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3122 I SÉRIE - NÚMERO 91

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, com certeza que foi criado um equívoco de comunicação entre mim e o Sr. Deputado António Guterres, pois ele não respondeu a nenhuma das questões que coloquei. Em vez disso, proeurou reverter sobre mim o ónus moral, quando eu não me referi a ninguém da sua bancada, antes dele, enquanto arrependido. O que eu disse foi que, quando ele se referiu ao meu companheiro, Eng. Álvaro Barreto, como arrependido, cometeu uma deselegância para não dizer uma inocuidade no domínio do debate político.

Vozes do PS: - Uma inocuidade?

O Orador: - Inocuidade, sim! Porque se, então...

O Sr. José Magalhães (PS): - Será que não quer dizer iniquidade?

O Orador: - Inocuidade! De inócuo! Porque inócuos são os senhores! Os senhores não são apenas iníquos, são inócuos, o que é muito mais grave! Só que, a vós, escapa-vos esse termo! Aos senhores, escapa-vos a ideia de inócuo, porque não se reconhecem...

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Inócuos?!

O Orador: - Sim, inócuos!
Então, de duas, uma: se o Sr. Deputado António Guterres considera que é útil para o debate referir-se ao meu companheiro, Eng. Álvaro Barreto, como arrependido, então há-de aceitar a utilidade da minha pergunta e de perguntar a cada um de vós qual de vós é o arrependido. Ora, V. Ex.ª não respondeu, nem sequer com uma graça! V. Ex.ª amuou! Senão, responda-me, em vez de dizer que não recebe lições de mim! Meu Deus, é claro que não, mas então, não me desse nenhuma lição! De qualquer modo, se me desse boas lições, devo dizer-lhe que até as aceitava.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para uma interpelação à Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, o Sr. Deputado Silva Marques tem razão: houve três questões a que não respondi, porque achei que o principal estava dito. Mas vamos às três questões, porque nestas coisas gosto de "deixar tudo posto em pratos limpos".
A primeira questão é sobre a regionalização. É muito simples. Aquilo que disse e mantenho é que um Governo do Partido Socialista apresentará imediatamente à Assembleia da República o projecto de lei que o Partido Socialista apresentou com a divisão regional que lá está e que será discutida e votada pelos Srs. Deputados.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Naturalmente que o tempo que levará a regionalização a concretizar-se será diferente se tivermos maioria absoluta ou relativa, sobretudo pela fraca ajuda que receberemos do vosso lado...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Depois, perguntou o que penso acerca do que possa ter dito de mim - mal um ex-camarada meu.

É evidente que não estou de acordo com o que ele disse, mas não abri qualquer polémica, ao contrário do que os senhores fazem.
Também me perguntou em relação ao arrependimento e aí a minha opinião é que ele é virtuoso, talvez não o seja para V. Ex.ª, mas na educação que recebi o arrependimento é uma virtude não é um vício. É bom ter isso em conta, porque quem nunca se arrepende, corre para a perdição. É bom não se esquecerem disso

Risos do PS.

Em relação ao arrependimento, devo dizer-vos que uma das coisas essenciais nos homens de bem e nos homens que têm objectivos comuns é saberem reconciliar-se sem sequer ser necessário pedirem desculpa um ao outro.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Sr. Presidente, Sr. Deputado António Guterres, estou muito interessado em que o PSD saia derrotado das próximas eleições legislativas e, por isso, não posso deixar de manifestar a minha preocupação e de lhe colocar algumas questões.
Primeiro, o que VV. Ex.ªs estão a discutir com o PSD é a melhor forma de levar à prática a mesma política.
Segundo, pela forma como correu o seu discurso, queria perguntar-lhe se V. Ex.ª está a dizer ao eleitorado "votem no PS porque os Deputados do PSD e o Primeiro-Ministro gostam do PS"?

Protestos do PS.

Está no discurso.
Terceiro, V. Ex.ª trouxe à colação várias vezes a questão do bloco central passado. Será que V. Ex.ª entrevê a possibilidade de vir a fazer mais à frente, depois das eleições, um bloco central com o PSD?

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Mário Tomé, telegraficamente a minha resposta.
A mesma política, obviamente, que não. Políticas diferentes sim, mas aceitando alguns condicionantes que todos temos de aceitar sob pena...

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Vão lixar o país?

O Orador: - Não vamos. Esteja descansado que há muitas maneiras de, apesar dos condicionantes que existem e que são reais, o país se poder desenvolver melhor, com mais emprego e com melhor política social.
Não tenho ilusões, mas terá compreendido que a minha alusão ao Primeiro-Ministro votar no PS foi uma ironia, embora seja verdade que o PSD tenha passado a ser durante algum tempo partido da oposição, se bem que depois se tenha arrependido. As coisas não correram bem e agora voltaram a colar-se, mas não há grande perigo do Primeiro-Ministro votar no PS. No entanto, ouvindo-o em algumas coisas e para ele ser inteiramente coerente com algumas coisas que diz, em contraste com outras, se calhar deveria fazê-lo.

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23 DE JUNHO DE 1995 3119 O Sr. Presidente (Adriano Moreira): - Tem a palavra, Sr. Deputado.
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