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22 DE JANEIRO DE 1999 1425

O Orador: - Por isso é que também não admira que a Sr.ª Ministra seja a marca típica deste Governo. Daí o Primeiro-Ministro tratar de a colocar já em "lista de espera" para um hipotético futuro governo, que esperamos que não aconteça! Sabe porquê, Sr.ª Ministra? Porque, de facto, a imagem de marca deste Governo é: falar, falar, falar e ser incapaz de apresentar obra, soluções e resultados.

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

Mas há também outra marca: é a de nunca ter culpa de nada, nunca assumir responsabilidades por coisa alguma! É outra marca deste Governo! Quanto ao Primeiro-Ministro, já sabemos que, em relação a qualquer problema difícil, ele nunca tem comentários a fazer; ou não aparece ou, então, nunca tem um comentário a fazer. V. Ex.ª é muito igual! Por isso, é compreensível que o Primeiro-Ministro já tenha feito essa promessa. É muito igual, porque essa é a imagem de marca.
Se a Sr.ª Ministra reparar, ao fim de três anos e meio, a senhora não assumiu, em matéria alguma, uma única responsabilidade. O caso mais sintomático foi a greve dos médicos, essa greve selvagem que eu daqui denunciei e que ninguém, da bancada do PS, teve a coragem de o fazer, nem sequer V. Ex ª.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Chegou-se ao ponto de o Presidente da República, e muito bem!, ter de fazer as vezes de Governo e pôr um ponto final naquilo que a senhora, o seu Ministério e o Governo não conseguiram.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Se reparar, houve já uma moção de censura a V. Ex.ª, aqui, no Parlamento, por parte da sua bancada, quando não a defendeu no dia 17 de Dezembro, quando eu, cara a cara, falei da incapacidade de V. Ex.ª. É que eu digo sempre, cara a cara, aquilo que penso. Seguiu-se depois o Presidente da República quando, ao ter de intervir, disse: isto já é demais. Falar, dialogar, charme, sorriso e simpatia é bonito, mas não chega! Sr.ª Ministra, isto foi a prova provada da incapacidade de V. Ex.ª!

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Só falta fazer-se de vitima!...

O Orador: - A Sr.ª Ministra falou, há pouco, nos profissionais de saúde. Mas nós dizemos que o que vale no sistema são os magníficos profissionais de saúde que temos. Ou seja, apesar da Ministra e apesar do caos do seu Ministério, em que verdadeiramente um director-geral minimamente competente faria sempre um pouco melhor, os profissionais de saúde são realmente aquilo que há de bom, de importante, de muito positivo a apresentar.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PS: - É demagogia!

O Orador: - Por último, a questão das listas de espera. Sr.ª Ministra, aparentemente, aos olhos das pessoas, a Sr.ª Ministra é uma pessoa com sensibilidade humana e social. Por isso é que esta questão das listas de espera não devia ser, como aconteceu num debate realizado aqui, no ano passado, e como está a acontecer agora - e é isso que choca -,uma questão de luta política. Por isso é que, nesta matéria, criticámos, mas apresentámos soluções. E, mais do que isso, a Sr.` Ministra disse-me a mim, numa reunião no Ministério, relativamente ao debate realizado no ano passado, que havia abertura para que este processo pudesse ser trabalhado e aprofundado.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Depois, "nada"!

O Orador: - Julgo saber que, há um tempo atrás, aquando de uma visita do líder do meu partido, também deu alguma abertura. Agora, a Sr.ª Ministra chega aqui com uma postura contrária. É isso que choca, Sr.ª Ministra.
De facto, a pergunta já foi feita a outro partido, mas eu coloco-a a si: quantos milhares mais de doentes em situação de lista de espera são precisos para que a Sr.ª Ministra acorde para o problema?!

Aplausos do PSD.

O Orador: - Será que 60 000 não chega? Será que 70 000 não chega? E 80 000 também não chega? Onde está a sensibilidade social da Sr." Ministra? Onde está a sua sensibilidade humana? Onde está a sua preocupação justamente por isso que são dramas pessoais?
Sr.ª Ministra, o que me choca em si, no seu Governo e no partido que a apoia, mas em si, de uma forma particular, é que aqueles que verdadeiramente padecem deste problema não são os que podem recorrer a uma clinica privada, em Portugal ou no estrangeiro, mas aqueles que não têm recursos, aqueles de mais baixos recursos. Ora, um governo que se preze, ainda por cima dito socialista, devia dar prioridade a essa situação, mas não dá.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - E com o arrastamento da situação, com o caos, pelo facto de este Ministério não ser gerido, com a incapacidade de decidir, é óbvio, Sr.ª Ministra, que não são aqueles que têm mais possibilidades que se queixam mas, antes, aqueles que têm menos recursos e que não têm capacidade reivindicativa para outros sectores, para outro tipo de manifestações, do seu ponto de vista.

Vozes do PS: - Isso é demagogia!

O Orador: - O que choca, Sr.ª Ministra - e com isto concluo -, é que, ao fim de mais três anos e meio de mandato, quase na parte final da Legislatura, com todas as condições do mundo, a área da saúde seja um caos em todos os sectores, desde a área financeira às urgências dos hospitais e, de uma forma particular, às listas de espera, onde bastava um

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