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586 I SÉRIE -NÚMERO 16

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Correia Afonso): - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Ferro Rodrigues.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Nuno Delerue, estive a tentar fazer a conta à medida que o senhor ia falando e, somando tudo, cheguei à quantia de 65 milhões de contos, o que corresponde a menos de 6 % das dívidas que os senhores deixaram acumular ao fisco e à segurança social.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Esta é uma quantia totalmente irrisória perante aquilo que os senhores criaram!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Correia Afonso): - Tem a palavra o Sr. Deputado Rui Rio.

O Sr. Deputado Rui Rio (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, V. Ex.ª fez aqui um discurso voltado não para os portugueses mas, claramente, para dentro do Partido Socialista.

Protestos do PS.

Um discurso que só fala em desgraças, em perspectivas negativas, em horizontes negros, não é, com certeza, um discurso voltado para os portugueses mas, sim, repito, para dentro do Partido Socialista, cuja bancada só vibra com a desgraça e a miséria.
Julgo, Sr. Deputado, que V. Ex.ª terá tido uma noite mal dormida, com insónias e pesadelos, razão pela qual ficou mal disposto e fez um discurso deste género.
Gostava de falar das angústias que V. Ex.ª pronunciou para lhe avivar a memória e, desse modo, dar um contributo pessoal para que fique um pouco mais bem disposto.

O Sr. Jaime Gama (PS): - Vai falar do oásis?

O Orador: - Em matéria de política orçamental, o Sr. Deputado está angustiado com o défice público, que é de 5,8 %.

O Sr. Carneiro dos Santos (PS): - E as dívidas? Faça as contas!

O Orador: - Sr. Deputado, lembra-se do tempo em que o défice público, em Portugal, era de 11,1 %?

Vozes do PSD: Não se lembra!

O Orador: - Também lhe dou um contributo em sede de política orçamental, para que fique mais bem disposto, porque se não está contente com o que se passa agora, digo-lhe que tempos houve em que foi muito pior!
Diz estar angustiado com a política fiscal e com o rendimento disponível dos portugueses. Lembra-se V. Ex.ª quando a taxa de inflação era de 20 e 30 % e os escalões do imposto profissional nem sequer eram actualizados?

O Sr. Carneiro dos Santos (PS): - Diga lá quem era o Ministro das Finanças!

O Orador: - Vai ficar, com certeza, mais bem disposto quando verificar que este ano a inflação é só de 4 %, os escalões de IRS são actualizados em 4 % e os abatimentos em 6 %.
Houve, pois, tempos piores, em que V. Ex.ª estaria muito mais angustiado!
Também diz estar preocupado e angustiado com a taxa de desemprego. O Sr. Deputado lembra-se de qual era a taxa de emprego em 1984 ou 1985? Era de 9 %. Ora, 6,8 % é, com certeza, uma taxa superior ao desejado mas, ainda assim, não fique tão preocupado nem angustiado, porque tempos houve em que foi bastante pior!
E, já que se referiu à política monetária e cambial, pergunto: recorda-se quando a balança de pagamentos estava desequilibrada e tivemos de ir, a correr, chamar o Fundo Monetário Internacional...

O Sr. Gameiro dos Santos (PS): - Exactamente! É verdade!

O Orador: - ...para pôr direito aquilo que V. Ex.ªs arranjaram?

O Sr. Gameiro dos Santos (PS): - Pergunte ao actual Primeiro-Ministro!

O Orador: - Não esteja preocupado nem angustiado, porque temos hoje uma balança de pagamentos equilibrada, com as exportações a subir.
Será que se recorda de quando o escudo desvalorizava todos os meses 0,5 % ou l %? Sr. Deputado, hoje temos um escudo estável e convertível em qualquer parte do mundo.
Podia dar-lhe outros exemplos, mas julgo que já dei um contributo positivo para que não fique tão angustiado e que o ajudará a ultrapassar os pesadelos que, eventualmente, terá tido.
Mas nem tudo são boas notícias, Sr. Deputado Ferro Rodrigues. Num aspecto, tenho para o Partido Socialista uma má notícia, relacionada com a política de rendimentos, que é a seguinte: algo não está bem no Partido Socialista, já que tem um secretário-geral que propõe aumentos salariais de 6 %, valor que é superior ao que os sindicalistas do próprio partido propõem! Algo não está bem no Partido Socialista.

Risos do PSD.

Não estão, Sr. Deputado, as pessoas certas no lugar certo. Assim vejamos: o Deputado europeu Torres Couto deve ser o candidato a Primeiro-Ministro pelo PS e o Sr. Deputado António Guterres tem de ser o Secretário-Geral da UGT!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Porque o País está a perder um grande sindicalista e, com certeza, não será bom para o partido da oposição ter à frente dos seus destinos uma pessoa com vocação eminentemente sindicalista e não com vocação para governante.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Correia Afonso): - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Ferro Rodrigues.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Rui Rio, julgo que não terá compreendido bem certa parte, pelo menos, da minha intervenção.

O Sr. Gameiro dos Santos (PS): - É normal!

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