O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

0357 | I Série - Número 10 | 13 De Outubro De 2000

saudar, por seu intermédio, não só a Mesa como também todas as Sr.as Deputadas e todos os Srs. Deputados.
O Bloco de Esquerda associa-se ao voto de alguns Deputados sobre a situação no Médio Oriente, porque condenamos veementemente a política de ocupação e de agressão do Estado de Israel que atinge todo um povo, em especial as mulheres feridas, quer no corpo da sua terra sempre negada, quer no seu próprio corpo, tantas vezes violado. Condenamos veementemente a recusa sistemática do Estado de Israel em reconhecer o Estado Palestiniano, violando assim as recomendações da ONU, o direito do povo palestiniano à independência e ferindo gravemente a causa da paz no Médio Oriente e, portanto, a causa da paz em todo o mundo, que é a nossa causa.

O Sr. Luís Fazenda (BE): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Grupo Parlamentar de Os Verdes subscreve o voto agora em apreciação e manifesta o seu mais veemente repúdio pelo uso da violência do exército israelita sobre o povo palestiniano. É preciso que toda a opinião pública se indigne, é preciso levar a efeito todos os esforços e garantir o envolvimento do Estado português e da acção diplomática no sentido de pressionar a comunidade internacional para pôr termo a este horror, em nome dos mais elementares direitos humanos.
Os Verdes reafirmam que uma paz justa e duradoura para o Médio Oriente pressupõe a retirada de Israel de todos os territórios árabes ocupados, a existência do Estado Palestiniano independente e o regresso dos refugiados palestinianos em segurança.
Fica, pois, hoje e aqui, expresso o nosso repúdio pela repressão do exército israelita e a nossa solidariedade para com o povo palestiniano.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos, então, proceder à votação do voto n.º 95/VIII - Sobre a situação que se vive no Médio Oriente, apresentado pelo PS, PSD, PCP, Os Verdes e BE.

Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PS, do PSD, do PCP, de Os Verdes e do BE e a abstenção do CDS-PP.

Srs. Deputados, o voto que acabámos de aprovar será enviado ao Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, com destino ao Secretário-Geral da ONU, ao Embaixador de Israel em Portugal e ao representante do povo palestiniano em Portugal.
Srs. Deputados, terminámos o período de antes da ordem do dia.

Eram 17 horas e 20 minutos.

ORDEM DO DIA

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos iniciar o período da ordem do dia, cujo primeiro ponto é a celebração do primeiro aniversário do falecimento de Amália Rodrigues. Assim sendo, procederemos à apreciação conjunta do projecto de lei n.º 307/VIII - Define e regula as honras do Panteão Nacional (PS, PSD, PCP, CDS-PP, Os Verdes e BE) e do projecto de resolução n.º 79/VIII - Concessão de honras do Panteão a Amália da Piedade Rodrigues (PS, PSD, PCP, CDS-PP, Os Verdes e BE).
Antes de dar a palavra aos Srs. Deputados que já se inscreveram, começo por saudar a família de Amália Rodrigues, que se encontra na Galeria dos Diplomatas. Para eles, peço também a vossa saudação.

Aplausos gerais, de pé.

Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre, que dispõe de 5 minutos.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, Excelentíssima Família de Amália Rodrigues, Srs. Deputados: Tanto quanto a conheci, creio que Amália preferia ficar onde está, perto do povo que vai levar-lhe flores, rezar por ela e cantar os seus fados. Talvez não desgostasse que a trasladassem para a capelinha da Senhora da Saúde do Fado da Mouraria. Mas Amália já faz parte da nossa mitologia. Parafraseando um dito de Sophia de Mello Breyner sobre a poesia, Amália não se explica, Amália implica. Entrou na história, na lenda, no imaginário e no coração dos portugueses. E por isso a sua morada vai ser no Panteão Nacional, ao lado, entre outros, de Almeida Garrett, João de Deus, Guerra Junqueiro e dos cenotáfios de Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e Afonso de Albuquerque. Falou-se dos Jerónimos e de um mausoléu. Eu acho que podia ser até uma simples campa rasa. O que importa, mais do que o sítio, é o significado histórico de uma decisão que coloca Amália entre os símbolos nacionais. Ela, que era tímida, se por acaso nos está a ouvir, deve estar muito aflita.
Amália não se sentia à vontade com cerimónias, solenidades e discursos. Preferia o fado e a poesia. É por isso que vou fugir à regra. Peço desculpa à prosa e vou fazer o que por certo ela gostaria que neste momento eu fizesse: vou ler o poema que um dia lhe ofereci e agora é cantado por João Braga.
Na tua voz há tudo o que não há/há tudo o que se diz e não se diz/há os sítios da saudade em tua voz/o passado o futuro o nunca o já/as sílabas da alma e um país/porque tu mais que tu és todos nós.
Na tua voz embarca-se e não mais/não mais senão o mar e a despedida./Há um rastro de naufrágio em tua voz/onde há navios a sair do cais/nessa voz por mil vozes repartida/porque tu mais que tu és todos nós.
Há mar e mágoa e a sombra de uma nau/a gaivota de O'Neill e o rio Tejo/saudade de saudade em tua voz/um eco de Camões e o escravo Jau/amor ciúme cinza e vão desejo/porque tu mais que tu és todos nós.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Manuel Alegre, agradeço-lhe, sobretudo, a originalidade tão simpática de, em parte da sua intervenção, ter trocado a prosa pela poesia, apesar de ambas serem notáveis.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Ferreira do Amaral.

Páginas Relacionadas
Página 0360:
0360 | I Série - Número 10 | 13 De Outubro De 2000 O Sr. Presidente: - Tem a palavra
Pág.Página 360