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2732 I SÉRIE-NÚMERO 81

O Orador: - ... e não necessita do seu empenhado esforço oficioso de defesa.
Mas quero dizer-lhe, Sr. Deputado, que esta minha insistência relativamente à actuação parlamentar do Sr. Deputado José Vera Jardim nestas matérias tem a ver com uma coisa que V. Ex.ª começa também já a revelar e, naturalmente, com o tempo, isso vai ainda acentuar-se: a falta de memória de V.V. Ex.as.
É preciso, efectivamente, lembrar-vos esse comportamento, não se podem livrar dele assim, Sr. Deputado, e, portanto, continuarei a fazê-lo. Aliás, vejo que isso é eficiente, pela forma como V. Ex.ª reage, dado que esta minha lembrança produz os seus efeitos e, portanto, não queira V. Ex.ª que eu desista de a utilizar, porque ela produz os efeitos desejados.
Se V. Ex.ª tiver o cuidado de ler as intervenções do Sr. Deputado José Vera Jardim - e estou convencido que, para continuar o seu papel de defensor oficioso do Sr. Ministro, vai fazê-lo - verificará que aquilo que eu hoje aqui disse insistentemente é verdade ...

O Sr. Osvaldo Castro (PS): - Não é verdade!

O Orador: - ... e não se trata de qualquer trauma, pelo contrário, foi uma atenção que tive para com o comportamento do Sr. Dr. José Vera Jardim enquanto Deputa do da oposição.
Nalguma medida, vou procurar seguir esse exemplo, porque parece que produziu os seus efeitos e não me vou preocupar em que, depois, V.V. Ex.as venham também
lembrar as actas quanto a esse meu frenesim.
Este comportamento do Sr. Dr. José Vera Jardim produziu efeitos, pois ele estava deste lado e hoje está daquele e, portanto, é um exemplo a seguir e não me peçam
para não o lembrar.

O Sr. Osvaldo Castro (PS): - Está a ver se chega o secretário de Estado!

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Baltazar Mendes.

O Sr. Nuno Baltazar Mendes (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Guilherme Silva, muito obrigado pelas questões que me colocou. Deixe-me dizer-lhe que fico muito
satisfeito que já se apresente claramente como candidato, em próximas eleições, ao cargo de Ministro da Justiça ou de Secretário de Estado da Justiça (não sabemos é se será do Professor Marcelo Rebelo de Sousa ou se de qualquer
outro).

Risos do PS.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Não há candidaturas a ministro!

O Orador: - Em relação à exibição das actas, já deu, de alguma forma, para perceber.
Ó Sr. Deputado, compreendo perfeitamente que V. Ex.ª tenha ficado muito marcado pela intervenção que o então Deputado José Vera Jardim fez nesta Câmara - e, como perceberá, não estou a fazer uma defesa oficiosa do Sr. Ministro, porque já vi que nesse aspecto o Sr. Deputado compartilha rigorosa e absolutamente dessas minhas ideias.
Quanto à falta de memória, o Sr. Deputado e o PSD não podem atacar em absolutamente em nada o PS ou o Governo. E sabe porquê? Vou dar-lhe um pequeno exemplo: há pouco acabámos de assistir a uma votação reveladora dessa falta de memória dos senhores - e não me refiro ao PCP ou ao CDS-PP, porque relativamente a essa situação têm posições absolutamente coerentes e plausíveis com aquilo que defendem. Mas o PSD acabou de demonstrar que não tem memória rigorosamente nenhuma e que deixou de ter passado, o que, de resto, é claramente demonstrado pelo facto de, inclusivamente, o Sr. Deputado Francisco Torres ter dito aqui que tinha votado por disciplina partidária. Veja bem o que é que isso significa, Sr. Deputado! Portanto, quando atacar o Governo ou o Partido Socialista de falta de memória pense sempre muito bem naquilo que o PSD tem feito nos últimos anos. Os senhores ainda há pouco tentaram «matar» o Professor Cavaco Silva. Não sei se o conseguiram assassinar, mas isso é outra questão.

Aplausos do PS.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito. Sr. Deputado?

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Para defesa da honra da bancada, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. João Amaral (PCP): - Ó Sr. Deputado Guilherme Silva, já cá não está a imprensa, portanto não há honra a defender!

Risos.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Com essa vossa atitude os senhores confirmam que quando falam aqui é para a imprensa. Não faço isso; falo para fazer a defesa efectiva da honra da minha bancada, independentemente da imprensa e dos assistentes, e essa é uma questão de princípio.
Sr. Deputado Nuno Baltazar Mendes, V. Ex.ª foi muito infeliz no exemplo que aqui deu para elucidar uma eventual falta. de memória da minha bancada. E porquê? Porque o que aqui trouxe foi um exemplo da actuação contraditória e incoerente do Partido Socialista. Fez um estardalhaço acusatório, disse que o antigo governo era demasiado bom aluno em Bruxelas, que dizia a tudo que sim, mas, de repente, e em relação às coisas mais relevantes e essenciais, e desnecessariamente, quer à força pôr o Parlamento a dizer que sim a Bruxelas. Não pode ser, Sr. Deputado! Os senhores ainda não perceberam ou não querem perceber que, em relação ao compromisso feito pelo governo do Professor Cavaco Silva com Bruxelas sobre esta matéria, foi uma habilidade diplomática em defesa de Portugal o ter-se dito, numa carta que foi enviada para Bruxelas, que, depois, o novo Parlamento iria votar e resolver esse problema (como se o anterior não 0 pudesse fazer).

O Sr. Osvaldo de Castro (PS): - O senhor esta a revelar segredos de Estado!

O Orador: - Têm falta de imaginação para, com este protelamento ou outro, continuarem a defender Portugal nestas circunstâncias. É fácil de ver que o Parlamento

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