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2310 I SÉRIE - NÚMERO 73

mortalidade infantil. Ora, julgo que o Sr. Deputado deveria ter acrescentado pelo menos um terceiro resultado que não é de somenos importância e que é a evolução negativa da produção em Portugal. Este último é também um resultado da actividade do seu governo, não é despiciendo, é talvez o mais importante e o Sr. Deputado esqueceu-o. Assim, recordo-lho para poder acrescentá-lo à sua lista e, eventualmente, poder referir-se-lhe noutra altura.
Finalmente, e porque o tempo é escasso, apenas referirei mais uma questão, que é relativa aos anseios de censura. O Sr. Deputado acusa as oposições de anseios de censura, mas consegue dizê-lo com um ar sorridente, sem meter a mão na consciência e, por exemplo, sem se lembrar do vosso projecto de lei do segredo de Estado, sem se lembrar das intenções claras - aliás, estas foram explicitadas há poucos dias pelo presidente do seu partido - de alterar a Lei de Imprensa? Fala de anseios de censura quando os senhores estão a praticar isto e estão com esta ideia?
Sr. Deputado, pelos vistos, as forças de bloqueio continuam a crescer: agora aparece mais um procurador-geral-adjunto; manifesta-se contrário a uma proposta de lei do Governo, manifesta-se contrário às intenções do Governo e eis mais um elemento para as forças de bloqueio que crescem e continuam a crescer. Só que isto já é normal, já é corrente, estamos habituados e não estranhamos que o façam. Aliás, quem falar contra o Governo, quem disser algo contrário ao que o Governo diz, a menos que esteja dentro das jogadas do PSD, passa imediatamente para o bloco das forças de bloqueio. Julgo é que o Sr. Deputado não tem o direito de aproveitar aquela sua afirmação para dar aquilo a que eu chamaria um «beijo envenenado» ao Procurador-Geral da República.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Campos para pedir esclarecimentos.

O Sr. António Campos (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Silva Marques, ouvi com atenção a sua intervenção e fiquei com algumas dúvidas, que espeto ver esclarecidas.
Não percebi bem se o papel que estava a desempenhar era o de um Frei Tomás ou se era o do homem que pretende dar um grito do Ipiranga. Vi-o falar em liberdade com algum entusiasmo e, igualmente entusiasmado, dizer que «aqui há gente de princípio, há gente que não protege tudo». Ora, como se tem observado nesta Câmara nos últimos meses, os senhores apenas tem servido para proteger bastante a corrupção, o tráfico de influência, a actividade criminosa de alguns membros do Governo...

Vozes do PS: - Muito bem!

Protestos do PSD.

O Orador: - ... e o Sr. Deputado sabe que, hoje em dia, o Ministério da Agricultura já «entrou na clandestinidade», já não obedece a regras nem...

Vozes do PS: - Muito bem!

Protestos do PSD.

Vozes do PSD: - Tenha vergonha!

O Orador: - Afinal, Sr. Deputado Silva Marques, o seu papel era mesmo o de um Frei Tomás e não era o grito do Ipiranga!
Posto isto, perante essa «grande» Uberdade de actuação de que agora dispõe, tendo-se libertado do espartilho a que tem estado sujeito até estas recentes jornadas parlamentares, gostaria de fazer algumas perguntas ao Sr. Deputado Silva Marques.
Em primeiro lugar, um cidadão, director-geral da Pecuária, é denunciado nesta sede como tendo cometido um crime de sonegação pública de dados importantes para a comunidade e, no dia seguinte, é promovido pelo respectivo ministro. Pergunto-lhe, Sr. Deputado, se é em nome destas atitudes que hoje nos vem aqui falar em liberdade do seu grupo parlamentar, dado que é ele que protege estas atitudes.
Quando eu próprio venho aqui apresentar documentação incriminatória e o seu grupo parlamentar impede os inquéritos parlamentares e a averiguação da verdade, venho perguntar-lhe, Sr. Deputado, se daqui por diante, depois das jornadas parlamentares do seu partido, o comportamento do seu grupo parlamentar vai ser diferente e se vamos poder executar nesta Casa o direito que temos de fiscalizar o seu governo. É porque, permanentemente, os senhores não nos permitem o exercício desse direito! ... Os senhores, sim, é que procuram bloquear o funcionamento desta Casa, utilizando todas as formas possíveis e imagináveis, «entrando até os próprios ministérios na clandestinidade», para não se sujeitarem a um Estado de direito!
Portanto, gostaria de saber se o Sr. Deputado se libertou com as jornadas parlamentares ou se o funcionamento do vosso grupo parlamentar vai continuar como até aqui, sendo a sua voz como a do Frei Tomás.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Octávio Teixeira, é claro que, a meu ver, é melhor ter dois monopólios do que um só! Muito melhor! Melhor ainda se forem possíveis três, quatro ou cinco monopólios!
Sr. Deputado, irrita-o o facto de um monopólio ter mudado de mãos, mas isso é já um princípio de concorrência! Então, por que é que o senhor critica e se aflige? Deveria era aplaudir, mas é tão difícil mudar, Sr. Deputado!
O Sr. Deputado diz que não houve debate nas jornadas parlamentares do PSD. Então, se não houve debate nestas jornadas, o que é que houve nas jornadas parlamentares do PCP? Aí nem sequer uma mosca se ouviu, Sr. Deputado! Nem um zunzum! Nada! ...

Risos do PSD.

Apenas se ouviu a vossa habitual ladainha, a mesa constituída pelas mesmas personalidades, mais nada, nem um zunzum!

Risos do PSD.

Aliás, Sr. Deputado, devo dizer-lhe que, habituado como está às jornadas parlamentares do seu partido, se participasse nas nossas morreria de surdez! O senhor não conseguiria aguentar aquele barulho!

Risos do PSD.