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23 DE NOVEMBRO DE 1995 239

ção de motivos do projecto de lei em apreço, de situações diferentes que têm também objectivos diferentes.
Não menos questionável para nós é a solução consagrada no artigo 18.º, quando atribui às empresas públicas de radiotelevisão e de radiodifusão - hoje transformadas em sociedades anónimas, como sabem - a incumbência de elaborar e remeter à Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias relatórios semestrais sobre a forma como «foram ou deixaram de ser efectivados, no âmbito da respectiva actividade, os direitos e garantias de objectividade, rigor, independência e pluralismo de informação asseguradas pela Constituição e pela Lei». Acabei de citar o vosso diploma.

O Sr. José Magalhães (PS): - Citou, mas o Sr. Deputado Marques Mendes não percebe!

O Orador: - Recordo aqui que, nos termos do artigo 10.º da Lei em vigor, era já reconhecido aos partidos com representação parlamentar o direito de elaborar anualmente relatórios sobre o grau de observância dos direitos previstos naquela lei.
Entretanto, que me recorde, nunca o Partido Socialista usou este direito legal, mesmo quando histrionicamente reclamava o respeito pelos seus direitos de partido da oposição. Desconhecimento deste mecanismo legal! - afirmarão, de forma tímida, alguns. Impensável! - respondo eu, quando conheço a valia jurídica e política de tantos Deputados do Partido Socialista. Descrença nos efectivos
resultados práticos deste prerrogativa legal - contraporão, cabisbaixos, outros. Porquê manter então, no essencial, este direito no actual projecto de lei?! - replico eu.

O Sr. José Magalhães (PS): - Imagine que o retirávamos!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: As razões invocadas, os argumentos expendidos e o mal fundado de muitas das soluções preconizadas, sobretudo, a convicção de que o respeito pelos direitos dos partidos da oposição exigem, mais do que pias proclamações de princípio, afectam irremediavelmente o juízo de valor que fazemos deste projecto de lei.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Coerentes com o que afirmámos no passado, quando fomos poder, não podemos se não votar contra este projecto de lei, apesar de agora sermos o maior partido da oposição.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Rosa Albernaz (PS): - Que novidade!

O Sr. José Magalhães (PS): - Má consciência! Muito má consciência!

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Martins.

O Sr. Alberto Martins (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Macedo, a sua intervenção foi surpreendente.

O Sr. Miguel Macedo (PSD): - Ainda bem!

O Orador: - ... porque é, em grande medida, um remake de uma situação que pensei estar ultrapassada. V. Ex.ª, faz uma intervenção com tiques de poder, que já perdeu.

Risos do PS.

A intervenção que fez foi semelhante a uma que já, no passado, tinha feito no âmbito de uma pergunta aquando do debate desta lei, quando com o seu colega Guilherme Silva estava muito preocupado com aquilo que, no entender de VV. Ex.as, era a cultura subjacente ao nosso projecto, que era o querer ser poder. Nessa altura, na hipótese para os senhores assegurada de que não teríamos a maioria eleitoral nas eleições de 1 de Outubro, V. Ex.ª disse: «como nunca conseguirão ser poder, querem, por uma via ínvia, aceder a mecanismos de participação, decisão e poder».

O Sr. Miguel Macedo (PSD): - Disso não podemos ser acusados!

O Orador: - Ora, a realidade mostrou que VV. Ex.as estavam erradas, mas o Sr. Deputado mantém o tique. No entanto, faço a pergunta, que é de pasmar: V. Ex.ª, como Deputado da oposição - e lembro-lhe que já não é Deputado do poder, não se esqueça disso -, não quer mais poderes de intervenção política? Não quer prestigiar o Parlamento? Não quer combater aquilo que VV. Ex.as, em grande medida fizeram, numa interpretação hipócrita da lei, que foi fazer tábua rasa dos poderes de participação parlamentar nas assembleias legislativas regionais, nas assembleias autónomas?

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - V. Ex.ª quer que a Lei de 77 continue a não ser cumprida? Se é isso que quer, faça o favor de dizer.

A Sr.ª Rosa Albernaz (PS): - Eles têm medo!

O Orador: - Nós não queremos e não deixamos. Contra a sua vontade, queremos mais democracia.

Aplausos do PS.

Por último, queremos deixar vincada uma outra questão. No anterior debate, quando o PS tomou esta iniciativa, foi-nos dito: «os senhores, como são o partido da oposição, deveriam ouvir todos os outros partidos da oposição para a iniciativa legislativa». Nós não fizemos isso, aliás, nesse momento, o meu colega e camarada Almeida Santos ao intervir disse: «Enfim, tomamos a iniciativa, poderíamos eventualmente, se nos tivéssemos lembrado, ouvir, dado que temos uma cultura de diálogo, de participação e audição, o que VV. Ex.as não têm, mas não o fizemos. Ouviremos agora. Mas agora V. Ex.ª retoma o argumento. Afinal, já não é o partido da oposição, porque esse seria o vosso, se quisessem tomar essa iniciativa, mas como partido do Governo - e foi dito, no debate - esta iniciativa deve ser tomada no início da sessão legislativa e da Legislatura. Pois é, é essa a exigência de VV. Ex.as e é a ela que estamos a responder. Isto é, o partido do poder assume a responsabilidade no início da Legislatura e quer maiores poderes de participação para VV. Ex.ª. Veja a nossa generosidade! Não é generosidade porque é apenas o cumprimento de um rigoroso sentido de responsabilidade democrática.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Macedo.

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