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448 I SÉRIE - NÚMERO 12

o que não é verdade, pois o terceiro ciclo do ensino obrigatório faz parte integrante dos 9 anos.
Por isso, a questão que temos de resolver é a seguinte: hoje, uma parte significativa da população entra para o sistema educativo com os olhos postos no ensino superior, faz do ensino secundário uma espécie de pré-universitário e do 3.º ciclo da escolaridade obrigatória uma espécie de pré-secundário. Mas, cuidado!... É que, com a abertura da escola a largas camadas da população, há muitos jovens que não têm os olhos postos no ensino superior, que não são cativados, que não são atraídos, que não são agarrados dentro da escola, tal como ela hoje se encontra. Em cada três crianças que entram na escola, no 1.º ano, uma não chega ao final da 9.º classe, ou seja, perdemos 17% nos primeiros seis anos e perdemos mais 19% nos 7.º, 8.º e 9.º anos. Ora, há que introduzir no sistema uma lógica de combate à exclusão escolar e importa introduzi-la não propriamente na área da formação científica mas na área da formação da educação. Necessitamos de professores que sejam educadores, necessitamos de professores que compreendam a questão das famílias e a situação económica dos jovens. Sou, hoje, extremamente sensível a esta realidade, pois visitei centenas de escolas no último ano e tenho a noção exacta de que se trata de um problema gravíssimo para o País. Não podemos continuar a ter situações como a que me foi dada a conhecer, há dias, numa escola, quando perguntei a uma professora qual era, verdadeiramente, o problema que tinha com as crianças. É que ela respondeu-me que o problema mais difícil que tinha era conseguir sentá-las numa cadeira e mantê-las atentas, durante uma hora, àquilo que se passava dentro da sala. Ora, este dramatismo em relação ao abandono escolar... Não escondamos os problemas, estes são os problemas que temos, são estes problemas que nos propomos resolver e são sobretudo estas questões que temos de entender num sentido estratégico. Se não pegarmos estrategicamente nesta matéria, arriscamo-nos a ficar por medidas pontuais ou meramente mediáticas ou teatrais, como referi na minha intervenção de base.
Pessoalmente, estou convencido de que o Parlamento é sensível a esta questão. Muitas vezes, a sensibilidade do Parlamento é diferente em Plenário e em comissão e é diferente em comissão consoante a reunião é ou não gravada. Os Srs. Deputados farão como quiserem na reunião da Comissão de Educação em que esta matéria for discutida: gravam ou não, abrem ou não aos meios de comunicação social. Agora, o que peço à Comissão de Educação é que abra um debate sobre esta matéria, porque é de interesse nacional.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (João Amaral): - Vários Srs. Deputados pediram a palavra. Vou saber, em primeiro lugar, para que efeito a pediram.
Sr.ª Deputada Luísa Mesquita, para que efeito pediu a palavra?

A Sr.ª Luísa Mesquita (PCP): - Para defesa da honra pessoal, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente (João Amaral): - Sr. Deputado Fernando de Sousa, para que efeito pediu a palavra?

O Sr. Fernando de Sousa (PS): - Para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente (João Amaral): - E o Sr. Deputado Sílvio Rui Cervan, para que efeito pediu a palavra?

O Sr. Sílvio Rui Cervan (CDS-PP): - Também para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente (João Amaral): - Da parte do PSD não há interpelações à Mesa...
Risos.

Então, vou fazer o seguinte: vou dar a palavra aos Srs. Deputados para interpelar a Mesa pela ordem das inscrições. Sr.ª Deputada Luísa Mesquita, tenho pena, não lhe vou dar oportunidade de defender a honra ou a consideração pessoal, mas pode interpelar a Mesa. Depois dá-la-ei aos Srs. Deputados Fernando Sousa e Sílvio Rui Cervan.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Luísa Mesquita (PCP): - Sr. Presidente, provavelmente, talvez seja mais correcto fazer a interpelação à Mesa.
O que pretendo é que a Mesa solicite ao Sr. Ministro que, em nome do diálogo e da tolerância demonstrada pelo Ministério da Educação, responda às questões colocadas pelo PCP. Se necessário for, voltarei a colocá-las, partindo do princípio que o Sr. Ministro não ouviu e talvez queira dialogar.

O Sr. Presidente (João Amaral): - O Sr. Ministro pretende também interpelar a Mesa, desde já?

O Sr. Ministro da Educação: - Sr. Presidente, transformando a interpelação à Mesa da Sr.ª Deputada, aproveitava para lhe responder a algumas das questões...

A Sr.ª Luísa Mesquita (PCP): - A todas!

O Sr. Presidente (João Amaral): - Peço desculpa, Sr. Ministro, mas, nesse caso, daria em primeiro lugar a palavra aos Deputados inscritos para interpelar a Mesa, seguindo-se depois o Sr. Ministro.
Tem a palavra o Sr. Deputado Fernando de Sousa.

O Sr. Fernando de Sousa (PS): - Sr. Presidente, gostaria, através da Mesa, de pedir ao Sr. Ministro duas coisas.
Em primeiro lugar, se pode fazer o favor de voltar a indicar quais os requisitos que considera mínimos, uma vez que a Câmara não estava com a atenção necessária, pelo menos parte dos Deputados não ouviram.

Protestos do PSD e do PCP.

E também porque é uma questão que tem sido apresentada por numerosos Deputados.

Vozes do PS: - É verdade!

Protestos do PSD e do PCP.

Orador: - Em segundo lugar, Sr. Ministro, esse conjunto de requisitos já é do conhecimento dos intervenientes em todo este processo ou é a primeira vez que o está aqui a anunciar? Isto porque verificamos que, quer os órgãos de comunicação social quer os estudantes, têm-na questionado muito. É preciso saber quais são os requisitos. Por-

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