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2258 I SÉRIE-NÚMERO 61

ter. É certo que já ninguém acredita, mas continua ainda a prometer, a falar dos milhões, dos recordes e dos planos.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Mas agora, já não é tempo, de acenar com as centenas de milhões que se vão investir, com os milhares de quilómetros do amanhã. É que agora já estamos em tempo de balanço, já não estamos em tempo de promessas. Agora, chegou a altura de mostrar o que fizeram. Mostrem onde está! Só isso: mostrem simplesmente onde está! Onde está a via do Infante, onde está a auto-estrada do Algarve, onde está a CRIL, onde está a auto-estrada de Viana, onde está a auto-estrada da Covilhã, onde está o IP3 do Porto, onde está a ligação de Fafe a Chaves, onde está o IC23, onde está a nova rede viária de Trás-os-Montes. Afinal, onde está tudo o que nos prometeram?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Além do mais, este Governo foi, ainda por cima, mal agradecido.
As festas que fizeram foi com as obras que herdaram do governo anterior ao mesmo tempo que criticavam a «política do betão». Foi, aliás, uma herança apreciável que deu para quase quatro anos de inaugurações, e ainda falta o comboio na Ponte 25 de Abril.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Quanto a esta, lembro, outra vez, que o Sr. Primeiro-Ministro afirmou que finalmente aí estava uma obra concebida, projectada e construída por este Governo. Vergonhosa e rotunda falsidade, como todo o País sabe. No entanto, essa falsidade não chegou para esconder o estranho facto que é ter a obra feita, entregue de bandeja, mas ainda não ter os comboios para nela circularem.
Esta situação inacreditável é, aliás, a oposta ao que se passa na remodelação da linha ferroviária do norte. O Governo atrasou tanto esta obra que já nem se sabe quando estará pronta. O atraso é seguramente superior a cinco anos. Aí sucede o contrário do que sucede com o comboio na ponte: enquanto que na ponte há linha mas não há comboios, na linha do- norte há os comboios, mas falta a linha.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Em 9 de Fevereiro de 1996, o Sr. Primeiro-Ministro declarou que: «nos últimos anos fizeram--se em Portugal muitas estradas, mas esqueceram-se os caminhos-de-ferro».
Eram então dois os problemas: por um lado, o governo anterior tinha feito estradas a mais - resolveu bem o Sr. Primeiro-Ministro este grave problema: passou rapidamente a fazer a menos...; o outro era a falta de ferrovia, por isso declarou a nova prioridade aos caminhos-de-ferro.
Se passou a ser esta prioridade, tratou-se, na verdade, de uma estranha prioridade que se traduziu por, durante quatro anos, não se ter lançado nem mais um metro de linha férrea, por não se ter electrificado nem mais um centímetro de via, por não se ter estendido um palmo mais de telecomunicações na rede.
Sublinho, contudo, uma excepção: realizou-se um investimento ferroviário de monta que foi o da remodelação do novo edifício para instalar a Administração da REFER - que é mais um? empresa pública criada por este Governo -, essa remodelação tem o custo estimado de 600 mil contos.
É certo que não temos comboio para ir do Porto a Lisboa em duas horas; que não iremos em cinco horas de Braga ao Algarve; que não temos comboio para a Covilhã; que não temos a linha de Loures; que temos a mais baixa taxa de electrificação de rede da Europa; que não temos a linha do Algarve remodelada, mas, em compensação, temos administradores de empresas públicas bem instalados...!

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: A história das obras públicas dos últimos três anos e meio é uma longa história de incapacidade, de incompetência e, pior que tudo, de mistificação. A verdade é que a Junta Autónoma de Estradas lançou, durante 1998, menos de um quarto de obras que lançou em 1995.
Mas, tal como o azeite, a verdade vem, afinal, sempre à tona. No fim da Legislatura, depois de anos de repetidas e crescentes falsas promessas, chegamos agora à colheita desoladora daquilo que este Governo não semeou: depois de quatro anos de palavras, o que o Governo apresenta, de realização concreta, aos portugueses é «uma mão vazia e uma outra cheia de nada».
Nas obras públicas, Srs. Deputados, para nada serve o que se diz, só serve o que se faz. Ninguém consegue circular em auto-estradas que se vão construir - só se circula nas que já se construíram.

Aplausos do PSD.

Em três anos e meio, para mal de todos, voltámos ao tempo dos milhares de quilómetros de estradas de papel. Srs. Deputados, vai dar muito trabalho ter, agora, de faze-las;

Aplausos do PSD..

O Sr. Presidente: - Não havendo pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado José Junqueira.

O Sr. José Junqueiro (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, Srs. Membros do Governo: acabámos de ouvir um orador - convencido de si próprio - que se esqueceu de falar em duas ou três coisas essenciais, das quais rapidamente tomei algumas notas, nomeadamente em relação à linha do norte, cuja conclusão sabe que será rápida e célere, mas que, pelos seus planos, só estaria concluída no ano 2014.

Protestos do PSD.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, peço desculpa, mas o Sr. Deputado Ferreira do Amaral foi ouvido em rigoroso silêncio. Exijo o mesmo silêncio para o orador, se fazem favor.

Aplausos do PS.

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