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714 I SÉRIE - NÚMERO 25

po em que tantos outros já tinham percebido o logro, quero sacudir a poeira radioactiva que me contamina a consciência. Sou hoje um homem novo, socialista e cibernético, que tem de encontrar formas de se afirmar como campeão das liberdades e guardião da história.
É este Deputado que, num curto espaço de tempo, muda tanto, sem querer que disso ninguém dê conta.
Se quer um conselho Sr. Deputado, não se preocupe, não se infernize, não se consuma. Os bons espíritos encontram-se sempre! Hoje, os seus antigos camaradas e os novos vão-se encontrar, de braço dado, a votar.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Muito bem!

O Orador: - As diferenças que dantes os afastavam profundamente são agora figuras de estilo, flores de retórica. Não se envergonhe porque nada nem ninguém impedirá a aliança entre o PCP e o PS. V. Ex.ª está transformado num glorioso traço de união.
Mas, porventura inebriado com o seu destino histórico, o Sr. Deputado não toma sequer consciência do carácter policiesco das suas intervenções. E só por manifesto acanhamento não o teremos visto a revolver os cestos dos papéis, a esquadrinhar os apontamentos, a exigir a publicação das agendas privadas dos membros do governo. É um autêntico detective privado a trabalhar e a investigar.
Os portugueses habituar-se-ão a reconhecer, em si, o ajudante do Perry Mason do Rato.

Risos do PSD.

Tem mesmo a suprema ventura de meter o nariz em tudo o que não lhe diz respeito. A rede informática do governo é apenas acessível aos membros do governo e dos gabinetes.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Que me conste, o Sr. Deputado José Magalhães não é ainda nem uma coisa nem outra. Mas, apesar disso, fala como se de competência sua se tratasse!
Nem o facto de o Sr. Secretário de Estado Pina Moura ter sido esclarecido, em pormenor, do que existia e existe e ter acompanhado a transferência parece sensibilizá-lo. Não tem receio de o colocar mal e desmentir. Também não parece dar relevância ao facto de o responsável pela rede informática do governo, apesar de não ter sido reconduzido no fim do governo anterior, ter continuado em funções.
Definitivamente, ninguém o quer ouvir, Sr. Deputado, nem o seu Governo!

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Muito bem!

O Sr. José Magalhães (PS): - Muito mal!

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Muito mal o seu Governo!

O Sr. José Magalhães (PS): - Não, muito mal o Carlos Encarnação!

O Orador: - E, ao mesmo tempo, revela uma profunda ignorância do que trata.
O sistema de gestão de documentos que alegadamente se terá apagado do gabinete de um Subsecretário de Estado apenas se destina a acompanhar o circuito dos documentos naquela unidade. Não tem a ver com o próprio documento, que tem um registo de entrada e não é afectado enquanto tal.
Os backups, também alegadamente objecto de apagamento, são, do ponto de vista informático, salvaguardas, como V. Ex.ª referiu, seguranças que têm um tempo de vigência e não devem existir eternamente. Não contêm os originais, que existem igualmente em arquivo independentemente destes, são cópias. O acto de apagamento é um acto normal, que deve, aliás, ser periodicamente feito para se disponibilizar espaço em disco.

Risos do PS.

O Sr. José Magalhães (PS): - Alguém o enganou!

O Orador: - É, neste sentido, um bem e não um mal.
Veja bem, Sr. Deputado, que estamos a explicar-lhe o que o senhor devia ter tido o cuidado de perguntar a quem soubesse do assunto.

O Sr. José Magalhães (PS): - Está a explicar a sua própria ignorância! Fica em acta!

O Orador: - E aqui está como, a gosto do seu autor, quase somos conduzidos a discutir a essência das coisas.
O problema é nosso, estamos Habituados a trabalhar assim. Mas esta desajeitada tentativa não o merece.
As intentonas do Sr. Deputado Magalhães são tão escandalosas e tonitruantes que a memória nos foge para Umberto Eco. E ficamos mesmo sem saber se aquela deliciosa Uma História Verdadeira, que consta do seu Segundo Diário Mínimo, foi inspirada no Sr. Deputado, se foi o Sr. Deputado que daquela história tirou o modelo da sua intervenção política.
Com duas importantes ressalvas, note-se: a imaginação daquele escritor é mais rica e fértil e a mentira transformada em verdade histórica converte-se em humor inteligente. Com V. Ex.ª, o campo da invenção é mais limitado e só consegue despertar indignação; Eco expressamente confessa o carácter lúdico do seu divertimento. Para tragédia nossa, o Sr. Deputado quer ser levado a sério.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, inscreveram-se os Srs. Deputados Nuno Baltazar Mendes, José Junqueira e Ruben de Carvalho. Pediram a palavra para defesa da honra os Srs. Deputados José Magalhães e Fernando Pereira Marques.
Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Baltazar Mendes.

O Sr. Nuno Baltazar Mendes (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Encarnação, gostava de lhe colocar a seguinte questão: não percebi ou, eventualmente, terei percebido mal, mas o Sr. Deputado terá dito que o projecto de lei em discussão não teria um carácter geral e abstracto ou, pelo menos, não resultaria claro esse carácter geral e abstracto do diploma em causa. Ora, tendo presente quer a exposição de motivos que consta do próprio projecto de lei, quer o articulado em causa, não vejo como é possível dizer que esse carácter geral e abstracto não está bem vincado!
Por outro lado, parece-me que existirá alguma má consciência do PSD relativamente a esta situação e aos pretensos «apagamentos» que terão ocorrido, porque se, eventualmente, eles tiveram, lugar nada melhor do que o chefe do anterior governo, o Professor Cavaco Silva, e o próprio PSD tomarem, eles próprios, as medidas que se impo-

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