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13 DE NOVEMBRO DE 1998 653

Só no texto poderemos encontrar todos os sentidos. Do que conta a fábula, do teatro ao ensaio, das histórias de amor ao romance, Cardoso Pires soube sempre interrogar os sentidos que observam o quotidiano e que se transcendem a uma significação que o riso sanciona com ironia e ternura.
Com O Hóspede de Job, Cardoso Pires declarava que se alguma semelhança directa se lhes reconhecer às personagens da história com a experiência real, isso deve-se à contingência de todo o acto do Homem, que é a de criar ou destruir, utilizando para isso o barro quotidiano de que ele próprio vai sendo moldado.
Com O Delfim, em 1968 - década e ano de desafios, transformações e repressões que fustigavam a sociedade portuguesa, que teimosamente pretendia conservar-se à margem da história, silenciando e silenciando-se -, Cardoso Pires oferece ao leitor um eco de vozes que se cruzam e contaminam sem resistência e com sedução. E o mundo que o romance configura, nebuloso e estagnado, é corroído na sua pequenez abstrusa por certezas inabaláveis pela pluralidade dos pontos de vista.
Com a Balada da Praia dos Cães, Cardoso Pires textualiza, com serenidade, o discurso da paixão que se institui entre o furor político, as atrocidades da PIDE e a embriaguez da investigação.
O passado é restituído e o presente é julgado implicitamente. São livros e livros, páginas e páginas onde o homem e escritor se confundem na escrita sóbria, transparente e por vezes de gume cortante, de uma terra/país cujo sentido Cardoso Pires procura entre a marca que a História lhe imprimiu e o projecto humano que a transforma. Cardoso Pires interroga-se e, interrogando-se, interpela-nos: «E agora, José, a festa acabou! Mas você não morre, você marcha, José!».

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Augusto Boucinha.

O Sr. Augusto Boucinha (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O CDS-PP não pode deixar de se associar a este voto de pesar a José Cardoso Pires. Um grande escritor desapareceu, mas deixou-nos um enorme espólio de ideias, de talento, de alta qualidade intelectual. Não podemos deixar de o apontar como referência no vasto meio literário português e, porque não, mundial. Portugal ficou mais pobre.
Aqui fica a nossa homenagem, mas penso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que a melhor homenagem que lhe podemos fazer é lê-lo, porque assim ainda maior saudade teremos.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Há uns dias, o nome de Cardoso Pires foi referido, neste Parlamento, a propósito de um outro grande escritor que, finalmente, foi reconhecido pela sua obra.
Julgo que, na sua singularidade, Cardoso Pires era alguém que nos era extremamente querido. Era-nos querido pela sua maneira de ser e pela sua simplicidade. Era alguém que brincou a sério com a vida e foi capaz até de brincar a sério com a morte e transmitir a surpreendente aventura do que foi a sua ida e o seu regresso nessa espantosa experiência.
Cardoso Pires deixa uma obra extraordinária cujo prazer todos podemos partilhar. É alguém particularmente querido para quem nasceu em Lisboa, pois escreveu sobre a sociedade portuguesa e, de uma forma muito bela, sobre esta cidade, os seus recantos e o prazer da descoberta.
Penso que falar de Cardoso Pires é falar de alguém que fica na nossa memória, que nos fez partilhar muito prazer e que os nossos filhos e os nossos netos terão muito gosto em ler durante muitas gerações.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, perdemos um grande escritor, um grande concidadão e um maravilhoso ser humano.
Vamos passar à votação do voto n.º 137/VII - De pesar pelo falecimento do escritor José Cardoso Pires.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

Srs. Deputados, vamos guardar um minuto de silêncio.

A Câmara guardou, de pé, um minuto de silêncio.

Srs. Deputados, o voto será transmitido à família enlutada e à Associação Portuguesa de Escritores.
Srs. Deputados, temos ainda o voto n.º 136/VII - De pesar pelo falecimento do Conselheiro José Manuel Ribeiro Ferreira, do Conselho das Comunidades Portuguesas (PS, PSD, CDS-PP).
O Sr. Secretário vai proceder à leitura deste voto de pesar.

O Sr. Secretário (Artur Penedos): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O voto é do seguinte teor: «José Manuel Ribeiro Ferreira foi um marco da presença portuguesa na Venezuela pela força do seu patriotismo demonstrado durante todas as horas, pela permanente solidariedade com a comunidade e as suas instituições, a defesa dos interesses nacionais, a afirmação e a expansão da nossa cultura.
O falecimento do Conselheiro José Manuel Ribeiro Ferreira une no mesmo sentimento de perda e de saudade os seus compatriotas, em especial todos os conselheiros do Conselho Permanente do CCP e Deputados que com ele trabalharam mais de perto.
José Manuel Ribeiro Ferreira deixa certamente uma lacuna difícil de preencher no mundo da comunicação social luso-venezuelana, como locutor/apresentador de diversos programas de rádio e televisão, correspondente da Agência Lusa e colaborador da RDP Internacional e, mais recentemente, como membro do Conselho Consultivo da RTPI, eleito para o efeito pelo Conselho das Comunidades Portuguesas.
A Assembleia da República partilha do pesar da sua família e da comunidade luso-venezuelana e guarda respeitosamente a memória deste homem justo, afável e dinâmico».

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS-PP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quando, há pouco tempo, votámos a lei que

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