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1090 I SÉRIE - NÚMERO 29

ouvíamos então o empresário do nosso distrito falando em colóquios de empresários ou até, talvez, a versão regional no distrito de Leiria dos Estados Gerais!...
Julgo é que, no discurso que fez aqui, apontando carências importantes e até soluções que não posso deixar de subscrever, o que é lamentável e estranho é que, dois ou três anos depois de envergar essas vestes com que então o Sr. Deputado Henrique Neto se vestia, hoje esqueceu-se de que é o cabeça de lista do partido que apoia o Governo, do partido que tem a responsabilidade de resolver os problemas concretos, do partido que tem a responsabilidade de dar execução às muitas promessas que fez ao eleitorado por todo o País e também no distrito de Leiria. Essa é a principal crítica de fundo que tenho a fazer-lhe.
O Sr. Deputado Henrique Neto traçou planos, enquanto, na altura, membro do gabinete sombra do PS, que encantaram muita gente, apresentou promessas eleitorais num manifesto eleitoral do distrito que continha, praticamente, a resolução em poucos anos, dos principais problemas que nos afectam; e até o plano estratégico que apresentou no último Verão foi um renovar dessas promessas. Hoje, não nos trouxe novidade alguma - trouxe-nos apenas, mais uma vez, um novo rol de promessas. Eu pensava que o Sr. Deputado Henrique Neto vinha dizer que tinha conseguido, do Sr. Ministro João Cravinho, a resolução de alguns problemas, porque já sabíamos, no distrito, que tinha ido em audiência apresentar ao Sr. Ministro o seu plano estratégico - pensava que, pelo menos, trouxesse hoje aqui duas ou três questões resolvidas ou em vias de resolução. Vem falar-nos do conforto da linha do Oeste, de ir, em uma hora, de Leiria a Lisboa tomando o pequeno-almoço ou lendo o jornal. Mas, Sr. Deputado Henrique Neto, nada se fez nestes dois anos, nada se fez no PIDDAC de 1996 nem no de 1997 para resolver os problemas!
O Sr. Deputado Henrique Neto - estou lembrado disso - disse, numa intervenção no Conselho Empresarial da Região de Leiria, que não valia a pena o seu mandato se não conseguisse a resolução dos problemas concretos; eu não vou tão longe - devo dizer que a sua presença é sempre bem-vinda e folgo que esteja em funções como Deputado porque foi eleito pelo povo, e tem mais dois anos para mostrar a sua influência. Nós, em termos orçamentais, já esgotámos meia legislatura - só tem mais dois orçamentos para mostrar que, além das audiências ao Sr. Ministro João Cravinho, para além dos planos estratégicos, consegue, de facto, junto do poder socialista, algo mais do que o renovar de promessas. É evidente que o que V. Ex.ª disse em termos de rodovias é certo; o que disse em termos de promoção dos produtos regionais está certíssimo, mas, diga-me, em que é que se traduziu, desde a posse do actual governo, desde que o Sr. Deputado Henrique Neto tomou assento nesta Assembleia, essa vontade, esse desejo?
Sr. Deputado Henrique Neto, com toda a reverência, com todo o respeito e com toda a consideração que sabe tenho por si, porque é um empresário ilustre do distrito, julgo que, como Deputado, não conseguiu ter o sucesso que teve como empresário. Espero sinceramente que consiga esse sucesso no tempo que lhe falta. Estaremos cá para verificar se a sua presença nas listas de Deputados do Partido Socialista trouxe ou não algo de novo, se trouxe algo mais do que apontar as críticas que eram feitas aos Deputados Sociais-Democratas, que eram acusados de terem pouco influência, sendo certo que durante 10 anos conseguiram muitas obras para o distrito - conseguiram-se infra-estruturas na saúde, na educação e nas rodovias. Neste campo, o Partido Socialista teve apenas para apresentar os acessos à auto-estrada, que, aliás registo positivamente e nada mais!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Mota Amaral): - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Henrique Neto.

O Sr. Henrique Neto (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado João Poças Santos, agradeço a sua pergunta, mas devo dizer-lhe que, por um lado, não se deve encurtar o tempo, não passaram dois anos desde que o Partido Socialista está no poder e não faltam só dois anos até terminar a Legislatura! Portanto, dê tempo ao tempo, não se excite.

O Sr. João Poças Santos (PSD): - Passaram dois orçamentos!

O Orador: - Por outro lado, o Sr. Deputado não tem legitimidade para vir dizer que o Partido Socialista não fez tudo aquilo que prometeu porque os senhores estiveram 10 anos no poder e, resumindo a minha intervenção ao distrito de Leiria, V. Ex.ª sabe tão bem como eu a desgraça que é o distrito de Leiria, a desgraça que é o próprio concelho de Leiria, a desgraça que são algumas instituições em Leiria, como, por exemplo, o Politécnico e outras questões que V. Ex.ª conhece bem. Ou seja, dê tempo ao tempo em relação ao Partido Socialista, ao processo e à consciência que o Partido Socialista tem sobre as carências de Leiria. Tenho todas as razões para aqui dizer que o Governo está tão consciente como eu, e como o Sr. Deputado, das carências do distrito de Leiria.
Aliás, não quero deixar de referir a intervenção do Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território no nosso distrito procurando formas criativas de financiamento de uma obra rodoviária essencial, que V. Ex.ª conhece bem, superando as debilidades do financiamento do Estado. E surpreende-me que VV. Ex.as, aqui e além, nomeadamente nas autarquias, tenham vindo a levantar alguns obstáculos, por enquanto meramente retóricos, relativamente a essa procura de criatividade para resolver um problema de acesso a Lisboa e ao Porto, que foi resolvido, e que é um exemplo do grande erro de planeamento que foi a execução da auto-estrada que não deu praticamente acesso a nenhum concelho do nosso distrito, apenas ligando Lisboa ao Porto. Esses grandes erros estratégicos de desenvolvimento foram feitos pelo Governo que V. Ex.ª apoiava.
Mas não quero terminar sem referir uma questão que me parece importante e a qual penso que todos devemos ponderar, nomeadamente, a sua bancada. Falei aqui num aspecto que V. Ex.ª não notou ou pelo menos não se lhe referiu e que é a necessidade de se alterarem alguns hábitos de planeamento do Estado, algumas resistências, até culturais, da nossa sociedade e que têm que ver com o privilégio, do meu ponto de vista, dos projectos integrados de desenvolvimento, seja no distrito de Leiria seja noutros pontos do país, vis-a-vis as obras avulsas de obras públicas.
Portugal tem uma tradição muito grande e muito antiga de obras públicas; os políticos e até os agentes económicos pensam sempre na reivindicação da obra pública mas a obra pública é, muitas vezes, muito mais um custo

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