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31 DE MARÇO DE 1995 1955

todos os observadores políticos que até ele deixou e gostar do PSD, que até ele, hoje, já acha que o PSD já não serve, que até ele ficou farto da clientela que o rodeava e da rede tentacular de interesses que asfixia a sociedade.

Aplausos do PS.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: - Todos dizem que o Primeiro-Ministro parece, agora, mais solto e mais liberto. Aparentemente, precisava de se libertar da prisão que o seu próprio partido constituía.
Tal como ele, também Portugal precisa de respirar e, para isso, de se libertar do PSD. E que, connosco, é possível governar de forma diferente e governar melhor,...

Protestos do PSD.

... mas também porque a alternância democrática é um valor em si.

Aplausos do PS.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os homens passam; os governos também. Importa que o próximo governo da nova maioria deixe, por isso, um legado durável para o futuro. E quero repetir perante este Parlamento o compromisso que assumi nos Estados Gerais de tudo fazer para que um governo por mim dirigido venha a imprimir três marcas decisivas, três diferenças de que o País. precisa.

Vozes do PSD: - Só três?!

0 Orador: - A marca da transparência e de uma verdadeira cultura democrática no exercício do poder.

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Orador: - A cultura democrática que levará o futuro Grupo Parlamentar do PS a ouvir com atenção e respeito o futuro líder da oposição PSD.

Aplausos do PS.

Para dessacralizar o poder, para varrer de vez tiques que ainda restam do velho autoritarismo salazarento, para acabar com a lógica do segredo, da opacidade e da mentira, em que tão facilmente se escondem a irresponsabilidade, o tráfico de influências e a corrupção.
A marca de que as pessoas são o centro inspirador de toda a acção política, de que o desenvolvimento só é possível por elas e para elas, de que a prioridade das prioridades de qualquer governo futuro terá de passar a ser o investimento na sua valorização, na educação, na formação profissional, na ciência e na cultura.
A marca de que é possível governar com sensibilidade aos problemas sociais, assumindo o combate à pobreza como um problema político e apelando à mobilização da sociedade civil, em nome de uma cultura humanista de solidariedade.

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Orador: - É em nome destes princípios e destes valores que estamos e vamos trabalhar. Porque Portugal precisa de uma nova ambição e de um novo desígnio nacional. Enfrentamos tempos difíceis e são muitos os obstáculos a ultrapassar, mas juntos podemos vencer. E, como sempre, quando os outros fogem, nós estamos presentes.

Aplausos do PS, de pé.

0 Sr. Presidente: - Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado António Guterres, os Srs. Deputados Carlos Pinto, Manuela Aguiar, Lino de Carvalho, Jorge Paulo Cunha, Narana Coissoró, Pedro Pinto, Miguel Macedo, Mário Tomé, António Vairinhos, Conceição Monteiro, Costa Andrade e António Alves.
Por parte do Governo, nos termos regimentais, tem a palavra o Sr. Ministro das Finanças.

Aplausos do PSD.

0 Sr. Ministro das Finanças (Eduardo Catroga):- Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados: Com a chegada da Primavera, algumas pessoas ficam agitadas, angustiadas e febris. Ao PS acontece-lhe o mesmo. É atacado pela febre da interpelação!

Aplausos do PSD.

Risos do PS.

No ano passado foi a interpelação sobre política económica; este ano é a pretensa crise social. No ano passado era o espectro das falências em massa e o aniquilamento dos sectores produtivos, era a perspectiva de um futuro negro. A retoma económica em Portugal era ficção do Governo. E tudo por culpa da sua política económica.
Este ano é a sua visão de uma subida alarmante do desemprego, do avassalador alastramento da pobreza e da criminalidade e a inexorável deterioração dos índices de conforto da classe média. E tudo por culpa da política social do Governo.

Aplausos do PSD.

Vozes do PS: - É verdade!

0 Orador: - Mas, tal como no ano passado, o que é alarmante é o nível de demagogia a que o PS recorre.

Aplausos do PSD.

0 que é avassalador é a ligeireza com que lança mão de evidência factual errada; o que é inexorável é a sua tendência para a argumentação falaciosa.
0 PS diz-se, hoje, defensor da economia de mercado. Mas talvez porque se trata de uma conversão de fresca data, ainda não entendeu que os cicios económicos são inerentes à própria natureza da economia de mercado.

Vozes do PS: - Ah...

0 Orador: - Assim, não percebeu que, no período de 1986/1994, decorreu um cicio económico completo na economia internacional, com uma fase alta entre 1986 e 1990 e um período de abrandamento e recessão entre 1991 e 1993.
Não percebeu igualmente que o andamento cíclico da economia portuguesa está desfasado seis a nove meses em relação à economia europeia.

Risos do PS.

Não percebeu ainda a fase recessiva que atravessámos, tirando daí ilações erradas sobre a evolução futura.

Vozes do PSD: - Muito bem!