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16 DE JULHO DE 1997 3349

perspectiva de se criarem programas de viagens a Portugal, em conjunto com todos os operadores turísticos, criando package deals para vender a gastronomia, a história, a cultura, a paisagem, ele, e, como ponto alto, a Expo 98. Assim se procuraria atingir um vasto mercado de férias e turismo em geral, que se distribuiria por todo o País.
Neste momento, o investimento publicitário da própria Expo é nesse aspecto completamente omisso, procurando apenas vender-se a si próprio, em vez de se procurarem aplicar as óbvias sinergias que resultam de um evento tão importante como a Expo 98 em Portugal, em benefício de todo o País. Seria obviamente nestas alturas, e por vias dos package deals, que se poderia negociar com companhias de aviação tarifas especiais e desenvolver o que acima referi, criando a procura de Portugal a pretexto de visitar a Expo 98. No entanto, e feita esta breve incursão naquilo que nos levaria a questionar fortemente a estratégia de marketing utilizada, depois da visita recentemente feita à Expo e perante o problema que mais foi evidenciado pelos Srs. Deputados das diversas forças políticas sobre as acessibilidades, entendemos não continuar a manifestar as nossas críticas àquilo que consideramos, conforme já disse, a má campanha de marketing e centrar todas as nossas atenções num problema que configura preocupações bastante mais importantes.
Assim, perante a descrição realista feita pelo actual Sr. Comissário Torres Campos sobre as acessibilidades e os números que nos foram fornecidos, peço, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que me acompanhem na seguinte reflexão: esperam-se 8,3 milhões de turistas durante os cinco meses que dura a Expo 98. Desse número, metade virão do estrangeiro, ou seja, pouco mais de 4 milhões de estrangeiros e destes esperam-se cerca de 3 milhões de espanhóis e os restantes de outros países de origem. Isto equivale a dizer que são 55 000 turistas por dia, ou seja, em números redondos, em média, 28 000 portugueses, 20 000 espanhóis e 7500 de outros estrangeiros, que não espanhóis, visitarão a Expo. Todos têm de entrar e de sair de Lisboa!
Acresce a circunstância de que, para a maior parte dos portugueses, são visitas curtas, outros de entrada e saída. No caso dos turistas espanhóis, também se admite visitas curtas, eventualmente a dormirem em Espanha e, à noite, para lá regressarem, tal como acontecia com a Expo de Sevilha, em que muitos portugueses dormiam no Algarve - saíam de manhã cedo e, à noite, aí regressavam. O traço de união entre os turistas portugueses e espanhóis é que a sua esmagadora maioria visitam a Expo trazendo a sua viatura e que, obrigatoriamente, terão de entrar pela 2.ª Circular, se vierem do Norte, e, para aqueles que vêm do Sul, pela Ponte Vasco da Gama ou pela Ponte 25 de Abril, sobrecarregando em princípio o mesmo eixo. Depois, para chegar à Expo, há duas alternativas: ou atravessar a cidade de automóvel, congestionando uma totalmente congestionada cidade, ou utilizando o metropolitano, que, até ao momento, ainda não está a 100% assegurado.
Mas há um outro problema: o que acontece com o acréscimo de turistas que entrarem de avião no aeroporto de Lisboa e que se estimam, no mínimo, em 15 000 por dia? Segundo os dados técnicos de que disponho, e partindo do princípio que se trata de altura em que os tráfegos aéreos aumentam devido às férias, 15 000 pessoas por dia podem representar um acréscimo de mais de 100 aviões por dia. Não existe qualquer capacidade logística no aeroporto de Lisboa para suportar, não só a essas chegadas como, obviamente, também as respectivas partidas.
Sobre todo este cenário, que gera alguns «calafrios» e que comporta consigo a sobrecarga de infra-estruturas não preparadas para receber em tão pouco prazo de tempo tanta sobrecarga, retomo o princípio: o que vai acontecer à 2.ª Circular como eixo fundamental e único para atravessar Lisboa, tendo em conta que, para além de todo o tráfego que atrás se referiu, se deve acrescentar aquele que resulta da entrada em funcionamento da Ponte Vasco da Gama, o aumento do tráfego criado pelo Colombo e a falta de conclusão das obras da variante n.º 10, para e de St.ª Iria de Azóia?
Para finalizar, diria ainda que os indicadores de que disponho sobre o aumento de tráfego na 2.ª Circular se situam entre os 25 000 e 30 000 viaturas por hora.
Como disse atrás, limitei-me a trabalhar os números que recebi do Sr. Comissário Torres Campos e a fazer, apenas e tão-só, a sua projecção. Limitei-me também, no caso das infra-estruturas, quer viárias, quer do aeroporto, a caracterizá-las e tentar verificar o impacto sobre elas e suas consequências.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Nunca fui profeta da desgraça e desejo ardentemente que os cenários que acima procurei transmitir não tenham as consequências que se adivinham.
Senti, contudo, a obrigação de compartilhar com toda esta Câmara estas preocupações, já que quer se goste quer não, quer se critique os custos ou não, trata-se de um projecto nacional e em que todos nós nos devemos esforçar para que corresponda ao que dele se aspira.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Como ninguém se inscreve para pedir esclarecimentos, passamos ao tratamento de assuntos de interesse político relevante.

Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Carrilho.

A Sr.ª Maria Carrilho (PS): - Sr. Presidente da Assembleia da República, Sr.ªs e Srs. Deputados: Tem a minha intervenção a finalidade de sublinhar nesta Assembleia uma ocorrência de grande alcance histórico: o início do processo de inclusão na NATO de países que, durante décadas, pertenceram à área de predomínio da então União Soviética. Tal ficou estabelecido na recente Cimeira do Conselho do Atlântico Norte, realizada em Madrid, e consubstanciado na «Declaração sobre a Segurança e a Cooperação Euro-Atlânticas», subscrita por todos os Chefes de Estado e de Governo dos países membros da Aliança.
A ratificação relativa ao alargamento da NATO irá passar, ao longo do próximo ano, pelos parlamentos de todos os países envolvidos, membros actuais e membros
aceites. Esta é mais uma razão para que o nosso Parlamento, tal como está a acontecer com outros, não deixe de demonstrar que está atento a tão importante acontecimento.
O significado de todo este processo será certamente memorável para as gerações vindouras. Caso excepcional na história das alianças militares, houve uma vitória clara de uma aliança sem que a tal correspondesse uma derrota e uma rendição da aliança contrária. Os Estados do Pacto de Varsóvia não saíram derrotados enquanto países, enquanto nações e povos. A derrota foi a de um projecto de configuração da sociedade e do mundo onde não cabia um dos bens que a Humanidade considera hoje mais preciosos: a liberdade.

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