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25 DE MARÇO DE 1994 1767

voltou com todo o irrealismo mas, ao mesmo tempo, com a paixão e com a poesia.
Porém, Sr. Deputada, a verdade é que a vossa política foi experimentada não só lá fora mas, infelizmente, também cá, no Alentejo.

Risos do PCP.

0 Sr. Deputado Lino de Carvalho abana a cabeça, mas sabe bem que foi assim. A hecatombe económica que foi a vossa política no Alentejo gerou, com certeza, muito desemprego hoje em dia, Sr.ª Deputada Odete Santos.

Protestos do PCP.

Sr a Deputada, "meta a mão na consciência" e veja se não é essa, muitas vezes, a causa da miséria.

0 Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Essa é brilhante!

0 Sr. Presidente (José Manuel Maia): - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Odete Santos.

A Sr. Odete Santos (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Nogueira de Brito, de facto, podia ter-lhe dado mais tempo para dizer coisas do género que disse, porque de maneira alguma me incomodavam.
Sr. Deputado, vá ao Alentejo e compare o de então com o de agora. Só porque o Sr. Deputado Nogueira de Brito tem uma determinada ideologia que lhe põe umas lentes foscas para apreciar as coisas, só por isso é que não vê que o Alentejo de hoje está desertificado e que o de então não estava. Aliás, talvez não saiba que as mulheres, no tempo da reforma agrária, tinham creches onde deixar os filhos e que hoje não há nada disso!

0 Sr. Vieira de Castro (PSD): - Creches?!

A Oradora: - No entanto, não me incomodo mais em responder ao Sr. Deputado Nogueira de Brito, pois julguei que fosse mais inteligente e que não encarreirasse nos argumentos do PSD. Sr. Deputado, a nossa política nunca foi experimentada em Portugal.

Vozes do PSD: - Não?

A Oradora: - Quem é que estava nos governos provisórios?

Vozes do PSD: - 0 General Vasco Gonçalves!

A Oradora: - 0 General Vasco Gonçalves, daqui a 5 anos, ainda vai ser, na vossa boca, culpado de muitas coisas. Certamente também foi culpado do congelamento das rendas efectuado, quando ele ainda estava no berço!
Mas passemos adiante, porque essa é uma discussão que revela o baixo nível que os senhores vieram introduzir neste debate, que é sério.
Sr Deputado José Puig, a sua intervenção foi de baixo nível e só lhe respondo que não tenha medo porque não se trata de nenhum assédio sexual da minha parte à sua pessoa. Aliás, só falei no seu nome, porque o Sr. Deputado negou os números apresentados pelo meu camarada Lino de Carvalho. No entanto, também não foi honra nenhuma. Escusa de corar e de ficar inibido, Sr. Deputado.

Risos do PS, do PCP e do CDS-PP.

Sr. Deputado, só me tocou aquilo que disse quando se referiu à poesia. Devo acrescentar uma coisa que já uma vez disse nesta Câmara, quando outra pessoa me fez essa crítica. E vou responder-lhe também com um poeta, Gabriel Celaya, que disse: "A poesia é uma arma carregada de futuro". Considero este verso a forma mais exemplar de definir a poesia e do modo como se pode intervir no debate político de outra maneira, Sr. Deputado Nogueira de Brito, ou seja, com paixão, com poesia, com realismo.

0 Sr. Nogueira de Brito (CDS-PP): - Não é o seu caso!

A Oradora: - Com paixão, com poesia, com realismo, que é também uma das formas de intervenção do PCP.
Devo dizer - e respondo ainda ao Sr. Deputado José Puig- que quem aprovou a liberalização dos despedimentos foram os senhores porque nós estivemos contra esse decreto. Os senhores é que têm provocado o desemprego.
0 Sr. Deputado Vieira de Castro também começou por se sentir muito honrado. Hoje, parece que estão nessa maré de se considerarem que, por se falar nos vossos nomes, são muito importantes. Mas as vedetas, mesmo quando são más vedetas, merecem uma crítica destacada nos jornais! No entanto, os senhores, hoje, foram muito más vedetas porque, em vez de irem para o centro. foram para a direita baixa. E foi por terem ido para a direita baixa que me referi a VV. Ex.ª! Não foi honra nenhuma, nem ficaria satisfeita se estivesse na vossa situação.

Vozes do PCP: - Muito bem!

0 Sr. Presidente (José Manuel Maia): - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Cunha.

0 Sr. Rui Cunha (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em Portugal, assistimos nos últimos anos a uma nova ostentação de riqueza, acompanhada pelo alargamento de manchas de pobreza que, nas áreas metropolitanas das grandes cidades, chegam a atingir quase um terço da população. Preocupação acrescida pelo facto de a pobreza se transmitir nas mesmas famílias, de geração para geração, sem que a sociedade em geral, e o Governo em particular, procurem obstar, de forma solidária, à manutenção e alargamento desta chaga social.
Mas a exclusão social não atinge apenas os cidadãos e as famílias que vivem em situações de miséria declarada ou assumida mas também largos estratos das classes médias, a chamada pobreza envergonhada e, obviamente, a camada da população que saiu do circuito produtivo.
A implementação de um rendimento mínimo garantido não pode, por si só, colmatar a grave situação de exclusão social em que se encontram muitas famílias portuguesas, mas é um dos contributos que incumbe a uma sociedade moderna assumir para ajudar a minorar a situação daqueles que não possuem meios para garantir o mínimo de subsistência.
As pessoas idosas, que, durante milénios, foram o suporte da transmissão de conhecimentos e do saber acumulado pela experiência, desfrutavam de um lugar de destaque nas sociedades ancestrais, mas, com os avanços científicos e tecnológicos, os idosos foram perdendo influência. Com o progressivo abandono de alguns valores éticos, que têm sido o suporte da cultura ocidental, o idoso tem vindo sucessivamente a ser lançado numa rampa descendente, que o tem conduzido a uma situação de grave exclusão social.
Também para o idoso, a criação de um rendimento mínimo garantido é um dos vectores que contribuirá para

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que possamos entender-nos acerca da criação do rendimento mínimo garantido. 0 que é fundamental não é discutir
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