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22 DE JANEIRO DE 1999 1423

não se passou fora dos serviços públicos. É por isso que é um caso interessante que, inclusivamente, tranquilizaria o Partido Comunista Português, que está sempre a pensar que nós queremos fazer a recuperação das listas de espera através do sector privado. Como vêem, não é necessariamente assim.
Só que fazer a recuperação das listas de espera através do sector público requer o tal Sr. Nudez. Sabe porquê? Porque eles introduziram uma coisa óbvia que são técnicas cirúrgicas que não requerem tantos dias de hospitalização nem tanta ocupação de blocos. É uma coisa perfeitamente normal, mas a Sr.ª Ministra não tem isso nos seus hospitais e não o consegue ter por razões várias. Eles fizeram outra coisa que foi pôr os blocos a funcionar de manhã e de tarde. Quantos blocos tem a Sr.ª Ministra a funcionar nos seus hospitais de manhã e de tarde? Quantos?
Portanto, aquilo que o Sr. Nudez fez é aquilo que a Sr.ª Ministra sabe perfeitamente que tem de se fazer, aquilo que o Sr. Secretário de Estado sabe que tem de se fazer e aquilo que 90% dos directores hospitalares e directores clínicos também sabem, mas não fazem. Era isto que queria aqui acentuar: não fazem!
Diria ainda que o meu nacionalismo não me impede de querer trazer aqui - até pago, para não ficarmos enfeudados o Sr. Nuñez. Vou dizer-lhe porquê, Sr.ª Ministra. Porque eu gasto o meu nacionalismo numa grande pena quando vejo o nosso subdesenvolvimento em áreas críticas. Aí é que eu me sinto uma portuguesa ferida, Sr.ª Ministra, é quando eu comparo a situação de Portugal e de Espanha, conhecendo eu como conheci Espanha há tantos anos, e vejo o salto que eles deram e que nós não fomos capazes de dar. Eu sou mais portuguesa quando tenho pena, não de não ser espanhola, porque não o quero ser, mas de não ter cá o Sr. Nuñez. Sou mais portuguesa do que a Sr." Ministra, quando fecha os olhos a essa realidade, porque é muito cómodo dizermos que este problema não tem solução, escamoteando os exemplos muito próximos e evidentes de que ele tem solução. Contudo, não me quero consolar assim, não quero "meter a cabeça na areia". Sou mais portuguesa, mas sou uma portuguesa mais triste quando faço esta comparação, que me estimula, não me desanima.

O Sr. Moura e Silva (CDS-PP): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Saúde.

A Sr.ª Ministra da Saúde: - Sr. Presidente, estranho que a Sr.ª Deputada refira como dados credíveis o que vem num artigo,...

A Sr.ª Maria José Nogueira Pinto (CDS-PP): - Numa apresentação oficial do estado da Nação!

A Oradora: - ... porque das conversas e dos contactos de trabalho que tenho com o Ministro da Saúde de Espanha, que, aliás, é um Ministro da Saúde permanentemente disponível para colaborar connosco em determinados projectos inovadores que os espanhóis também têm, devo dizer que as preocupações dos espanhóis não diferem muito das nossas, porque os problemas da saúde são hoje, cada vez mais, problemas internacionalizados.

A Sr.ª Maria José Nogueira Pinto (CDS-PP): - São, mas têm soluções!

A Oradora: - Devo dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que continua a deturpar o conteúdo e o contexto das minhas afirmações. Considero que é mentir aos portugueses dizer que o problema das listas de espera, tal como eles o entendem, se resolve afectando 12 milhões de contos em cada um de dois anos.
Não é verdade que em Portugal não se tenha enveredado pelo caminho de desenvolver esses serviços de curto internamento e de adequada intervenção. Contudo, Sr.ª Deputada, nós temos, em Portugal, um problema completamente diferente daquele que têm os espanhóis. É que os espanhóis têm muitos recursos humanos médicos e nós não temos.

O Sr. Nuno Correia da Silva (CDS-PP): - Porquê, Sr.ª Ministra?!

A Oradora: - Nós vivemos em mingua de recursos médicos e, não existindo recursos médicos, que demoram anos e anos a formar, sobretudo nessas áreas de alta diferenciação, é impossível ir buscar recursos onde eles não existem e, por isto...

A Sr.ª Maria José Nogueira Pinto (CDS-PP): - Essa é outra questão!

A Oradora: - Sr.ª Deputada, é a questão principal. Não se fazem intervenções cirúrgicas sem profissionais de saúde, sem recursos humanos e sem gente e, portanto, não podemos comparar a possibilidade que os espanhóis têm de preencher todas as suas necessidades, já que até têm desemprego médico, com a carência enorme de recursos médicos que nós temos, sobretudo em determinadas áreas de especialidade, e que, por isso, condiciona a expansão aos recursos humanos existentes.

O Sr. Moura e Silva (CDS-PP): - A culpa é dos médicos!...

A Oradora: - Cada um tem os seus problemas e, porque temos de aumentar os recursos humanos na saúde, já foram tomadas medidas que são importantes, alterando-se o numerus clausus, tomando-se a decisão de criar duas novas faculdades de Medicina, aumentando-se a capacidade formativa das escolas de enfermagem, já que, de acordo com os relatórios oficiais do Ministério, não havia falta de enfermeiros em Portugal. Aumentou-se, no entanto, em 40% a capacidade formativa...

O Sr. Jorge Roque Cunha (PSD): - Continua a haver um só turno, Sr.ª Ministra!

A Oradora: - Sr. Deputado, se não tiver corpo docente e não o tiver com as creditações exigidas nos termos da Europa comunitária, não pode alargar a capacidade formativa. Tem de a alargar em função dos recursos disponíveis, para que as pessoas sejam bem formadas e os portugueses que-

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