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3050 | I Série - Número 78 | 04 de Maio de 2001

 

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para tratamento de assunto de interesse político relevante, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Tinoco de Faria.

A Sr.ª Isabel Tinoco de Faria (PS): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: «Lá vem a Maria da Fonte/ Com as Pistolas na mão/ Para matar os Cabrais/ Que são falsos à Nação (…)».
Quase sem querer, quando se entra nas Terras de Lanhoso, de imediato, somos transportados ao ano de 1846 e à Revolução da Maria da Fonte.
Para nós, povoenses, a Maria da Fonte, concorde-se ou não com as razões da sua luta, representa o vigor, o empenho e a coragem das mulheres do Minho contra a ditadura dos Cabrais. Representa o direito de resistir do povo mais humilde e anónimo à prepotência de um poder arbitrário.
Sr. Presidente, Sr.as Srs. Deputados: Mas esta pequena homenagem à heroína de Lanhoso apenas visa servir de introdução à apresentação do concelho da Póvoa de Lanhoso, das suas gentes e das suas potencialidades.
O concelho da Póvoa de Lanhoso, situado no coração do Minho, é abraçado pelos rios Ave e Cávado, que definem as suas fronteiras geográficas em relação aos concelhos vizinhos. É composto por 29 freguesias, com cerca de 25 000 habitantes, em claro e inequívoco aumento populacional, com uma acentuada dinâmica nas mais diversas vertentes, da industrial à comercial, passando pela cultural e turística.
O concelho tem vindo a sofrer um desenvolvimento crescente, mas harmonioso, resultante da boa cooperação entre a autarquia e o Governo, visando dar satisfação às necessidades das populações. Os jovens até aos 25 anos representam cerca de 40,6% da população, o que se traduz na mais alta percentagem do distrito de Braga, reconhecidamente o mais jovem do País e da Comunidade Europeia. A taxa de desemprego ronda os 3% e possui mais de 50 colectividades a desenvolver actividades múltiplas nos mais variados sectores, nomeadamente na música, teatro, desporto e solidariedade.
É um concelho de grande beleza natural, intensamente verde e salpicado por grandes massas de granito (lajes) que estarão na origem da designação daquelas terras, terras de Lanhoso (ou lajeoso), e entrosada de pequenos montes e vales.
A população, diga-se, ainda mantém o mesmo espírito irreverente e crítico da nossa heroína, não se acomodando, discordando e criticando.
Mas, Sr. Presidente, Sr.as Srs. Deputados, é também das mãos e do saber destas gentes que saem ainda hoje autênticas preciosidades artesanais que continuam a subsistir por quase todo o Minho, designadamente o linho e a cestaria, e na Póvoa de Lanhoso, em particular, o trabalho do ouro, ou filigrana.
Há séculos que se trabalha o ouro no concelho, conforme o demonstram os achados arqueológicos existentes, sobretudo nas freguesias de Travassos e Sobradelo da Goma.
A arte da filigrana, que consiste em trabalhar minuciosa e pacientemente o ouro até que os fios atinjam a espessura de cabelos que depois se vão torcendo e entrelaçando, encontra-se difundida por mais de 60 oficinas de carácter familiar. E se nos nossos dias também no concelho de Gondomar existe um forte núcleo desta arte, dizem os naturais de Travassos, na história que passa de boca em boca, que tal se deveu ao casamento, em tempos, de um ourives com uma mulher daquele concelho, que levou consigo a arte de trabalhar o ouro e a difundiu.
Das peças características destacamos as contas de «olho de perdiz», a filigrana de «olhete», cruzes e relicários, trancelins e argolas, borboletas e laços.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Antigamente não havia segurança social nem assistência médica e muito menos seguradoras. As peças de ouro das famílias do Minho serviam para acudir a uma desgraça, a uma aflição, já que a venda de uma leira era sempre de evitar, pois constituía a base do sustento da família. Quando a aflição apertava, vendiam o seu «ourinho» ao ourives da terra, que pagava apenas o seu peso, ignorando o trabalho incorporado e as pedras que adornavam as peças. Por esta razão, tais peças eram maciças, de formas amuléticas ou religiosas, sem grande preocupação de incorporação de mão-de-obra, com pedras pequenas e sem valor, e até um pouco toscas.
A arte de trabalhar o ouro, porém, mesmo a filigrana, tem vindo a evoluir. Procurou novas influências e combinou a arte tradicional com novos conceitos de design, por forma a agradar ao público que já não procura no ouro a sua segurança mas antes a beleza de um objecto.
A arte da filigrana está viva. As jovens e os jovens filigraneiros irão continuar a tradição secular de trabalhar o ouro com os seus pais, tal como estes antes o haviam feito com os seus, transmitindo de geração em geração este património cultural tão querido do concelho das terras de Lanhoso.
Permiti que termine com um repto extraído do livro de Priscila Cardoso sobre a Filigrana Portuguesa. Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Nas vossas ofertas porque não escolheis um bela peça de filigrana?

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Também para tratamento de assunto de interesse político relevante, tem a palavra o Sr. Deputado Álvaro Amaro.

O Sr. Álvaro Amaro (PSD): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: No passado sábado, o Governo foi à cidade da Guarda assinar o contrato de concessão SCUT das Beiras Litoral e Alta.
Em termos mais simples, e como se lê no documento então distribuído, o contrato de concessão da concepção, construção ou duplicação, financiamento, conservação e exploração em regime de portagem sem cobrança aos utilizadores dos lanços de auto-estrada e conjuntos viários associados, nas Beiras Litoral e Alta, numa extensão de cerca de 170 km.

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