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2200 I SÉRIE - NÚMERO 65

a acção deste Governo pelos seus dois anos e meio de governação. Escreveria, por certo, qualquer coisa como isto: começaria por descrever uni país em permanente e ameno diálogo e daí concluiria que, por certo, grandes reformas estavam a ser empreendidas.
Com efeito, esse diálogo só poderia estar a ter lugar porque era necessário explicar aos que nestas circunstâncias sempre são afectados, a bondade das mesmas.
Esse alguém, pensaria mesmo que greves e manifestações, que vão ocorrendo, eram fruto de um mau estar social decorrente dessas mesmas reformas.
Julgar-se-ia mesmo que se estava perante um Governo a governar à altura dos desafios que são pedidos ao País.
Pura ilusão! O diálogo tem, pelo contrário, sido o remédio para a paralisia e o pretexto para o adiamento.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Aplausos do PSD.

O Governo pode continuar neste caminho, mas virá o dia em que será responsabilizado pelo caminho errado que percorreu para lá chegar e pelos sacrifícios que, provavelmente, terão de se vir a pedir aos portugueses para lá sobreviver.
Afinal, este cidadão podia concluir do seguinte modo: em democracia, a transparência é um elemento essencial e, por isso, não é possível encobrir por muito tempo o que, por definição, tem de andar à luz do dia.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - Não há dúvida que a propaganda tem sido unia arma fortíssima e eficaz deste Governo, mas ninguém pode viver muito tempo apenas na base da fantasia.

A Oradora: - Mas esse mesmo cidadão ao verificar que a economia portuguesa é considerada apta para entrar no euro, sem custos e sem sacrifícios. não poderia deixar de considerar que isso se devia a um Governo muito rigoroso nas despesas, tendo sido por esta via que encontrou a solução certa para o objectivo em vista.
Pura ilusão! Se analisasse com cuidado verificaria que o aumento da despesa tem estado a ser encoberta pela quebra dos encargos com os juros e esta não é obra do Governo.
Verifica, ainda, esse cidadão que as pessoas andavam inseguras, porque os relatórios governamentais apresentavam estatísticas que apontavam para, um aumento acentuado da criminalidade; mas essa insegurança seria rapidamente ultrapassada pelo simples anúncio do aumento das despesas neste sector
E a saúde? Aí há motivo para um enorme regozijo. A despesa tem crescido de tal forma que os utentes nem precisam de ouvir mais nada. Estão esperançados e confiantes. Com tanto recurso atribuído a este sector não se pode pensar que haja desperdício. Os cidadãos têm a certeza de que se precisarem de algum cuidado especial dirigem-se aos hospitais e serão atendidos de imediato.
Existe, além disso, a maior das tranquilidades quanto à impossibilidade de aumento de impostos.
O Governo prometeu que não os aumentará e sabe-se que cumpre a sua palavra, porque disso já deu provas;
E verdade que introduziu a colecta mínima do IRC, mas isso não é aumento de impostos: é combate à evasão fiscal. Também se verificou o aumento da contribuição autárquica, mas aí a culpa é dos autarcas. E quanto ao aumento dos preços dos bens e serviços públicos, é problema das empresas públicas.
Não se vêem novas estradas, é verdade. Mas vão ver, o que é preciso é confiar.
Há um plano onde elas está(.) desenhadas. Que mais querem? É um orgulho, tal plano!

Risos do PSD.

Terminada a imaginação delirante, esse cidadão tomava consciência da realidade e concluía: afinal. o que aconteceu a este Governo foi ter vivido à custa de uma herança de tal forma pesada que lhe permitiu não governar mais de metade de uma legislatura e atingir, por inércia, os objectivos económicos que há anos tinham sido propostos ao país.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - A verdade - vem sempre à tona da água!...

Vozes do PSD: - Isso é verdade!

A Oradora: - Este cidadão, agora, está mais consciente mas menos feliz.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Este Governo peca por um enorme defeito: acha-se dono de tudo, trata os dinheiros públicos como se fosse sua propriedade e, nesse sentido, aplica-os de acordo com a defesa dos seus interesses próprios e não do interesse público.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - Já chegou mesmo ao cúmulo de considerar que nada tem a haver com a actuação de empresas de capitais públicos, porque estas não vivem directamente de impostos. Atingindo-se assim o limite de utilizar o artifício das palavras e dos conceitos contabilísticos para desresponsabilizar perante a opinião pública quem não pode nem deve ser desresponsabilizado.

Aplausos do PSD.

É provavelmente nesta óptica que acha natural que um membro do Governo utilize um bem público para benefício da sua esfera particular.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Mas nós não temos esse entendimento da utilização dos dinheiros públicos.
Não têm por isso nem os Srs. Ministros nem os Srs. Deputados de se admirar que tenhamos o direito de questionar o Governo pelas aplicações que anda a fazer com os nossos impostos e que tenhamos o dever de defender todos aqueles que podem ser injustamente preteridos pelas vossas escolhas estratégicas.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

A Oradora: - Muito se tem falado nos últimos dias sobre a actuação do Governo no domínio do apoio a grupos económicos. Isso nada teria de incorrecto se, em pri-

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