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2870 I SÉRIE - NÚMERO 87

ria absolutamente infundada e, devo dizer-lhe, inesperada da sua parte.
O Sr. Deputado sabe muito bem que para nenhuma pessoa de bem o assassinato tem desculpa. Devo dizer-lhe que o assassinato não tem desculpa, esteja ele envolvido por questões de racismo ou por questões ideológicas e políticas. E o Sr. Deputado sabe muito bem que nunca tive contemplações com assassinos, mesmo quando o fizeram a coberto de motivações políticas e ideológicas. O Sr. Deputado sabe muito bem que tem havido uma grande complacência quanto a certos assassinatos de motivação ideológica e política! Lembro-lhe isso, Sr. Deputado, porque achei de toda a inconveniência a sua referência ao meu silêncio face a um assassinato. Não há assassinatos que mereçam silêncio por parte de uma pessoa de bem! Evidentemente, todos nós protestamos e reprovamos! Mas, como não queria referir-me a esse aspecto, para encurtar as minhas razões, interroguei-o sobre uma questão importante do racismo, que é a da cor do racismo. É que os racistas são de todas as cores e não apenas de uma delas! E aquelas declarações a que me referi, em minha opinião - e eu quis apenas ouvir a sua -, contribuem tanto para o racismo e para os conflitos daí decorrrentes quanto as daqueles que têm a cor branca. Não há só racismo com cor branca; há também racismo com cor preta. Gostava de ouvir a sua resposta a essa questão.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Silva Marques, o Sr. Deputado fez-me uma pergunta, mas para omitir o essencial, porque sobre isso ainda não se pronunciou. E o essencial de que aqui falei é este caso concreto de racismo, que provocou uma morte também concreta. Por essa lógica, só falta o senhor dizer que o morto é que matou!

Vozes do PCP e do Deputado independente Mário Tomé: - Muito bem!

O Orador: - Não é a primeira vez que o Sr. Deputado me faz uma pergunta para omitir o essencial - e, isto, num caso grave. Recordo-me de ter sucedido o mesmo aquando de uma intervenção que aqui fiz a propósito de uma entrevista dada na televisão por um ex-inspector da PIDE.
Sr. Deputado Silva Marques, não faço discriminações e a minha tolerância também não as faz: condeno todo e qualquer racismo ou violência. O senhor é que ainda não condenou aquela que se verificou na noite de 10 para 11 de Junho! Por isso, se há omissão, ela é sua e não minha!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Rio.

O Sr. Rui Rio (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Desde há alguns meses a esta parte que o Partido Socialista não tem falado de política económica, neste Hemiciclo.
Esta situação contrasta com a postura altamente critica e politicamente agressiva, que, durante mais de três anos, o principal partido da oposição manteve sobre esta matéria.
O facto é tanto mais estranho, porquanto o Governo e o PSD em nada mudaram o rumo que, desde o início da presente legislatura, tem vindo a ser seguido.
Desde esse início que, repetidas vezes, defendemos e praticamos uma política de articulação da estabilidade macroeconómica com a plena integração na Europa comunitária. Tal opção obrigou-nos a ter de ser muito duros com todos aqueles que, nos momentos mais difíceis, reclamavam medidas expansionistas, que, supostamente, deveriam iludir a crise económica, que, então, a Europa vivia.
As experiências passadas e, acima de tudo, a prioridade que sempre damos ao interesse nacional obrigaram-nos e obrigar-nos-ão a recusar, em todas as circunstâncias, posturas de mero interesse eleitoral que, visem, exclusivamente, ensaiar a nossa própria desresponsabilização.
Mas, para que o tempo não atraiçoe a nossa memória, é bom recordar as solicitações, que o maior partido da oposição nos foi fazendo, em sede de política económica.
Pediram-nos, insistentemente e sem vacilar, que esquecêssemos a luta pela redução da inflação.
Pediram-nos que abandonássemos a estabilidade cambial e chegaram mesmo a insinuar que devíamos sair do Sistema Monetário Europeu.
Pediram-nos que votássemos propostas de alteração orçamental, no sentido de aumentar o défice e a despesa pública, para, assim, sobreaquecer a economia nacional.
Acusaram-nos de não relegar a convergência nominal para segundo plano, proclamando que, com isso, estávamos a prejudicar o crescimento.
Acusaram-nos de insensibilidade social e pediram-nos, despudoradamente, que aumentássemos, de forma irrealista, os salários, para, assim, estimular, artificialmente, o consumo e iludir os próprios trabalhadores.
Acusaram-nos, à falta de melhor, de sermos os bons alunos do Sr. Jacques Delors.
Em suma, pediram-nos, levianamente, que fôssemos de uma inadmissível irresponsabilidade e, perante a nossa recusa, acusaram-nos, historicamente, de tudo o que pudesse render votos.
Mas, como é lógico, o tempo não parou e eis-nos chegados ao momento em que os portugueses podem raciocinar com mais calma e menos emotividade e aferir, realisticamente, os resultados das opções tomadas.
Se tivéssemos sido fracos e cedido às pressões socialistas, estaríamos, hoje, a pagar os efeitos perniciosos de medidas insensatas de crescimento artificial em contraciclo.
Estaríamos, seguramente, a braços com uma inflação elevada, que, inevitavelmente, arrastaria aumentos das taxas de juro, queda do investimento, instabilidade cambial, menor crescimento económico e, obviamente, mais desemprego. Seria o efeito "bola de neve" a funcionar precisamente ao contrário do que, actualmente, assistimos.
Teria sido a reedição daquilo a que, no passado, o País já assistiu sob a batuta de governos socialistas e que, inequivocamente, condenou.
A diferença, aliás, é tão-somente esta: enquanto, hoje, o Fundo Monetário Internacional faz projecções para a economia portuguesa mais optimistas que o próprio Governo nacional, no passado, era chamado para acudir à desgraça e impor, à força, alguma ordem na casa.
Sr. Presidente, Srs. Deputados - O Partido Socialista "perdeu o pio" sobre política económica e as verdadeiras razões pelas quais isso aconteceu não são difíceis de descortinar.
Porque se enganou redondamente nas suas teses catastróficas e, na presente conjuntura económica, já não é popular dizer mal a qualquer preço.
Porque, embalados por algumas sondagens, deliciam-se com a ideia de que, um dia, ainda podem ser governo e,

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