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684 I SÉRIE-NÚMERO 20

fundamentais (a liberdade de constituição de partidos democráticos, a liberdade de opinião e de manifestação, a liberdade de consciência, o direito a eleições livres) e com o combatente pela liberdade de associação estudantil, pela autonomia da Universidade e pela pacificação e concórdia cívicas.
Em 1993, aparece-nos um homem sereno, modesto, generoso, ainda e sempre aberto à novidade, o qual, ao fazer uma espécie de balanço final, pode dizer de si: «a vida foi boa para mim», «sejam tão felizes na vida com eu tenho sido», «não posso deixar de confessar que sou alérgico aos egocêntricos, àqueles que tudo sacrificam às suas ambições imediatas»;
Um homem que pode exaltar muitos amigos «que morreram por vezes em circunstâncias difíceis, vítimas do apego aos seus ideais e ao seu altruísmo», dizendo deles que «são o sal da terra»; um homem que pode proclamar que a felicidade de cada um passa pelo «amor, a realização individual, o encontro consigo próprio», quais «apenas se poderão alcançar com buscas que teremos de empreender por nós próprios»;
E um homem que pode tecer um hino admirável à amizade, à tolerância e à solidariedade, deixando-nos esta receita, também já aqui lembrada: «Que sejamos bons e que tentemos ser os melhores. Sei que o caminho é árduo. Mas não há nenhuma missão que valha a pena cumprir se não tiver dificuldades».
Sobre a missão pública que Salgado Zenha para si tomou e que tão excepcionalmente cumpriu e honrou, não quero alongar-me: outros já caracterizaram nesta sessão as suas múltiplas dimensões - como fundador e dirigente do Partido Socialista, como ministro, como parlamentar.
Por mim, permito-me, por fim, destacar aquela que mais de perto me tocou e com a qual intensamente vibrei: o combate pela liberdade sindical nos fins de 1974 e princípios de 1975. Salgado Zenha esteve na primeira linha dos grandes responsáveis político que perceberam a tempo «o cinto de ferro» para o movimento sindical que de novo se preparava e soube encabeçar e dirigir, com coragem e discernimento, a missão que ao «socialismo democrático», neste lance do nosso processo de democratização, cabia desempenhar.
Curvo-me com todo o respeito perante a vida de Salgado Zenha: o património moral e político que deixou pertence por inteiro ao povo português e à democracia que ele, como poucos e decisivamente, ajudou a consolidar Portugal.

Aplausos gerais, de pé

O Sr. António Guterres(PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, com o único objectivo de em nada diminuir a dignidade desta sessão, queria pedir o consenso do Sr. Presidente e da Câmara para que, contrariamente à nossa prática parlamentar habitual, votássemos agora o projecto de resolução, que visa a exposição no edifício deste Parlamento dos bustos de Francisco Salgado Zenha e de Francisco Sá Carneiro.

O Sr. Presidente: - Também para interpelar a Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Lima

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Presidente, nos mesmos termos do Sr. Deputado António Guterres, pretendo dizer que a bancada do PSD dá consenso para que se proceda à votação do projecto de resolução, na sequência da assinatura que eu, com outros colegas da minha bancada, já apusemos ao documento que nos foi apresentado pelo PS.

O Sr. Presidente: - Também para interpelar a Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado António Lobo Xavier.

O Sr. António Lobo Xavier (CDS-PP): - Sr. Presidente, pretendo anunciar oficialmente, porque já o fizemos e não poderia ser outra a nossa atitude, que damos consenso para que imediatamente seja feita a votação do projecto de resolução.

O Sr. Presidente: - Também para interpelar a Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Teixeira.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Presidente, da nossa parte, não há objecção a que a votação seja feita neste momento.

O Sr. Presidente: - Também para interpelar a Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado André Martins.

O Sr. André Martins (Os Verdes): - Sr. Presidente, também o Grupo Parlamentar do Partido Ecologista Os Verdes dá consenso para que o projecto de resolução seja já votado.

O Sr. Presidente: - Nestes termos, para proceder à leitura do projecto de resolução n.º 74/VI - Exposição no edifício do Parlamento dos bustos de Francisco Sá Carneiro e de Francisco Salgado Zenha, apresentado pelo Presidente da Assembleia da República, PS, PSD e CDS-PP, tem a palavra o Sr. Secretário.

O Sr. Secretário (João Salgado): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, o projecto de resolução é do seguinte teor:

Os Deputados abaixo assinados, na oportunidade da homenagem que acaba de ser prestada ao Dr. Francisco Salgado Zenha, apresentam o seguinte projecto de resolução:

1 - Não são frequentes as homenagens parlamentares traduzidas na fixação em bronze de grandes figuras políticas e humanas que apresentam a esta Casa o brilho da sua inteligência, a exemplaridade ética do seu comportamento e o eco da sua oratória.
Crê-se que este último gesto de reconhecimento e gratidão coincide com à exposição dos bustos de Afonso Costa e Bernardino Machado. O anterior regime, porque não permitiu o desabrochar de um verdadeiro Parlamento, não cuidou de consagrar figuras paradigmáticas.
É tempo de se retomar essa tradição, aliás não apenas no quadro da memória deste Parlamento.

2 - É tão rica a galeria dos valores que politicamente se distinguiram no decurso do actual regime que é, porventura, injusta uma selecção simbolizadora da retoma desse gesto de consagração. Mas é própria destes gestos, para que possam revestir-se de verdadeiro significado, a sua natureza excepcional.
De entre os políticos e parlamentares que dignificaram com a sua acção e o seu talento a instituição parlamentar, sobressaem dois que se têm por paradigmáticos: Francisco Sá Carneiro e Francisco Salgado Zenha.
O primeiro distinguiu-se, nomeadamente, pela sua participação na Ala Liberal do Parlamento da era marcelista e,

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