto num tempo como noutro.
Lembro também como uma parte marcante da minha juventude o desassombro com que conheci pela primeira vez as criticas e o desencanto de António José Saraiva em relação a certos processos políticos em que tinha acreditado.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Martins.

O Sr. André Martins (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em nome do Os

Páginas Relacionadas
Página 1767:
19 DE MARÇO DE 1993 1767 Sr. Deputado António Lobo Xavier, penso que V. Ex.ª fez uma confus
Pág.Página 1767