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2362 I SÉRIE - NÚMERO 68

seus mandatos, deu grande atenção aos problemas relacionados com o interior, tendo mostrado sempre especial preocupação com o regadio da Cova da Beira.
Em 27 de Abril de 1991, aquando da visita do Prof. Cavaco Silva à Cova da Beira, este não referiu uma única palavra sobre o projecto de irrigação da Cova da Beira, nem mesmo depois de ouvir as preocupações dos Presidentes das Câmaras Municipais de Sabugal, Covilhã e Fundão, em cujos executivos estavam representados todos os partidos com assento parlamentar. Mau prenúncio para os que acompanhavam a visita e que viria a concretizar-se um mês depois...
Em 21 de Maio de 1991, o então Secretário de Estado do Ambiente e da Defesa do Consumidor, Macário Correia, considerou que a barragem do Sabugal não era prioritária para o projecto de regadio da Cova da Beira.
Estas declarações, proferidas numa visita ao distrito da Guarda, deitavam por terra todas as esperanças das gentes da Beira Interior na concretização do projecto em cuja viabilidade acreditavam.
Mas, em 17 de Julho de 1992, somente um ano depois, dois Secretários de Estado - o dos Recursos Naturais (António Taveira) e o da Agricultura (Álvaro Amaro) - vieram à Covilhã prometer que, afinal, a barragem do Sabugal iria ser feita, avançando até um horizonte temporal de três anos.
Diria Carlos Pinto, então Presidente da Câmara Municipal, depois de uma reunião da qual ele tinha sido o promotor: "Os que aqui vivem saberão agradecer aos governantes que materializarem o projecto". O futuro veio dar-lhe razão, castigando quem prometeu e não cumpriu.
Avanços e recuos não faltaram durante estes últimos 50 anos. Afinal, o tal idoso tinha razão!

Aplausos do PS.

Em 18 de Março de 1997, há cerca de um mês e meio, foi, finalmente, assinado o contrato para a construção da barragem do Sabugal.

Vozes do PS: - Mui to bem!

A Oradora: - Luís Capoulas Santos, Secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, que ali se deslocou para presidir à assinatura, afirmou: "Cova da Beira é grande, projecto para Portugal" e "a barragem do Sabugal é apenas uma pequena parte do projecto da Cova da Beira, que é um grande projecto para o interior do País e para Portugal".

Vozes do PS: - Muito bem!

A Oradora: - É importante referir que também já, em 1982, o Professor Manuel Porto avisava, segundo o Jornal do Fundão de 7 de Maio: "O Projecto da Cova da Beira, se não for concretizado na sua globalidade, não será rentável nem viável".
Permitam-me, com todo o respeito, terminar, parafraseando o ex-autarca e actual Deputado do PSD, Carlos Pinto, em 17 de Julho de 1992: "os que aqui vivem(...)" - na Cova da Beira - "(...) saberão agradecer aos governantes que materializarem o projecto!"

Vozes do PS: - É bom lembrar!

A Oradora: - Estamos certos de que assim será!

Aplausos do PS.

Entretanto, regista-se, de novo, burburinho na Sala.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Srs. Deputados, estamos numa sessão plenária e há muita agitação na Sala e nas galerias. Peço, uma vez mais, silêncio!
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Manuela Aguiar.

A Sr.ª Manuela Aguiar (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Foi em Filadélfia que vivi o dia histórico das primeiras eleições por sufrágio directo e presencial nas comunidades portuguesas do mundo.
Como estarão lembrados, o sufrágio directo e universal para o Conselho das Comunidades foi inicialmente, logo em Outubro de 1995, proposto pelo PSD, num projecto de lei de que eu própria fui a primeira subscritora, e o seu exercício in loco - extensivo a qualquer acto eleitoral - apresentado também pelo meu partido e, então, rejeitado pelas demais forças políticas.
Talvez a partir de agora queiram reconsiderar.
Se não tivesse estado em Pensilvânia e, seguidamente, em New Jersey, Connecticut e Massachussets, não poderia hoje, nesta Câmara, dar testemunho da forma fraternalmente correcta e convivial em que o acto cívico decorreu, da alegria dos que votaram, do companheirismo dos candidatos e até da esperada eficácia c desenvoltura dos serviços consulares, pelo menos ali.
Não me moveu, como é por demais evidente, qualquer despropositado intuito de fiscalização ou intendência, mas, sim, o de prestigiar o democrático nascimento, nas urnas de voto, de uma nova e esperançosa instituição política, da qual, de resto, como Deputada eleita pela emigração, exactamente ao mesmo título que o responsável governamental pelas comunidades portuguesas, tarei, por inerência, parte integrante, em representação desta Casa.
A verdade democrática destas eleições foi, todavia, atraiçoada na miragem dos números, das taxas de presença e de abstenção.
Foi a ideia peregrina de dilatar o colégio eleitoral ao seu limite máximo, irrealista, colossal, considerando como cidadãos eleitores, por decreto, sem qualquer acto individual de recenseamento, todos os inscritos nos registos consulares, foi essa ideia que determinou uma colossal abstenção, a maior a que jamais se terá assistido na civilização ocidental, em eleições nacionais. Era inevitável, era uma fatalidade matemática, engendrada por uma desastradíssima engenharia política!
Durante meses, os consulados do mundo inteiro, antes mesmo da informatização geral que os anteriores governos já anunciavam, e que o actual promete, desde há 18 meses, para o dia seguinte, houve centenas de funcionários que nada mais fizeram do que examinar muitos milhões de fichas, uma a uma, para eliminar desse fantasmagórico rol eleitoral os menores de 18 anos e todos os que, há mais de 25 anos, não davam sinal de si e se presumia terem falecido ou abandonado a área consular.
Nestas condições, não só houve um significativo número dos que permaneceram nessa área que se viu eliminado, como foram investidos na qualidade de eleitores, por vontade de quem manda, os mortos, os ausentes e também os indiferentes, às centenas de milhares...
Mesmo em Portugal, onde é obrigatório o recenseamento, não se dispensa a manifestação de vontade individual no processo respectivo, desde logo como forma de consciencialização cívica!
O louvável intento de alargar a participação real melhor teria sido servido pela simples aceitação de um voto, facilitado a todos os que devidamente documentados e

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