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2416 I SÉRIE-NÚMERO 71

há muitos milhares de jovens que sofrem com o flagelo da droga mas ouve-se falar de programas de reabilitação do Casal Ventoso, no Porto, há igualmente milhares de jovens que padecem com o mesmo flagelo sem que se apresentem quaisquer programas de reabilitação de qualquer um dos muitos supermercados de droga que enchem a cidade, parecendo que a droga em Lisboa é um problema nacional enquanto no Porto é uma característica das suas gentes.
Em suma, Sr. Presidente, Sr.- e Srs. Deputados, aos meus filhos, porque lhes quero falar sempre verdade, terei de lhes dizer que lhes peço desculpa por os obrigar a viver numa zona do País onde tudo é mais difícil do que em Lisboa.

O Sr. José Junqueiro (PS): - Coitados dos miúdos!

O Orador: - Só não o faço, porque quero educar os meus filhos ensinando-lhes alguns valores, um dos quais é o da obrigação que todos temos de combateras injustiças sem fugir dos problemas. E o combate às injustiças começa, justamente pela sua denúncia.
Aliás, não é só aos meus filhos que quero falar verdade. É minha obrigação, enquanto Deputado à Assembleia da República, dar voz aos que me elegeram, amplificando as suas reivindicações, mas também, e sempre, falar verdade, denunciando as múltiplas injustiças de que uma parte muito significativa do País é vítima.
Estão passados quase 25 anos sobre o 25 de Abril, quase 25 anos de esperanças sempre adiadas, quase 25 anos de promessas e de ilusões. Não podem esses-25 anos de luta contra as desigualdades, portanto, no combate às injustiças e às assimetrias, levar-nos a cair em "cantos de sereias" que se apresentam encantadoras mas mais não são do que uma forma de satisfação de vaidades e ambições pessoais, quantas vezes usurpando e destruindo justas reivindicações.
Mas, Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Deputados, os meus filhos são ainda pequenos. Talvez seja possível, denunciando estas visões centralistas, manifestando ajusta revolta daqueles que são tão portugueses como quaisquer outros, dando mais poderes aos que estão mais perto dos cidadãos, isto é, aumentando os meios das autarquias locais, mas principalmente alterando as mentalidades, talvez seja possível, dizia eu, alterar significativamente as coisas, de forma a que os meus filhos, que aqui utilizei para personificar toda e qualquer criança deste nosso Portugal, não cheguem a sofrer a angústia do porquê de tamanha injustiça, logo, a revolta de tão estúpida desigualdade.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Saraiva.

O Sr. José Saraiva (PSD): -.Sr. Deputado Pedro Vinha da Costa, comemora-se por esta data a chegada do Gama a Calecut. Tenho a certeza de que V. Ex.ª leu Os Lusíadas e lá também havia "velhos do Restelo"...
O discurso do Sr. Deputado, traduzindo, de certo modo, alguns indicadores, que são verdadeiros e nos quais pessoalmente me revejo, não deixa de trazer a esta Casa, num dia e num momento destes, uma insuportável demagogia, um miserabilismo que me faz interrogar.
Apesar de eu ter nascido e vivido no Porto, penso que todos nesta Câmara seremos do Porto quando revemos os números, mas todos somos de Lisboa, todos somos da Expo, que, aliás, é um projecto sonhado por gente com responsabilidades no discurso ideológico do seu partido e promovido quando o seu partido estava no Governo. Por isso, a sua intervenção apanhou-nos de surpresa e penso que a reacção da sua própria bancada é disso exemplo.
Assim, pergunto-lhe se o seu discurso traduzirá, ele próprio, a forma como a nova direcção do seu partido, a que V. Ex.ª pertence, vê os problemas do País e da exposição universal. Traz V. Ex.ª aqui, ao Parlamento, a posição que a direcção do seu partido - agora, cada vez mais, cavalgando para a direita - tem, uma visão passadista das realidades nacionais e das promoções que fazem o nosso País ser, hoje, olhado com respeito e, de certo modo, até invejado, por uma realização que amanhã todos teremos a honra de testemunhar?
Sinceramente, tendo o Sr. Deputado invocado tanto os seus filhos, espero que eles, daqui a uns anos, não se orgulhem do discurso que V. Ex.ª fez aqui hoje, porque ele traduz uma memória de um Portugal coitadinho, de um Portugal pequenino, que pensa pequeno e vê pequeno,...

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - ... de um Portugal, que, no fundo, é redutor da sua própria imagem e grandeza.
Portugal não é isso! Portugal tem, na sua história, momentos de grandeza e o momento que estamos agora a viver em Portugal - todos nós, de um partido ou de outro, independentemente das opiniões que tivermos sobre este ou aquele pormenor - é um momento de que nos orgulhamos, que nos faz reflectir e ter orgulho em sermos portugueses.
Pelo contrário, ouvindo o seu discurso parece que este Portugal é, como dizia Alexandre O'Neil, o seu próprio remorso.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Pedro da Vinha Costa, havendo mais oradores inscritos para pedir esclarecimentos, V. Ex.ª deseja responder já ou no fim?

O Sr. Pedro da Vinha Costa (PSD): - Respondo já, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então, tem a palavra o Sr. Deputado.

O Sr. Pedro da Vinha Costa (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado José Saraiva, muito obrigado por me ter colocado a questão e, principalmente, por ter concordado comigo. Outra hipótese também não tinha, porque os números que apresentei são exactos, não são números que dependam da perspectiva em que cada um de nós olhe para eles. São a realidade!
Por outro lado, muito obrigado também por meter dado a hipótese de esclarecer o que é que eu pretendi fazer com a intervenção que proferi. Na verdade, o que pretendi foi,

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