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1526 I SÉRIE - NÚMERO 48

O Orador: - um Orçamento que tem, neste final de discussão, os mesmos defeitos que apresentava no início do debate: é um Orçamento que vai agravar o desemprego, é, um Orçamento que penaliza as classes médias, é um Orçamento de grave diminuição do investimento em Portugal. Por isso, é um mau Orçamento, um Orçamento que avaliza políticas erradas e, perante um mau Orçamento e políticas erradas, a clareza e a frontalidade políticas só autorizam uma posição: o voto contra, o voto de quem não cede perante a chantagem...

Aplausos do PSD.

... o voto de quem não alimenta cumplicidades, o voto de quem, demarcando-se hoje do que é mau, terá mais autoridade para denunciar amanhã os resultados nefastos desta política e responsabilizar os seus autores.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Mas o debate que hoje termina foi importante, não apenas porque mostrou ao País,. de forma clara, um mau Orçamento mas também porque foi, sobretudo, politicamente esclarecedor. Um facto político sobressaiu ao longo de todo este debate: a coligação perfeita entre o Partido Popular e o Governo do Partido Socialista...

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do CDS-PP: - Não apoiado!

O Orador: - ..., a santa aliança entre os socialistas e os populares, a sintonia total entre o Dr. Monteiro e o Engenheiro Guterres, firmada já não apenas na penumbra de uma suite de hotel...

Risos do PS.

... mas consolidada e tornada clara aos olhos de todos os portugueses.

Aplausos do PSD.

A encenação foi perfeita: no primeiro dia de debate o Primeiro-Ministro critica os partidos da oposição mas acena com o sentido de responsabilidade de um deles; o visado, logo a seguir, vem fazer as exigências da praxe, já antes apalavradas; no dia seguinte, o Ministro das Finanças, com ar de quem passou a noite a ponderar as exigências de há muito conhecidas...

Risos do PS.

..., anuncia pomposamente a concordância que já todos adivinhavam; a partir daí e até hoje, proposta a proposta, artigo a artigo, alínea a alínea, o Orçamento do Estado para 1996 passa a ser, sem tirar nem pôr, o Orçamento da responsabilidade do Governo do Partido Socialista e do Partido Popular.

Aplausos do PSD.

A encenação foi perfeita, mas não passa disso mesmo, de encenação. Encenação essa que não esconde a verdadeira realidade, ou seja, no futuro, quando o desemprego aumentar, a responsabilidade é tanto do PS como do Partido Popular...

O Sr. Jorge Lacão (PS): - Já parece o Deputado João Amaral!

O Orador: - ..., quando as classes médias protestarem pelo excesso de carga fiscal, socialistas e populares são ambos responsáveis, quando os portugueses sentirem na pele que há menos investimentos do que os necessários e prometidos, as responsabilidades têm de ser assacadas tanto ao Primeiro Ministro como ao líder do Partido Popular.

O Sr. Jorge Lacão (PS): - O Deputado João Amaral disse!

O Orador: - A esta realidade não conseguem escapar, porque esta é a verdade dos factos, porque esta é a prova das votações, porque este é o facto político deste debate.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - De resto, nada disto nos surpreende. O PS e o Governo precisavam, desejavam e negociaram, por interposto dirigente patronal, o apoio da muleta necessária para continuar o assalto às cadeiras do poder e prosseguir no manto diáfano da política do diálogo.
O PP, dito de direita, agora muleta do Governo socialista e cúmplice activo das suas políticas, fez com o Orçamento o que já havia feito antes nas eleições presidenciais:...

Aplausos do PSD.

Vozes do CDS-PP: - Já cá faltava essa!

O Orador: apoia as posições e as políticas de esquerda, responsabiliza-se pelos seus resultados e compromete-se com as suas consequências.
Ou seja, a direita desassombrada, que antes combatia a esquerda nefanda, agora alia-se a ela. A equidistância do antigo CDS, que antes se criticava, deu lugar à cumplicidade activa e ao apoio total. A coerência apregoada, essa, ficou pelas ruas da amargura e o pedido de perdão, depois da primeira edição no pós-presidenciais, virá quando as coisas começarem a correr pior ou quando se zangarem as comadres...

Aplausos do PSD.

Perante tudo isto, a política à portuguesa fica mais clara e o voto contra do PSD é ainda mais necessário. Sejamos claros, também em política antes sós que mal acompanhados.

Aplausos do PSD.

É preferível ter razão antes de tempo do que não ter razão ou a ter tarde e a más horas.

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Os portugueses sabem que temos razão.

Risos do PS e do CDS-PP.

Vozes do PS: - Sabem, sabem!

O Orador: - E a seu tempo terão, infelizmente, a prova disso.

Por isso, votaremos contra este Orçamento!

Aplausos do PSD, de pé.

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