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2112 I SÉRIE -NÚMERO 65

os Deputados do CDS-PP, o Partido do CDS-PP e nunca o Partido Comunista Português.

Aplausos do PCP.

Protestos do CDS-PP, batendo com as mãos nas bancadas.

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, querendo-o, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Monteiro.

O Sr. Manuel Monteiro (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Octávio Teixeira, nós não queremos que se cometam na regionalização os mesmos erros que os senhores e o PS cometeram na descolonização.

Aplausos do CDS-PP.

Essa é a questão fundamental para nós, Sr. Deputado.
E não me venha dizer, a mim - nem a quem quer que seja desta bancada -, que apoiei o colonialismo, porque não é verdade! E os senhores sabem-no!
Em matéria de direitos, liberdades e garantias e de democracia podemos receber lições de muita gente, mas não seguramente deste Partido Comunista Português! Essa é uma questão fundamental. É verdade!

Aplausos do CDS-PP.

Protestos do PCP.

E sabe por que é que é verdade? Porque nesta bancada estão homens e mulheres, mais velhos do que eu, que são hoje recebidos pelos chefes de Estado de países africanos que falam a língua portuguesa, que os recebem de braços abertos, sabendo que, ao receber estes homens, o fazem como democratas e como iguais. Não os receberiam, seguramente, se neles vissem alguém que queria o
regresso ao passado.

Aplausos do CDS-PP.

Em matéria de passado, há uma grande diferença, entre
outras, entre nós e o PCP.

Vozes do PCP: - É claro que há! Muitas!

O Orador: - É que os senhores são os democratas da palavra, nós somos os democratas da acção! É verdade! A vossa democracia...

Protestos do PCP, batendo com as mãos nas bancadas.

A vossa democracia foi a que apoiou o golpe de Estado na União Soviética para derrubar Gorbachov! A vossa democracia foi a que apoiou Estaline! A vossa democracia foi a de todos aqueles que procuraram que, pelo mundo inteiro, se falasse e pensasse a uma só voz!

O Sr. António Filipe (PCP): - A vossa democracia é a do 24 de Abril!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados, sei que o PCP se sente incomodado...

Vozes do PCP: - Oh!

O Orador: - Sente-se incomodado com o Partido Popular. E sabe V. Ex.ª, Sr. Presidente, porquê? Porque houve

muitos eleitores, muitos trabalhadores portugueses que votavam no PCP, e que, pela primeira vez, votaram no Partido Popular!

Aplausos do CDS-PP.

E há-de haver mais trabalhadores, mais homens e mulheres que têm votado no PCP e que hão-de votar no partido do futuro, da liberdade e da reconstrução nacional.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, permitam-me uma observação. Hoje, em todos os grupos parlamentares, sem excepção, a madeira tem sido muito maltratada. Existem as palmas, pelo que não é necessário, maltratar a madeira. Até porque, dizem-me os serviços, isso desequilibra a gravação e o equipamento sonoro.
Peço-vos, pois, o favor de usarem as palmas, que são tão simpáticas e a maneira tradicional de mostrar contentamento. Há também outras maneiras de mostrar descontentamento, mas não batendo na madeira, porque ela não tem culpa alguma.
Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Francisco de Assis, Isabel Castro, José Junqueiro, Mendes Bota e João Amaral.
Como o Sr. Deputado Manuel Monteiro já só dispõe de 4,2 minutos, peço-lhe que faça uma criteriosa gestão do tempo.
Tem a palavra o Sr. Deputado Francisco de Assis.

O Sr. Francisco de Assis (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel Monteiro, V. Ex.ª acabou de subir àquela tribuna com a pretensão de falar em nome de toda a direita portuguesa...

O Sr. Jorge Ferreira (CDS-PP): - É verdade!

O Orador: - ... e, contudo, nem sequer conseguiu falar em nome da totalidade do seu partido.

Aplausos do PS.

É que, na realidade, subsiste, felizmente, uma direita regionalizante - e subsiste ainda no seu próprio partido -, que tem uma clara memória e um lastro histórico, embora esteja hoje apagada, silenciosa, sorumbática e até triste, naturalmente por discordância pelas orientações que têm vindo a ser seguidas pelo seu partido nesta matéria.
Sr. Deputado Manuel Monteiro, V. Ex.ª representou aqui uma direita que se insere numa genealogia ultramontana e radical, centralista, elitista e autoritária, que sempre esteve e está contra a regionalização, porque, na verdade, desconfia da capacidade de iniciativa de auto-organização e auto-regulação do povo português.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Procurou estabelecer uma clivagem, totalmente indevida, entre a esquerda e a direita. Procurou assentar o seu raciocínio na tese, falsa, de que dividir o País é contrariar a História, quando a História dó País incorpora uma componente de divisão, como consta, de :resto, de textos, elaborados por um dos mais eminentes historiadores portugueses, o Professor José Mattoso. Mas essa diversidade nunca foi susceptível de pôr em causa a unidade nacional, que se alicerça, justamente, na diversidade e na pluralidade.

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